Criança

Como preparar seu filho para a chegada do irmão e adaptação da rotina

Promovido à irmão mais velho: como preparar seu filho - (Foto: Getty Images)
(Foto: Getty Images)

Publicado em 29/05/2024, às 10h00 por Redação Pais&Filhos


"A família vai aumentar!”. Entre os muitos sentimentos que essa frase pode despertar, a notícia da chegada de um novo integrante vai trazer mudanças que vão mexer com todo mundo: pai, mãe, avós, e, principalmente, seu filho mais velho. Aquela criança que estava acostumada a desempenhar um papel único dentro da estrutura familiar terá que lidar com a novidade do dividir: dividir espaço, a atenção, as tarefas, os brinquedos, o tempo e o que mais for necessário.

Olhando assim, parece muita coisa até para nós, adultos. Afinal, lidar com o novo sempre exige um pouco mais da nossa compreensão e disposição. Por isso, é comum que a criança fique um pouco confusa no primeiro momento, e alguns sentimentos de desconforto apareçam. “Mamãe, deixa o Lucca pra lá”, foi o que a médica Thabata Geraldeli ouviu da filha de 2 anos e 10 meses, Antonella, que fazia birra e empurrava o bebê, agora com 5 meses, quando ele estava no colo da mãe.

Família na praia
O irmão mais velho vai sentir a chegada do mais novo: é importante uma conversa honesta - (Foto: Getty Images)

“Minha filha não entendia que tinha um bebê dentro da minha barriga e acredito que ela só foi entender isso quando nós chegamos com ele da maternidade”, conta. Esclarecer à Antonella que o tempo, atenção e necessidades teriam que ser divididos, mas que o amor e carinho seriam os mesmos de antes foi um trabalho bastante complexo para os pais, mesmo tentando introduzir alternativas para a criança lidar com a chegada do irmão mais novo desde o início da gravidez.

Quando soube que estava grávida de Lucca, Thabata escolheu Antonella para contar a novidade em primeira mão. “Eu falei: ‘Filha, aqui tem um irmãozinho, tem um neném dentro da barriga da mamãe’”. A notícia, segundo a mãe, foi bem recebida, e a criança foi quem contou ao pai que teria um irmão. “Ela teve uma reação muito carinhosa no começo e nesse primeiro momento foi tudo muito bom. Mas quando ela foi vendo que um recém-nascido demandava muito da minha atenção, o ciúme foi surgindo”.

Para a aeromoça Maria Vitoria Marinho Pessoa, a filha Catarina, de 3 anos, também só assimilou a chegada de Francisco, hoje com 2 meses, com o passar do tempo da gestação. “No começo eu contei para ela que tinha um bebê na minha barriga, mas ela não associou muito bem. Conforme a barriga foi crescendo, ela foi entendendo que tinha alguém lá dentro”, conta a mãe, que teve descolamento de placenta e precisou encarar um repouso intenso, o que refletiu nos cuidados com Catarina e contribuiu para que a filha entendesse que a rotina seria outra a partir daquele momento.

Na hora de contar que o primeiro filho foi promovido a irmão mais velho, o ideal é dizer a verdade, de forma sucinta, sempre respeitando a idade e a capacidade de compreensão da criança. Inventar histórias muito fantasiosas podem dificultar a compreensão e criar falsas expectativas.

A psicoterapeuta infantojuvenil e pesquisadora no Laboratório de Neurociência Cognitiva e Social da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Helen Mavichian, recomenda que a notícia seja dada depois do primeiro trimestre, para que haja a confirmação concreta daquela gestação e a criança não crie esperanças em vão. “Sempre tomando cuidado para não gerar expectativas em relação à reação do filho. Algumas crianças vão reagir de forma feliz e outras de maneira apática”.

Se acostumando ao novo

Passado o primeiro contato da criança com a informação de que terá um irmão ou irmã, é importante dar continuidaade às conversas com seu filho para que ele vá se acostumando com a ideia. Fazer com que esse assunto se torne rotineiro e natural e inseri-lo na preparação da chegada do bebê é fundamental para ele absorver a nova realidade e se sentir parte dela.

Irmãos
Incluir o filho mais velho nos preparativos para a chegada do irmão é uma dica interessante - (Foto: Getty Images)

“Levar nos exames de ultrassom, ajudar na escolha do nome, na decoração do quarto, das roupas... Tudo isso faz com que a criança se sinta parte da situação, além de criar um sentimento de importância, porque os pais estão pedindo a opinião dela para aquilo”, recomenda Helen.

momento, é comum que os pais comecem a contar as vantagens de se ter um irmão e o quanto será legal para o primeiro filho contar com um companheiro para a vida toda. No entanto, é preciso ter cuidado para que os adultos não criem expectativas de um “falso bebê”, ou seja, uma criança que será igual a ela, pronta para chegar, brincar e se divertir. É preciso ter em mente que um recém-nascido, na maioria das vezes, não vai ter “muita graça” para a criança mais velha.

Por isso, é importante especificar desde o início que ele não vai chegar correndo e brincando. “Construir esse entendimento mais perto da realidade é de extremo valor, pois idealizar essa situação, só fará com que a criança crie expectativas que não serão supridas. Depois, naturalmente, os pais podem reforçar a ideia de que eles podem ser muito amigos, mas não em um primeiro momento”, aponta Vanessa Abdo Benaderet, psicóloga e escritora do livro infantil Neneta.

Mas e o ciúme?

Mesmo com muita conversa, é possível que haja um estranhamento por parte da criança ao lidar com esse novo universo, onde ela não será mais filha única, e sentimentos de desconforto podem aparecer. Entre eles, o ciúme é um dos mais apontados pelos pais, mas Vanessa chama a atenção para um olhar menos tendencioso sobre o tema. Segundo ela, houve uma naturalização do ciúme entre os irmãos como sendo algo esperado. Mas apesar de poder acontecer, essa não é uma regra e não é benéfico que os pais partam do princípio de que sempre haverá esse sentimento.

A psicóloga explica que não é exatamente natural que o mais velho sinta ciúme, e que, se houver, pode ser uma consequência da falta de cuidado e estratégia dos adultos de não favorecerem esse vínculo entre os irmãos desde muito pequenos. “O excesso de atenção em cima do recém-nascido e a hipervigilância em cima do bebê, por exemplo, podem fazer com que a criança se sinta excluída. Então é preciso que desde o começo tenha o incentivo, a valorização, o estímulo do contato, de forma segura, é claro, mas que haja um divertimento envolvido”, afirma.

Para alguns pais, fazer essa divisão de atenção entre os filhos pode ser um desafio e tanto, ainda mais nos primeiros dias de vida do recém-nascido. Nesses casos, Vanessa indica o acionamento de uma rede de apoio. “Avós, tios, dindos, escola, pediatras, todo mundo pode compor essa rede de apoio, com sugestões, promoção de reflexões ou até mesmo a logística da casa”. Aprender a delegar tarefas e pedir ajuda deve ser colocado em prática: “Enquanto o bebê dorme, peça para que alguém fique de olho nele, para que você possa desenvolver uma atividade exclusivacom o mais velho”, sugere.

Fique atento aos sinais

Thabata conta que, para ela, o pior momento foi o primeiro mês de vida de Lucca, quando Antonella começou a fazer coisas que não costumava fazer antes. “Eu sentia que ela pensava que eu havia trocado um pelo o outro e foi por esse motivo que eu decidi fazer coisas apenas com ela, para que isso não passasse pela cabeça dela. Eu tentei ficar mais participativa”, relembra.

Os pais são responsáveis por estarem atentos aos sentimentos e ações que a criança pode manifestar durante o período de adaptação. “É uma função dos pais estabelecer relações com essa criança mais velha, dando mais atenção a ela. Isso faz parte da estratégia de tentar diminuir os fatores que afastariam essa criança, estabelecendo um contato mais próximo e mais gentil entre os irmãos”, explicou Vanessa.

Quebra-cabeça
Os pais precisam mostrar ao filho mais velho que a dinâmica mudou, mas o amor não (Foto: Shutterstock)

A mãe de Lucca e Antonella admite que teve dificuldade de dosar a dedicação entre os filhos, o que pode ter causado a reação da mais velha. “Eu achava muito difícil lidar com essas rotinas tão diferentes, com demandas opostas, mas depois de muita adaptação, conversas e apoio, tudo foi se ajustando. Hoje a relação deles é linda”, garante.

A chegada de um irmão é uma experiência desafiadora para toda a família, mas no caso da criança mais velha, a sensação de que está perdendo a atenção e o amor pode fazer ela querer chamar a atenção dos pais – e isso pode ser expressado de várias formas. Se algum desses comportamentos aparecerem, o importante é investir em diálogo, acolher os sentimentos do seu filho e reforçar as estratégias de integração com o bebê e os laços entre a criança mais velha e os pais. “Ter um espaço só com o irmão mais velho, falar para a criança segurar o bebê e dividir a atenção: enquanto a mãe amamenta, o pai pode brincar com o primeiro filho”, são alguns exemplos citados por Vanessa.

Conforme Helen explica, os pais têm o dever de inserir a criança na nova rotina familiar. Incentivar ela a interagir, como conversar, contar histórias e cantar é essencial para que ela não se sinta excluída do dia a dia. “Os pais, apesar de toda a loucura de um recém-nascido em casa, também devem separar um tempo de exclusividade com o filho mais velho para que ele não perceba tanta mudança”.

É importante mostrar para seu filho que o sentimento de amor e carinho não está mudando com a chegada do novo membro. “Crianças mais novas têm uma questão muito difícil em compartilhar, então é importante que elas entendam que tudo que vai ter para elas, agora também terá para o irmão”, complementa.

Nada de forçar a barra

Na ânsia de querer que os fi lhos se integrem, alguns pais podem forçar uma situação que precisa acontecer naturalmente. Helen defende que o que não pode faltar é sinceridade. “Os pais precisam ser honestos, falando para essa criança que a rotina que ela conhecia antes vai mudar, mas ao mesmo tempo mostrar os pontos positivos da situação, ou pontuar coisas bacanas que podem acontecer e, de jeito nenhum, ficar cobrando ela de um feedback do que está achando de ter um irmão”.

Vanessa complementa dizendo que é importante introduzir a criança na rotina, para que ela esteja integrada de forma orgânica e genuína, mas sem forçá-la a ter responsabilidades com o bebê, pois, caso isso ocorra, é possível que ela gere uma independência precoce. “Ela não tem o dever de cuidar de todas as necessidades dessa criança pequena. O que os pais devem fazer é incentivar o vínculo de maneira saudável e positiva sempre”.

Toque de mãos
Faça atividades exclusivas com seu filho mais velho (Foto: iStock)

Em alguns casos, quando mesmo com a ajuda dos pais a criança não conseguir organizar as emoções, é possível que a família procure ajuda terapêutica, todos juntos. Mas de modo geral o período de adaptação pode ser superado com diálogo, acolhimento e ajuda de todos os envolvidos. Afinal, irmãos são com quem compartilhamos um vínculo único e especial. Eles podem ser nossos melhores amigos, nossos confidentes e nossos parceiros na vida. Ter um irmão pode trazer desafios, mas também muitas alegrias, desde que os filhos sejam incentivados desde cedo a ter uma relação positiva e saudável.

Sinais de que o primeiro filho pode estar sofrendo com a chegada do irmão

  • Mudanças no comportamento: o primeiro filho pode começar a agir de maneira diferente, ficar mais agitado, irritado ou ansioso mais do que o normal;
  • Regressão: a criança pode começar a fazer coisas que já havia superado anteriormente, como chupar o dedo, molhar a cama ou pedir para ser alimentada como um bebê;
  • Exigir mais atenção: a criança pode ficar mais carente, pedindo mais atenção e carinho dos pais;
  • Hostilidade em relação ao irmão: a criança rejeitá-lo ou agir de forma agressiva;
  • Mudanças de humor: a criança pode passar por mudanças repentinas de humor, indo de alegre a triste ou irritada com facilidade;
  • Problemas de sono: a criança pode ter dificuldade para dormir, acordar durante a noite ou ter pesadelos;
  • Perda de apetite: a criança pode perder o apetite ou ter mudanças em seus hábitos alimentares.

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