Publicado em 11/10/2023, às 07h58 - Atualizado às 08h01 por Redação Pais&Filhos
Bebê gordinho é mesmo encantador! Aquelas dobrinhas e as bochechas grandes despertam uma vontade incontrolável de apertar, morder, beijar… Mas atenção! Isso nem sempre é sinal de saúde. O relatório público do Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional mostrou que até setembro de 2022, 340 mil crianças entre 5 e 10 anos de idade foram diagnosticadas com obesidade.
Outro dado preocupante: 61% das crianças menores de 2 anos comem alimentos muito calóricos e gordurosos. Os adultos também sofrem do mesmo mal: 57% dos brasileiros com mais de 18 anos estão acima do peso. São mais de 80 milhões de pessoas! “As crianças que são obesas sofrem muito. São rotuladas desde pequenas, começando pelos pais, e acabam assumindo o papel do gordo da turma”, explica a psicóloga Betty Monteiro, mãe de Gabriela, Samuel, Tarsila e Francisco. As crianças que não estão dentro do peso ideal podem desenvolver doenças sérias como hipertensão arterial, síndrome metabólica, diabetes do tipo 2, níveis elevados de gordura no sangue e até traumas ortopédicos e dores por causa da sobrecarga de peso. Crianças obesas têm quatro vezes mais chances de desenvolver problemas de coluna no futuro. A obesidade já se tornou uma questão de saúde pública, como mostram os dados.
Até 2035 estima-se que um terço das crianças e adolescentes podem desenvolver obesidade no Brasil
– Atlas Mundial da Obesidade 2023
Mas não é só isso que preocupa os pais e mães brasileiros. Ela provoca diversas doenças que podem diminuir a qualidade de vida dos nossos filhos desde muito pequenos. “Cada vez mais crianças obesas têm vindo ao meu consultório e cada vez mais preciso pedir exames que antes os médicos só pediam para adultos”, explica o pediatra Claudio Len, pai de Fernando, Beatriz e Silvia.
O especialista alerta que o fato de a criança ser mais gordinha não significa que ela esteja doente. “Tudo depende da condição física da família. Muitas vezes, a estrutura da criança é ser mais gordinha ou mais magra. Mas magreza não é sinônimo de saúde”, alerta o especialista, que chama a atenção para a dificuldade que uma criança, principalmente nos três primeiros anos de vida, tem para fazer dieta. “Alguns pais exageram. Querem que os filhos tenham a mesma forma física que eles”, diz Claudio Len.
Se a família pressiona a criança, imagine os amigos de escola, professores e vizinhos, que às vezes podem ser menos sensíveis em lidar com o sobrepeso e piorar a situação ainda mais. Matheus Bidarra, filho de Mauricler e Alessandra e irmão de Murilo e Amanda, tem apenas 14 anos e já mudou cinco vezes de escola para escapar da rejeição que sentia por conta do peso. Hoje, ele já conseguiu se livrar de boa parte dos quilos a mais. “Me chamavam de baleia encalhada e eu revidava. Com a dieta melhorou. Nunca fui de comer muitos doces, mas meu avô tinha uma padaria, por isso eu amava comer massa”, conta o menino.
A família toda saiu da capital, São Paulo, para morar em São Bernardo do Campo. “Mudamos de cidade para tentar melhorar a saúde da família toda. Aqui eles podem brincar com mais tranquilidade. Também limitei o tempo na frente da TV e do computador”, conta o comerciante Mauricler. Matheus agora joga basquete e Murilo, também acima do peso, futebol de salão. “Eles não são crianças fast food. Depois de perceber; mudamos tudo”, diz o pai.
É claro que os pais são os maiores responsáveis pelo que os filhos comem, mas existem vários fatores que contribuem para a obesidade infantil. O modo de vida que levamos hoje não ajuda em nada para mostrar aos nossos filhos o que é ser saudável. São muitas horas na rua, comendo fora e chegando ao fim do dia exaustos, sem pique para fazer qualquer atividade física.
A mesma coisa acontece com as crianças: elas passam horas na escola e, depois que chegam em casa, vão direto para a televisão, o computador, o celular ou tablet. Brincar se exercitando fica em último plano. “A falta de segurança e de espaço nas ruas empurra as crianças para dentro de casa. Sem lugar para brincar, passar 4 ou 5 horas na frente de um game faz parte da rotina para a maioria delas”, explica a psicóloga Betty Monteiro. De acordo com ela, a criança obesa é insegura e carente e muitas dessas carências são supridas com mais horas na frente das telas e com compulsão alimentar.
A Camila Mendonça é publicitária, hoje está com 33 anos e sofreu muito na infância por causa da obesidade. As pessoas ao redor dela deixavam claro que a garota estava acima do peso. “Sempre era elogiada pelo meu cabelo e pelo meu rosto, mas sempre fui gorda”. O resultado disso era que ela se culpava por comer, passava dias em jejum e depois comia descontroladamente. “Era como se isso me desse carinho, atenção e preenchesse um vazio”, desabafa.
Os pais de Camila não enxergavam o quanto isso machucava a menina. De acordo com Claudio Len, a maioria dos pais até consegue perceber cedo que os filhos estão acima do peso, mas demoram muito para tomar qualquer atitude. “Principalmente por causa da alimentação. Mudar os hábitos da criança significa mudar os hábitos da família”, explica ele. Isso inclui, é claro, que a gente também saia da frente da televisão e vá brincar com nossos filhos, afinal não existe exercício físico melhor para as crianças do que pega-pega esconde-esconde, empinar pipa, pular corda… Tudo isso ajuda e tem que fazer parte da rotina.
Já que falamos em hábitos alimentares, aí vai uma bronca: não adianta querer que seu filho coma legumes, verduras e outros alimentos saudáveis se você e sua família vivem com um lanche, um refrigerante ou um saquinho de salgadinhos nas mãos. “Para mudar a situação, é necessária uma reeducação alimentar. Todo mundo precisa aderir ao estilo de vida mais saudável”, explica Claudio Len. Exercícios físicos, alimentação equilibrada e acompanhamento psicológico, muitas vezes necessário, precisam partir do exemplo dos pais, principalmente enquanto a criança tem 2 ou 3 anos. “Os pais são exemplos dos filhos para tudo. Uma vida saudável acaba sendo imitada, mas os desvios, para mais ou para menos, também”, diz o pediatra. Por isso é importante ficar atento.
Outra questão é deixar de associar as comidas gordurosas e ricas em açúcar com algum tipo de recompensa. Tirou nota boa na prova? Pode comer mais bolo. Conseguiu aquela bolsa de estudos no curso de inglês? Pode comer salgadinho e refrigerante o final de semana todo. Chegou em primeiro na competição da escola? Uma barra inteira de chocolate! Esse tipo de prêmio associa o que é bom com o que faz mal. Não pode!
Da mesma forma que pensamos em dar uma boa formação acadêmica para nossos filhos, precisamos nos preocupar com a educação alimentar, o que é papel apenas dos pais. “Se um dia eu tiver um filho, ele jamais receberá a educação que eu recebi. Vai entender que comida é alimento. E que peso, com saúde, é aquele que você se sente bem”, conta Camila. Saber o que está comendo, diferenciar os sabores, as texturas e os alimentos é muito importante para educar o paladar desde o momento em que o bebê deixa o aleitamento exclusivo e começa a experimentar outras comidas.
A obesidade afeta 6,7 milhões de pessoas no Brasil
– Ministério da Saúde
As empresas que fabricam alimentos ricos em gorduras, açúcar e sal devem ser vistas com atenção. É importante que os pais saibam equilibrar os alimentos naturais com os práticos do dia a dia. As comidas industrializadas podem ter uma parcela de culpa nessa história, mas é você quem decide o que seu filho vai comer. É importante saber que alimentos com altos teores de sódio e açúcar causam um tipo de vício no organismo e fazem com que a gente queira sempre mais.
Aliado às propagandas que nos mostram pessoas felizes e magras comendo esse tipo de comida, a tentação aumenta ainda mais. Além disso, comidas industrializadas estimulam a produção de dopamina, um neurotransmissor responsável pela sensação de prazer. A Organização Mundial da Saúde recomenda que o consumo diário de açúcar não ultrapasse os 10% da quantidade de calorias ingeridas, tentando sempre diminuir para 5%.
A nutricionista Renata Buzzini, mãe de Carlos Eduardo, diz que é necessário ficar atenta quanto a isso. “É relativa essa porcentagem. Se a criança está obesa, 10% de açúcar referente ao que ela consome pode estar fora do recomendado”, explica. É necessário o acompanhamento da criança com um especialista. “Precisa fazer exames para saber se a criança está ingerindo o ideal para ela, mas na maioria das vezes isso não acontece, alguns pais ainda acham que criança gordinha é sinônimo de saúde”, completa.
Antes de comprar qualquer coisa, esteja sempre atento ao rótulo e veja a quantidade de gorduras, açúcares e sódio presentes no que você leva para sua família comer. “Muitas marcas já estão conscientes da procura dos pais por produtos práticos e estão produzindo alimentos mais saudáveis, algumas empresas fazem alimentos integrais e menos ricos em gorduras”, afirma Renata. “O suco de caixinha, por exemplo, pode ser utilizado semanalmente, mas deve ser alternado com comidas naturais e fresquinhas, pelo menos três vezes na semana como um cházinho ou uma água de coco”, explica. E lembre-se sempre: o pediatra ou o nutricionista são os únicos que podem lhe dizer se seu filho está saudável, acima do peso ou com algum tipo de alteração no corpo. Consulte o médico antes de tomar qualquer atitude sobre a aparência ou a alimentação.
A AAP (Academia Americana de Pediatria) faz algumas recomendações para ajudar a controlar melhor a alimentação em casa com mudanças no a dia a dia.
Pesquisadores da Universidade de São Francisco e Toro, na Califórnia, Estados Unidos, descobriram que reduzir a ingestão de açúcar tem o poder de reverter a chamada síndrome metabólica em crianças obesas em apenas nove dias, sem cortar calorias. A descoberta aponta o açúcar como fator determinante da doença, que causa pressão alta, alteração de colesterol e glicemia, aumento da cintura e ainda maior risco vascular. As crianças que participaram do estudo, todas com idade entre 9 e 18 anos, tiveram resultados melhores do índice metabólico nove dias depois de pararem de comer açúcar, mesmo sem haver perda de peso.
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