
Nesta segunda-feira, 10 de junho, o Instituto Ayrton Senna realizou um evento para levantar uma proposta de Alfabetização 360°. A ideia da organização foi de propor um debate sobre possíveis caminhos e políticas públicas para que as crianças tenham a oportunidade de se desenvolver plenamente na escola.
De acordo com Inês Miskalo, Gerente Executiva de Educação do Instituto, mãe de André, Ivan, Vitor e Luciana e avó de Pedro, Thomas, Carolina, Gregor e João, falar sobre alfabetização 360° é fugir de aprender apenas o simples domínio da língua e olhar o ser humano de outra forma, desenvolvendo todas as competências sociais e emocionais da criança.
“A gente tem que olhar este processo em um conceito macro e conveniente para o que estamos vivendo na educação hoje. Não podemos trabalhar áreas importantes do desenvolvimento do ser humano de forma separada: raciocínio e sentimentos. O mundo integrado não tem compartimentações. Tudo que conhecemos tem linguagem científica, da natureza, digital e socioemocional”, explicou a especialista.

Inês comentou com a gente que algumas pesquisas indicam que pessoas que desenvolvem as competências socioemocionais têm menos envolvimento com drogas e relações afetivas mais estáveis. “O Instituto passou a buscar desenvelver este campo. IA BNCC (Base Nacional Curricular Comum) colocou isso em 2017, mas nós já estávamos construindo a concepção 360. Olhamos a criança por inteiro e trazemos a discussão de como solucionar problemas do dia a dia para dentro da sala de aula”, comentou.
Mas esses não são os únicos benefícios. Gera confiança e as crianças não têm medo de se arriscar e errar. “Um estudo percebeu que a educação socioemocional têm o melhor resultado acadêmico e são pessoas que se afastam com mais facilidade de situações ilegais. Também têm predisposição para o trabalho coletivo”, exemplifica Inês.
A especialista também deixou claro que essas habilidades não nascem com a gente, precisam ser trabalhadas ao longo da nossa vida e não há lugar melhor para fazer isso além da escola. “Se o seu filho não encontra os instrumentos necessários para lidar com as emoções pode acabar se isolando do aprendizado. A alfabetização 360 recebe essa criança por inteiro e de maneira individual”, completa.
Cada aluno precisa ser trabalhado de maneira diferente, porque somos únicos. Inês comentou que muitos profissionais hoje em dia não têm didática para ensinar, não estão preparados e encontram dificuldade de transmitir o que sabem. “Neste estilo de alfabetização estamos falando de monitoramento, avaliação, um conjunto de elementos que garantem que a criança possa ter domínio total no aprendizado durante os primeiros anos da escola”, explica.
Além dos benefícios que comentamos anteriormente, aprender a lidar com as frustrações da vida é um benefício que a alfabetização 360 traz e precisa de destaque. “Eu conheço um teste que foi feito com crianças e marshmallow nos Estados Unidos. O pesquisador entrava na sala e falava que se a criança que se a criança não comesse aquele marshmello até ele voltar, depois ganharia mais dois. Algumas crianças pegavam e depois devolviam, outra virava as costas. Mas tiveram crianças que não resistiram e comeram. Os estudiosos perceberam que aqueles que resistiram tiveram na vida um caminho de maior sucesso do que aquelas que não conseguiram”, exemplificou a especialista.
Por fim, Inês relembrou a importância de escola e família caminharem juntas no processo de aprendizado. O trabalho desenvolvido na infância reflete na adolescência e vida adulta. “Para o 360 dar certo a família precisa estar alinhada com a instituição de ensino e vice-versa”.
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