A desnutrição não é apenas a falta (subnutrição) ou o excesso (hipernutrição) de alimentos. Ela significa a falta de nutrientes, ou melhor, o desequilíbrio entre a ingestão e a capacidade do organismo de absorver corretamente os nutrientes essenciais, como vitaminas, minerais e proteínas.
Pesquisa divulgada pelo New England Journal Of Medicine alerta que o excesso de peso deve ser combatido desde os primeiros anos de vida. Os pesquisadores acompanharam o peso e a altura de mais de 7 mil crianças, dos 5 aos 14 anos, nos Estados Unidos, e descobriu que 12,4% das crianças no jardim de infância já eram consideradas obesas e 14,9% estavam acima do peso. E ainda que, aos 14 anos, mais de 20% eram obesas e 17% estavam acima do peso.
A falta de nutrientes pode levar a uma série de alterações no funcionamento do organismo da criança. Quanto mais grave o caso, maiores são as consequências. A nutricionista e doutora em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da USP, Silvia Regina Dias Medici Saldiva, mãe de Lucas e Leonardo, enumera alguns sintomas associados à desnutrição:
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Perda muscular e dos depósitos de gordura, provocando debilidade física;
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Emagrecimento ou obesidade;
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Desaceleração, interrupção ou até mesmo involução do crescimento;
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Alterações psíquicas e psicológicas, deixando a criança mais retraída, apática e triste;
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O cabelo perde a cor (fica mais claro) e a pele descasca e fica enrugada;
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Pode haver alterações sanguíneas, provocando doenças, como a anemia;
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A má formação também pode ser grave devido às alterações ósseas;
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Os estímulos nervosos ficam prejudicados e o número de neurônios diminuídos;
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Também pode ocasionar alterações nos demais órgãos e sistemas respiratório, imunológico, renal, cardíaco, hepático, intestinal etc.
Atenção preventiva
As crianças em fase de crescimento precisam de atenção redobrada na alimentação. A dieta deve ser rica em nutrientes, carboidratos, proteínas e minerais. Mas nem sempre a quantidade de nutrientes essenciais presentes nos alimentos é suficiente, então devemos prestar atenção em alguns hábitos básicos, como o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses, a ingestão de legumes e verduras preferencialmente crus, oferecer às crianças frutas, evitar refrigerantes, salgadinhos, bolachas recheadas e ter uma rotina alimentar estabelecida por horários.
Pensando nisso, a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (FMCSV), a partir de janeiro, apoia o projeto de Atenção Nutricional e Estímulo ao Desenvolvimento na Primeira Infância, criado pelo Ministério da Saúde, que tem o objetivo de construir um modelo de atenção integral à saúde da criança em situação de desnutrição.
O projeto faz parte do programa de Atenção Nutricional à Desnutrição Infantil (ANDI) e também será realizado no estado de São Paulo. Segundo a FMCSV, o prazo de execução previsto é de 15 meses, e a meta é articular ações conjuntas entre as áreas da saúde, educação e assistência social, com o objetivo de combater a desnutrição infantil e promover o desenvolvimento nos cinco primeiros anos de vida.
Consultoria: Silvia Regina Dias Medici Saldiva, doutora em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da USP e pesquisadora científica do Instituto de Saúde/Secretaria Estadual da Saúde. É mãe do Lucas e do Leonardo.