Publicado em 04/05/2022, às 07h50 por Redação Pais&Filhos
Uma menina de 12 anos morreu diagnosticada com raiva humana na última sexta-feira, 29 de abril, conforme foi informado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) na segunda-feira, 2 de maio. É a terceira morte causada pela raiva em Minas Gerais em apenas um mês. A Secretaria Estadual de Saúde ainda investiga um outro caso, de uma criança de 11 anos.
A menina indígena estava internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital João Paulo II, em Belo Horizonte, desde o início de abril. O caso foi notificado à SES-MG no dia 5 de abril, e o resultado foi divulgado no dia 19 de abril, confirmando o diagnóstico de raiva humana. Infelizmente ela não resistiu e faleceu.
A menina e Zelilton Maxacali, também com 12 anos, moravam em um aldeia indígena, em uma zona rural em Bertópolis, no Vale do Mucuri. O menino morreu no dia 4 de abril e segundo Secretaria Estadual de Saúde, os dois casos estão relacionados à mordedura pelo mesmo morcego. Uma criança de 5 anos que também morava na aldeia, morreu no dia 17 de abril. No dia 26, saiu o resultado confirmando a morte da criança por raiva humana. O caso segue sendo investigado para identificar como ocorreu o contágio, já que ela não apresentava sinais de mordedura ou arranhadura por morcego.
Um outro caso suspeito foi notificado no dia 21 de abril, também na área rural de Bertópolis. Uma menina de 11 anos apresentou febre e dor de cabeça, então foi encaminhada para o hospital e passou por exames. “Trata-se de paciente do sexo feminino, 11 anos, que apresentou sintomas inespecíficos como febre e cefaleia e, devido ao parentesco com o segundo caso confirmado, foi notificada como suspeita e encaminhada para o hospital de referência, onde foram coletadas amostras laboratoriais. A paciente segue em leito clínico, estável e em observação”, disse o órgão de saúde.
Ainda segundo a SES-MG, no dia 24 de abril, foram enviadas mais doses de vacina antirrábica humana para a zona rural de Bertópolis. Até o dia 28, de 1.037 pessoas que vivem na comunidade, 982 já haviam sido vacinadas com a primeira dose. Outras 802 já tomaram a segunda dose, levando em consideração que o intervalo entre as aplicações é de 7 dias. Eles também disseram que já forneceram vacina e soro antirrábico humano para a população exposta e também, vacina antirrábica animal para cães e gatos da região.
Segundo informações da Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde, a raiva é uma zoonose, ou seja, uma doença que é passada de um animal para um humano e vice-versa. O vírus causador dessa doença envolve o sistema nervoso central e é letal tanto para nós, humanos, quanto para os animais, levando a óbito em um curto período de tempo.
No caso de humanos infectados, a doença é transmitida quando a saliva do animal que tem o vírus penetra no organismo, seja por meio da pele ou de mucosas, por mordidas, arranhões ou lambidas. Como explicado no documento oficial do Ministério da Saúde, a raiva tem três tipos de transmissão:
Em todos os animais, a raiva costuma apresentar os mesmos sintomas. São eles:
Nos cachorros, além desses sintomas, a raiva também pode ocasionar um latido diferente do normal, como se fosse um “uivo rouco”. No caso dos morcegos infectados, a mudança de comportamento pode ser tamanha a ponto de transformá-los em animais que também vagam por aí durante o dia, em horários e locais não habituais.
Os humanos também possuem sintomas característicos quando são infectados pela raiva. Normalmente, os primeiros sintomas que aparecem são:
Esses sintomas costumam durar de 2 a 4 dias. Depois disso, começa um quadro de alucinações, acompanhado de febre. Nesse momento, começa o que é chamado de período de estado da doença, que dura cerca de 2 a 3 dias, quando a pessoa começa a ter medo de correntes de ar e/ou água, com diferentes intensidades. Neste momento também surgem crises convulsivas periódicas.
Se você foi agredido de alguma forma por um animal, é importante seguir uma série de passos para tentar evitar que você se contamine com a raiva. Vale ressaltar que o Ministério da Saúde recomenda que você siga esses passos mesmo no caso de agressões por animais conhecidos e que você sabe que já tomou a vacina contra a doença.
A doença também pode ser prevenida, levando os animais para serem vacinados periodicamente e sempre informar o Serviço de Saúde caso desconfie de qualquer problema ou mudança de comportamento do seu animal ou de vizinhos. Além disso, é importante evitar tocar em animais desconhecidos, feridos ou doentes; perturbar animais quando estiverem comendo, bebendo ou dormindo; separar animais que estejam brigando; entrar em grutas ou furnas e tocar em qualquer tipo de morcego (vivo ou morto); criar animais silvestres ou tirá-los de seu “habitat” natural.
Vale ressaltar que o recomendado em qualquer situação é buscar ajuda profissional. Afinal, mesmo com todos os sintomas, somente médicos e cirurgiões-dentistas habilitados podem diagnosticar a doença e indicar os possíveis tratamentos.
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