
Para alguns pais, “competição” é quase um palavrão. Não só pressiona muito as crianças para serem as melhores, eles argumentam, mas também causa um estresse desnecessário, o que gera desapontamento se elas não vencem. Para blindar os filhos das decepções, muitos pais declaram todos vencedores ou evitam situações competitivas.
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Competir ou não competir, eis a questão
Mas uma prateleira cheia de troféus é a resposta? Não necessariamente. Especialistas em desenvolvimento infantil afirmam que uma competição saudável pode ser boa para as crianças. Além disso, prepara-as para as vitórias e derrotas na vida – afinal, eles nem sempre receberão aquela promoção no trabalho – atividades competitivas os ajudarão a desenvolver habilidades importantes que eles usarão quando adultos, como saber revezar, ter empatia e tenacidade.
“Competir ajuda crianças a aprenderem que nem sempre aqueles que são os melhores ou mais brilhantes são bem sucedidos, mas aqueles que trabalham e não desistem”, afirma Timothy Gunn, pediatra e neuropsicólogo, proprietário da Gunn Psychological Services, na Califórnia, EUA. Tem mais, crianças que se comprometem com competições “ganham habilidades sociais ao interagir com as outras crianças, enquanto também aprendem o valor do trabalho duro e desenvolvem autoestima”, afirma Timothy.
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Outra vantagem: é saudável que o seu filho aprenda a trabalhar em time. “Muitos jogos de cooperação ensinam as crianças a resolverem problemas em time, o que ajuda a desenvolver habilidades para trabalhar a favor do bem do grupo”, afirma Ronda Klosterman, professora de educação física na Califórnia, EUA.
A chave é assegurar que a atmosfera promova competição construtiva. Isso não é algo que o seu filho sempre conseguirá comunicar a você, então observe como ele se comporta em situações competitivas.
Se o seu filho está envolvido em competições saudáveis, ele irá:
– Perguntar como pode participar da atividade novamente
– Conseguir ganhar e perder graciosamente
– Aprender novas habilidades e querer melhorar
– Apreciar a melhora da autoestima
Se o seu filho está envolvido em competições não saudáveis, ele irá:
– Mostrar resistência à atividade
– Fingir uma doença para evitar a atividade
– Dizer claramente que não quer participar
– Mostrar sinais de depressão, ansiedade, dificuldade para dormir, perda de apetite. “A maioria das crianças competitivas demonstra ansiedade antes de um grande jogo (ou teste), mas eles não devem estar constantemente preocupados com isso a ponto de prejudicar outras áreas da vida dele”, alerta Gunn.

Como encorajar a competição saudável
Chegar em terceiro lugar em uma competição ou chegar em primeiro não é fácil para qualquer um, mas você tem o poder de ajudar seu filho a pensar positivo em relação a competição. Para iniciantes, ajuda se você definir sucesso não somente como vencer a atividade, mas colocar uma meta para que ele atinja e se sinta bem. Tente estar lá para dar suporte ao seu filho através dos desafios e regularmente reforçar a mensagem de que está tudo bem perder desde que ele se empenhe e aprenda algo com a experiência, afirma Gunn.
Nunca subestime uma mudança de perspectiva. “Eu acredito que parte do desenvolvimento da boa competição é que as crianças aprendem que o maior adversário delas são elas mesmas”, diz Gunn. Por exemplo, se o seu filho perder uma competição de corrida, não dê ênfase na perda, mas no fato que ele correu mais rápido que o seu último tempo no treino. Essa técnica faz com que a crianças não se sinta frustrada em relação aos outros, mas que se esforce para melhorar seu próprio tempo.