“Só queria minha vaga”, diz, chorando, Ana Beatriz, de seis anos. Moradora da Zona Leste de São Paulo, a menina foi alfabetizada pelos pais em casa durante a pandemia e sonha em retornar às aulas presenciais. Entretanto, assim como inúmeras crianças, segue na fila de espera, pois não consegue vaga nem rede estadual tampouco na municipal da capital.
A família mora no bairro Jardim da Conquista e os pais da menina já não sabem mais como fazer para garantir o que é um dever do estado: o direito à educação. “Eu falo: filha, eu vou sair e hoje eu volto com a sua vaga na escola. Aí eu chego aqui e falo: não consegui”, relatou o pai de Ana ao G1.
“Me falaram que a prefeitura construiu muitas creches e conforme ampliaram o ensino integral para os alunos do fundamental não está tendo vaga”, complementou ele. O problema atinge milhares de crianças da capital. Na manhã desta sexta (4), o prefeito Ricardo Nunes (MDB) confirmou que faltam vagas no Ensino Fundamental, mas negou que a responsabilidade seja da prefeitura.

“A Prefeitura de São Paulo, do ano passado para esse, aumentou em 1.140 vagas para o primeiro ano do Ensino Fundamental, que são crianças de 6 anos. Todas as crianças que estavam na rede municipal foram evoluindo os anos, a prefeitura foi criando as vagas. Não vamos deixar ninguém sem aula”, disse.
A Secretaria Estadual da Educação disse que atualmente há um déficit de 4.200 vagas nas redes estadual e municipal e negou relação com o aumento do ensino integral. Segundo a pasta, ocorreu aumento da demanda de alunos que vieram da rede privada devido aos impactos econômicos provocados pela pandemia de coronavírus.
“Nós vamos ter vagas para todas as crianças. A orientação agora é: continue procurando a Diretoria de Ensino e as escolas. Pela atualização do sistema, todas as noites as vagas são compatibilizadas”, disse Henrique Pimentel, chefe de gabinete da Secretaria Estadual de Educação. De acordo com ele, os pais devem aguardar até o fim da próxima semana, período em que serão disponibilizadas as novas vagas.