Uma criança de 8 anos usou uma prova escolar para pedir ajuda à mãe que sofre de violência doméstica. Ele afirmou que o pai agride a mãe em casa e que precisava acionar a polícia. O caso aconteceu no Vale do Anari, interior de Rondônia.
“Por favor me ajuda. Meu pai bate na minha mãe. Chama pra mim a polícia”, escreveu ele no fim da folha, seguido do endereço em que a família mora.
A polícia foi até o local e descobriu que o pai também batia na criança e os outros três filhos de 13, 14 e 16 anos. Além da agressão física, também havia a pressão psicológica colocada em toda a família, e por esse motivo, nunca haviam feito a denúncia.
O governo do estado resgatou a família, encaminhando os filhos para um abrigo e deixando a mãe também sob proteção, enquanto aguardam o julgamento da justiça em relação ao agressor.
Sinal vermelho
Você já ouviu falar da campanha ‘Sinal Vermelho’? Criada pelo Conselho Nacional (CNJ) em conjunto com Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), a campanha pretende ajudar mulheres que sofrem de violência doméstica a denunciar o agressor. Para fazer isso, os órgãos criaram uma forma simples e rápida para essas denúncias: um símbolo na palma da mão.
É isso mesmo! Para encorajar essas mulheres, a campanha desenvolveu uma forma quase imperceptível de realizar a denúncia. As vítimas não precisarão ligar, usar a internet ou fazer qualquer outra coisa que possa alarmar o agressor, mas sim, apenas ir à farmácia, desenhar um “X” na mão e mostrar ao farmacêutico ou ao atendente da farmácia. Após a denúncia, os profissionais das farmácias seguem um protocolo para comunicar a polícia e ao acolhimento à vítima. Balconistas e farmacêuticos não serão conduzidos à delegacia e nem chamados para testemunhar.
A ação, que foi lançada no dia 10 de julho deste ano, já conta com a participação de mais de 10 mil farmácias em todo o país, e é uma resposta conjunta de membros do Judiciário ao recente aumento nos registros de violência em meio à pandemia. Como as pessoas estão passando mais tempo em casa, registros apontam que uma das consequências da quarentena é a exposição de mulheres e crianças a uma maior vulnerabilidade dentro do próprio lar. “A vítima, muitas vezes, não consegue denunciar as agressões, porque está sob constante vigilância. Por isso, é preciso agir com urgência”, explicou a presidente da AMB, Renata Gil, que é juíza criminal no Rio de Janeiro há 22 anos, em uma nota divulgada à imprensa.
Ainda de acordo com ela, campanhas que facilitem esse tipo de denúncia podem auxiliar pessoas que sofrem. “Várias situações impedem a notificação da forma como ela deveria ocorrer, porque as vítimas normalmente têm vergonha, têm receio do seu agressor, e medo de morrer. Assim, a campanha é direcionada para todas as mulheres que possuem essa dificuldade de prestar queixa”, afirmou.