Déficit de natureza: o que a falta de contato com o meio ambiente causa nas crianças

Em meio à expansão urbana e ao avanço tecnológico, crianças de grandes metrópoles encontram-se cada vez mais distantes do contato direto com o meio ambiente. Esse afastamento tem suscitado preocupações em profissionais da saúde e educação.

Em um caso relatado pela psicóloga Karina Rodrigues, ela falou sobre a necessidade de apresentar a um jovem de 11 anos animais no zoológico, incluindo uma cobra, com o qual ele jamais havia tido contato, demonstrando desconhecimento até mesmo sobre dimensões básicas da fauna.

A questão vai além de uma simples curiosidade infantil. Há evidências crescentes de que a falta de interação com o ambiente natural pode contribuir para o desenvolvimento de estresse e ansiedade em crianças. Estas, imersas em um mundo digital, acabam por perder não só a conexão com a natureza, mas também aspectos fundamentais da vida social e física.

Karina Rodrigues aponta que o ser humano é essencialmente social e que o contato com a natureza pode atuar como um elemento redutor dessa tensão psicológica. Além disso, esse convívio ensina respeito pelo mundo ao redor, desde o espaço dos animais até a conscientização ambiental.

Diante desse panorama, iniciativas educacionais, surgem como faróis de esperança. Por meio de atividades que integram as crianças ao meio ambiente — seja plantando hortaliças ou aprendendo sobre a importância de não desperdiçar recursos naturais como a água —, estabelecimentos de ensino estão buscando reverter esse quadro de alienação ambiental.

Com uma experiência de 23 anos à frente da escola, Monica Radspieler testemunha os benefícios dessa aproximação entre criança e natureza. Segundo ela, até mesmo eventos simples, como a visita de uma borboleta aos jardins da creche, transformam-se em momentos mágicos e educativos. O respeito e a admiração pela vida manifestam-se espontaneamente nessas ocasiões.

Além das atividades internas, passeios externos enriquecem ainda mais essa experiência, permitindo que os estudantes entrem em contato com uma variedade maior de plantas e animais. Tais experiências não somente enriquecem o aprendizado como também promovem um desenvolvimento saudável e equilibrado.