No período de retorno às aulas, é comum observar uma diversidade de reações entre os estudantes. Enquanto alguns manifestam entusiasmo e ansiedade positiva pelo reencontro com amigos e pela oportunidade de novas aprendizagens, outros enfrentam um desafio consideravelmente maior, que transcende a mera relutância em ajustar-se novamente à rotina matinal. Este desafio é conhecido como fobia escolar, um transtorno de ansiedade que merece atenção especial dos pais e responsáveis.

Entendendo a fobia escolar
A fobia escolar caracteriza-se por um medo intenso e muitas vezes irracional de frequentar o ambiente escolar. Segundo Myriam Albers, psicóloga da Clínica Maia, tal condição é mais prevalente nos primeiros anos do Ensino Infantil, período no qual a ansiedade de separação dos pais pode ser particularmente aguda. Contudo, não está limitada apenas a essa fase, podendo afetar crianças mais velhas, especialmente em contextos de mudanças familiares significativas, episódios de bullying, dificuldades de aprendizado ou mesmo durante transições como a mudança para uma nova escola.
Os sinais da fobia escolar podem se manifestar de diversas formas físicas e emocionais antes mesmo do estudante chegar à escola. Sintomas como dores abdominais matinais, náuseas, vômitos, diarreia, dor de cabeça, crises de choro e distúrbios do sono são indicativos frequentes deste transtorno. “A crise de ansiedade e o medo incontrolável vivenciados pela criança geram uma percepção distorcida da realidade, fazendo com que ela se sinta extremamente desamparada”, explica Albers.

Estratégias para lidar com o medo de ir pra escola
Para auxiliar seu filho a enfrentar esse desafio, é crucial estabelecer uma comunicação aberta e empática. É essencial reconhecer e validar os sentimentos da criança, estabelecendo acordos claros que transmitam segurança e previsibilidade quanto à rotina escolar. Além disso, familiarizar-se com o ambiente educacional, professores e colegas pode contribuir significativamente para aliviar o estresse associado à fobia escolar.
Caso os esforços iniciais não resultem em melhorias perceptíveis ou os sintomas se intensifiquem, torna-se necessário buscar um diálogo mais estreito com a instituição de ensino sobre a disponibilidade de suporte profissional especializado. Em situações mais complexas, a intervenção terapêutica cognitivo-comportamental e o acompanhamento médico podem ser indispensáveis.

Myriam Albers enfatiza ainda que, em casos onde todas as estratégias adotadas não produzem o resultado esperado e a criança persiste em não adaptar-se ao ambiente escolar atual, pode ser pertinente considerar a busca por uma nova instituição educacional que melhor atenda às suas necessidades emocionais e acadêmicas.