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Na última quinta-feira, 20 de outubro, aconteceu o podcast “Escola na contemporaneidade: um novo foco”, em parceria da Pais&Filhos com o espaço ekoa. Ele foi apresentado por Andressa Simonini, editora-executiva da Pais&Filhos com a participação de Ana Paula Yazbek, mãe de Marina e Pedro e Diretora Geral do ekoa ao lado de Ana Lúcia Bresciane, mãe de Rosa e Coordenadora geral do ekoa. Se você perdeu esse bate-papo incrível, é possível conferir na íntegra no canal no YouTube da Pais&Filhos.
A conversa começou com Andressa perguntando para as duas profissionais o que é, de fato, uma escola contemporânea como o espaço ekoa. “É uma escola que está aberta ao mundo como ele é, e que busca trazer para dentro de si as questões da atualidade. É uma escola que olha para a diversidade, sustentabilidade, inclusão… É uma escola que busca formar pessoas que não sejam apenas meros receptores do saber, mas sim que saibam dialogar com esses saberes, que saibam que estar no mundo também traz responsabilidades”, explicou Ana Paula.
Ana Lúcia aproveitou para contar sobre a grade curricular de escolas contemporâneas, como o espaço ekoa, afirmando que tanto matérias básicas, como português e matemática, quanto as atividades especiais que despertem a curiosidade e criatividade da criança são tratadas da mesma maneira, integrando igualmente o currículo.
Dê um “match” nas propostas
As especialistas do espaço ekoa também comentaram sobre a importância da família se identificar com as propostas da escola. Ana Lúcia contou que é necessário que a família se identifique com a escola, “dê um match” nas pessoas que convivem no local, enquanto Ana Paula ressaltou a necessidade de conferir se as propostas da escola realmente são colocadas em prática, já que a escola tem um papel fundamental no desenvolvimento daquela criança: “Sendo o primeiro ambiente alheio da família [para a criança], e um local em que a criança fica tanto tempo, ela ganha um papel destacado. Lá no ekoa, acreditamos em um desenvolvimento integral, defendendo a ideia de que as escolas de hoje devem estar de acordo com a ideia de educação integral, para que ela seja olhada em sua integralidade”, defendeu Ana Lúcia.
Turmas baseadas na diversidade
Dentro do tema integralidade, a dupla de Ana’s também falou sobre como a inclusão faz parte do projeto pedagógico do espaço ekoa, principalmente nas turmas multietárias presentes na instituição. “Temos pelo menos duas idades na sala de aula, o que ajuda a integrar crianças de diferentes idades aos conteúdos e também dar a ‘noção’ de que ‘enquanto eu dou conta de fazer algo, meu colega ainda precisa de ajuda’”, disse Ana Paula. Já Ana Lúcia complementou: “Cada um é cada um, cada um tem a sua forma de aprender, suas necessidades… assumimos essa heterogeneidade como parte do nosso projeto. Por isso essa organização das turmas multietárias, porque qualquer tipo de conhecimento constrói relações”.
Se a questão das turmas multietárias do espaço ekoa ainda não ficou muito clara para você, não se preocupe! Segundo Ana Lúcia, no espaço ekoa as turmas multietárias funcionam da seguinte forma: ao invés de ter apenas o primeiro ano do Ensino Fundamental, as turmas do primeiro e segundo ano são conjuntas, de forma que a criança fique dois anos em cada turma. Um dos motivos que torna essa experiência tão importante é a mudança na perspectiva da criança ao passar do tempo, já que ela entra como a mais nova e sai como a mais velha, dessa forma, “mudando de posição”. Ana Paula aproveitou a oportunidade para mostrar os benefícios que essa convivência plural traz, como o desenvolvimento para lidar com pluralidade, tempos diferentes e resolução de conflitos e problemas: “As pessoas fazem coisas de formas diversas, e isso é uma qualidade”, disse ela.
Os valores ekoa
Se tem algo que uma escola contemporânea como o espaço ekoa valoriza é a socialização, o pensamento crítico e autonomia das crianças que passam por ali. Para contextualizar, Ana Paula contou de uma história em que foi chamada em uma das turmas, dos 185 alunos matriculados, por conta de alguns alunos que queriam brincar com armas de brinquedo (algo proibido na escola), enquanto outros não: “Nós não chegamos em um consenso final, até porque esse não era o objetivo, mas foi abordado o pensamento crítico, reflexivo, o respeito a infância. O pode e o não pode tem contextos, e essa conversa foi uma oportunidade muito maior do que apenas chegar na sala de aula e fazer um discurso dizendo que não pode. […] A gente se surpreende muito, o pensamento infantil é algo encantador“.
Para Ana Lucia, essa também foi uma chance de desenvolver a socialização entre as crianças: “A criança também desenvolve uma certa autonomia, já que ela se torna responsável pelo o que disse. Não é só certo ou errado, existem muitos pontos de vista, e poder debater sobre isso desenvolve o pensamento reflexivo. Só o fato de sentar e debater uma ideia é socializar. Tudo que aconteceu no exemplo da Ana Paula tem uma intenção muito clara. Nós temos regras? Temos regras, mas isso não quer dizer que elas estão dadas e pronto”.
As turmas multietárias do espaço ekoa têm duas idades juntas em cada classe, e as crianças são sempre acompanhadas por uma dupla fixa de professores. Fora isso, existem os professores especialistas, que são responsáveis por oficinas feitas para essas crianças. Ana Lúcia ressaltou que é muito importante que não existam aulas ou propostas sempre iguais, é necessário ter também uma diversidade nesse sentido.
Alunos hoje, cidadãos amanhã
Umas das características das escolas contemporâneas é justamente a imersão de situações e exemplos reais, que se encaixem com a realidade da criança, dentro do ambiente escolar para que seja ainda mais interessante a hora de estudar. Para Ana Lúcia, as aplicações da realidade no ensino da criança é algo fundamental para o aprendizado: “Como você aprende a ler e escrever? Lendo, escrevendo e refletindo sobre a língua escrita. São esses usos que fazemos socialmente que precisam ser utilizados para fazer com que as crianças adentrem no assunto. O que acontece na sala de aula não pode ser muito distante do que acontece na vida”.
As duas profissionais do espaço ekoa concordaram em uma afirmação: a escola forma cidadãos. “A escola tem um papel político importante, ela forma a relação da criança com o mundo. Desde ações em que você olha para diferentes funções com todo o respeito que elas merecem até como você se coloca neste mundo. Você se vê como um sujeito que tem ações que repercutem no mundo”, refletiu Ana Paula. Ana Lúcia complementou: “Um sujeito que pertence, que pode e deve participar. Cidadania remete a isso. A questão de ‘como eu estou no mundo’, ‘como eu me posiciono’, para aprender a participar na democracia é necessário ter experiências, e a escola precisa ter esse compromisso”.
Para finalizar o podcast, ambas deram alguns recados finais. Ana Paula contou que desde pequena está no universo da educação, já que a mãe era dona de uma escola, e não deixou de fora o quanto acredita ser fabuloso estar em contato com crianças. Ana Lúcia também contou que, mesmo sendo algo muito desafiador, os profissionais desta área continuam acreditando e lutando pelo lugar que a escola ocupa no mundo. A diretora geral e a coordenadora geral do espaço ekoa também falaram sobre o propósito da escola na vida das crianças: “Nosso propósito é ajudá-las a encontrar um caminho na vida”, contou Ana Lúcia sobre o espaço ekoa”. “É uma escola que se propõe a atender a todos que queiram estar ali. Queremos que todo mundo que queira estar ali esteja, todo o espectro de alunos”.
