Publicado em 25/09/2020, às 14h29 por Helena Leite, filha de Luciana e Paulo
As crianças provavelmente serão as últimas a terem acesso à vacina contra a covid-19, quando esta estiver pronta. Isso acontecerá porque as crianças só entraram recentemente em boa parte dos testes clínicos para a vacina. Dos quatro testes autorizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), apenas um engloba pessoas a partir de 16 anos. Por isso, especialistas ouvidos pelo Estadão afirmam que poderá levar meses para que crianças e adolescentes sejam vacinados.
Como apontado pelo jornal IstoÉ, no Brasil, entre os testes clínicos autorizados, o que engloba participantes mais jovens é o produzido pela Pfizer com a BioNTech, que vai avaliar o produto em adolescentes a partir dos 16 anos e adultos. Já a vacina da Universidade de Oxford e da AstraZeneca incluiu idosos e crianças de 5 a 12 anos nos testes de fase 2 apenas no Reino Unido. Aqui, a farmacêutica informou que “a prioridade atual é reunir evidências sobre o potencial da vacina para proteger as populações mais vulneráveis a resultados graves”.
“A inscrição de crianças começará assim que dados suficientes forem reunidos em adultos, indicando que a AZD1222 tem potencial para ser segura e protetora em crianças”, disse a empresa. O Instituto Butantan, que está fazendo testes da vacina Chinesa, SinoVac, já falou que seguirá o mesmo caminho. O centro de pesquisa brasileiro vai aguardar os resultados de estudos clínicos em 552 voluntários saudáveis com idade entre 3 e 17 anos na China, que devem começar este mês. Apenas depois desse resultado, os cientistas definirão se e como as crianças serão incluídas nos estudos brasileiros.
Já a vacina da Johnson&Johnson, que também está sendo testada no Brasil e entrou na 3° fase dos testes clínicos na última quarta-feira, 23 de setembro, irá aplicar a dose em cerca de 60 mil adultos com idades acima de 18 anos. A empresa ainda não falou nada sobre a aplicação dos testes em crianças.
“Em geral, essas fases de pesquisa focam nos grupos mais vulneráveis para determinada doença, mas, para chegar ao grupo, a pesquisa precisa de dados epidemiológicos que vão guiar para faixas etárias. Para covid, epidemiologicamente, são os idosos e profissionais da saúde, mas, na primeira fase, que tem abordagem inicial para avaliar a segurança e eficácia, os voluntários são adultos, jovens e saudáveis”, explicou Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), em entrevista ao Estadão.
Os estudos, no entanto, serão feito futuramente nas crianças. “É importante ter braços de pesquisa que apliquem nas crianças. Esta é uma doença nova. Com o retorno às aulas e a mobilidade, podemos ver o que não vimos com as crianças fora da escola”, afirma o pesquisador.
Ainda segundo o que foi apresentado pelo Estado de S. Paulo, o Ministério da Saúde afirmou, em nota, que os grupos prioritários para vacinação contra a covid-19 estão sendo estudados pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). A Anvisa informou que ainda não recebeu pedido de autorização para estudos clínicos em crianças.
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