Férias escolares combinam com descanso, brincadeira e muito tempo livre. Mas junto com esse pacote vem também um aumento no tempo de tela, principalmente entre crianças e adolescentes. E é justamente nesse período que cresce o risco de exposição a conteúdos virais que nem sempre são tão inofensivos quanto parecem. Um bom exemplo disso é a onda de memes conhecidos como “brain rot”, que vem tomando conta das redes sociais.
Esse termo, que significa “apodrecimento cerebral” em tradução livre, foi eleito pela Oxford University Press como a palavra do ano de 2024. O nome pode até parecer exagerado, mas descreve um fenômeno que merece atenção. Os memes “brain rot” são produções marcadas por humor sem sentido, repetições exageradas e uma linguagem totalmente nonsense. Tudo isso pensado para prender a atenção de quem assiste e, principalmente, de quem ainda está formando a própria personalidade e visão de mundo.
Aqui no Brasil, um dos exemplos mais populares é o meme “Tralalero Tralala”, com um tubarão de duas pernas e tênis da Nike. Parece só uma brincadeira inocente, mas especialistas alertam que o excesso desse tipo de conteúdo pode gerar efeitos negativos no desenvolvimento das crianças e dos adolescentes.
Como o ‘brain rot’ pode impactar o desenvolvimento das crianças
De acordo com a psiquiatra e psicoterapeuta Dra. Nina Ferreira, o consumo exagerado desse tipo de material traz consequências sérias para cérebros que ainda estão em formação. “O excesso de estímulos sem propósito, típicos dessas produções, pode gerar consequências sérias, especialmente em cérebros ainda em formação”, explica a especialista.
Entre os principais impactos estão a queda na concentração, dificuldades para processar informações mais complexas e problemas no desenvolvimento da linguagem e da criatividade. Não é raro também que apareçam sinais como irritabilidade, sono bagunçado, dificuldade de socialização e até uma piora no rendimento escolar.
A Dra. Nina compara o efeito desses conteúdos a um “modo de espera” do cérebro: “É como se o cérebro entrasse em modo de espera e fosse bombardeado por estímulos que não exigem reflexão, apenas atenção passiva. Isso pode afetar o desempenho acadêmico, quando as aulas recomeçarem”, afirma.

Como equilibrar o tempo de tela nas férias
Não é preciso transformar as férias em um campo de batalha contra as telas, o segredo está no equilíbrio. Conteúdos engraçados e bobos também têm o seu valor, mas o problema começa quando o uso é automático, sem limites e sem supervisão.
Para ajudar a manter esse equilíbrio, a Dra. Nina dá algumas dicas práticas. A primeira delas é estabelecer regras claras para o tempo de tela. Além disso, vale investir em atividades que incentivem o raciocínio e a imaginação. “Brincadeiras ao ar livre, leitura e jogos que estimulem o raciocínio e a imaginação” são algumas das sugestões da especialista.
Essas atividades não apenas ocupam o tempo de forma saudável, como também ajudam a desenvolver habilidades essenciais para o crescimento das crianças e adolescentes.
As férias podem, sim, ser um período de descanso e diversão. Mas com supervisão e alternativas interessantes, esse momento também vira uma oportunidade para estimular criatividade, autonomia e novas descobertas.
A tecnologia pode estar presente, claro. Mas que tal equilibrar um vídeo engraçado com uma boa história de aventura ou uma brincadeira em família? Assim, o tempo livre vira realmente produtivo e divertido de verdade.