
Depois de se incomodar com o atendimento que as crianças estavam recebendo em Hospital Maternidade Infantil, o eletrotécnico Flávio Motta registrou crianças recebendo soro e medicação nas cadeiras do corredor enquanto lixo hospitalar passava pelo lado delas.
Flávio, contou ao G1 que chegou ao hospital na última segunda-feira, 25, e ficou por 18 horas com a filha, já internada, em cadeira no corredor da pediatria. Carolina Motta estava com uma crise de bronquite asmática.
O pai completa na entrevista: “Além da minha filha, tinha bebês de poucos meses no corredor, que dá acesso a tudo, aos quartos, cozinha e o banheiro. Quando o banheiro é lavado, a sujeira escorre para este corredor. Ainda tem o lixo que vai para descarte e passa por onde os pacientes se alimentam. Pelo visto, isso é a rotina, porque os médicos atendem ali mesmo.”
A maior preocupação de Flávio era com o risco da filha sair com uma doença ainda mais forte: “A gente estava todo mundo próximo. As crianças perto uma da outra. Uma gripe ali espalha. Eu mesmo cheguei a pensar que minha filha estava gripe aviária.”
A Secretaria de Saúde do estado afirmou que está estudando a construção de mais um hospital semelhante e que para desafogar o atendimento, a realizações de cirurgias pediátricas e de partos estão acontecendo em outros hospitais da rede.
Irene Ribeiro Machado, pediatro do hospital desde de 1996, disse que de fato esta é a pior fase : “Nunca esteve tão ruim quanto agora com a sobrecarga. Quanto aos profissionais e especialidades, temos um quadro muito bom. Nós temos várias especialidades, coisa que não tínhamos antes.”
Sobre alterações depois de perceberem o estado crítico do hospital: “Nenhuma ação de mudança ocorreu. A questão é de espaço físico e números de profissionais, tanto de médicos, quanto enfermeiros. Neste domingo, por exemplo, são dois médicos na emergência, quando o habitual são três. Há um desfalque na escala porque alguns pediatras saíram e tem médica de licença maternidade.”


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