Em um pouco mais de um ano de pandemia, a saúde mental é um tema que precisa continuar sendo acompanhado de perto (e com muito carinho!). Com a sensação frequente de medo e insegurança, causados por um período tão delicado, é necessário redobrar a atenção quanto às crises de pânico.
Apesar de ser mais frequente nos adultos, as crianças também podem sofrer com as consequências ligadas aos sintomas da condição. Para tirar as principais dúvidas sobre o assunto, conversamos com a Dra. Ana Gabriela Andriani, psicóloga, mestre e doutora pela Unicamp, filha de Claudilene e Delfino. Saiba a importância do papel dos pais nesse processo e como você pode ajudar o seu filho.
Qual a diferença entre crise de pânico e síndrome do pânico?
De acordo com a especialista, a crise de pânico é caracterizada por uma sensação de angústia, ansiedade e medos intensos, mas que acontecem de forma breve e pontual, algumas vezes sem um motivo específico. “Essas sensações têm início súbito e são acompanhadas por sintomas físicos e/ou emocionais”, explica.

Quanto a síndrome do pânico, Ana Gabriela comenta que são crises mais recorrentes. “A frequência das crises pode deixar a pessoa que a vivencia muito insegura e desejosa de controlar os fatores que imagina serem os desencadeadores dela. É comum, a partir daí, ela torna-se reclusa por acreditar que as exposições a estímulos do ambiente podem ser gatilhos para o aparecimento dos sintomas”. Anualmente, a síndrome do pânico atinge cerca de 2% a 3% da população mundial. Segundo dados do MSD, mulheres possuem duas vezes mais chances de terem o diagnóstico do que os homens.
Sintomas de ataques de pânico
- Sensação de medo
- Falta de controle
- Medo da morte
- Taquicardia
- Sudorese
- Ânsia de vômito e vômitos
- Dores no peito
- Falta de ar
- Sensação de dormência no corpo
- Sensação de fraqueza
- Calor e suor frio
- Sensação de terror ou perigo eminente
- Boca seca
- Zumbido nos ouvidos
- Tontura
Geralmente, os sintomas atingem o seu nível mais alto em até dez minutos, podendo desaparecer logo em seguida. Por isso, é muito importante que, caso a criança esteja passando por um momento de crise, a família dedique apoio e procure ajuda de um profissional.
Como agir durante uma crise de pânico
- Lembre que o momento é passageiro e logo os sintomas físicos irão desaparecer
- Tente respirar lentamente e profundamente, controlando aos poucos o processo de respiração
- Permaneça no lugar até conseguir mais controle sobre a situação
- Se a crise de pânico estiver acontecendo com o seu filho, procure levá-lo a um lugar mais tranquilo e mantenha uma comunicação clara, calma e simples. Junto com ele, tente praticar alongamentos para relaxar e oferecer todo o suporte possível
Crise de pânico em crianças
Apesar de acontecer com menor frequência nas crianças, elas também podem passar pela situação. “A sintomatologia se apresenta de uma forma parecida com a do adulto, com o agravante de, muitas vezes, elas não saberem explicar exatamente o que estão sentindo”, comenta a psicóloga.

No geral, os primeiros sintomas podem aparecer a partir de crises de ansiedade generalizada e/ou separação (ir para a escola, ir viajar sem os pais ou ficar na casa de um amigo). Além disso, a criança pode se sentir receosa de continuar frequentando locais onde uma crise de pânico aconteceu.
Como ajudar seu filho a enfrentar uma crise de pânico
O primeiro passo é dar apoio e mostrar que a criança sempre pode confiar em você. “Os pais não devem tratar a situação como uma birra, culpar ou cobrar o filho. O que ajuda é ouvir a criança e dizer que entende como ela está se sentindo. Quanto mais segurança os pais transmitirem à criança, melhor”.
Em segundo lugar, e não menos importante, a família deve buscar pela ajuda de um psicólogo se as crises persistirem. “Quando tratada em uma psicoterapia, a síndrome de pânico tende a desaparecer, uma vez que poderão ser entendidos os fatores desencadeantes dela (modo como a criança está se sentindo na escola, nas relações familiares, se está insegura ou se sentindo ameaçada com algo, por exemplo) e os pais também poderão receber orientação para melhor entender e ajudar seu filho. Crises de pânico frequentes indicam que a criança está em sofrimento e que algo está se passando com ela. É justamente isso que precisa ser investigado e cuidado”, conclui Ana Gabriela Andriani.