O fim da minha licença maternidade e o retorno ao trabalho me rendeu algumas noites sem sono. Agravado pelo fato da Catarina não aceitar mamadeira, tudo era dado no copinho. Mãe de primeira viagem, insegurança na certa, será que no berçário teriam a paciência alimentá-la no copo? Cheguei a sonhar que estava trabalhando, chegava em casa e ela estava com fome.Vieram os dilemas: deixá-la no berçário, com a vizinha ou parar de trabalhar, a última opção não me agradava.
Como conciliar a maternidade e a vida profissional? Trabalho em empresa pequena de consultoria em assuntos regulatórios, minha chefe também é mãe, de filhos já adultos. Durante a minha gravidez ela sempre falava: traz a Catarina e deixa ela num moises ao teu lado. Nem cogitava a idéia, imagina um bebê num escritório! Coisa de louco.Este foi um momento muito difícil em ter deixar minha pequena com apenas 4 meses.Então, pensei na idéia que minha chefe havia dado durante a gravidez, levar a Catarina para o trabalho. Conversarmos e acordamos eu levaria a Catarina pelo menos até o sexto mês.
Foi um alivio, mas algumas dúvidas pairavam na minha cabeça:Será que daria conta de trabalhar e cuidar de minha filha?O ambiente do escritório seria benéfico para ela, toques de telefones? E se ela chorasse muito, iria atrapalhar os meus colegas de trabalho?Pesquisei na internet, descobrir que é pratica desenvolvida nos EUA, os empregadores acreditam que o desempenho da mãe aumenta, o ambiente fica mais alegre, as pessoas mais humanas e por ai vai. Já aqui no Brasil, isso não acontece, existe cada opinião contrária.Em um blog de maternidade, questionei se alguma mãe já havia vivido a experiência, por incrível que pareça apenas uma mãe respondeu o meu tópico, justo esta, relatou que levou o filho para o trabalho.
Desde então, trocamos e-mails, ela relatou o dia-a-dia de um filho no escritório, me deu várias dicas e me incentivou muito.Recebi muito apoio do meu esposo, ele sempre falava para ter calma, que no final tudo ia dar certo, o que me deixava mais tranqüila e segura.Quando falava que voltaria a trabalha e que a Catarina iria junto, a maioria das pessoas torcia o nariz e falavam que não dariam certo.Montamos uma sala para nós, com minha mesa de trabalho, o cercadinho, com um colchonete, uma caldeirinha de balanço, tapete colorido, móbile, brinquedos. A sala ficou bem aconchegante.
O período de adaptação foi dificílimo, nos primeiros dias não conseguia trabalhar e nem cuidar da minha filha, ela não conseguia dormir.Sentia-me culpada por submetê-la aquele ambiente totalmente diferente da nossa casa. Em tirá-la do berço quentinho para levá-la para o trabalho e por algumas vezes ter que trazê-la no ônibus. Por várias vezes eu chorei, mas encontrei apoio de outra mãe, que se afastou do mercado de trabalho por 2 anos para cuidar do filho e me incentivou para aproveitar a oportunidade que a minha chefe me deu.
Ficava tão preocupada em atrapalhar a minha chefe e os meus colegas de trabalho com choros dela, essa minha tensão era passado para a Catarina e ela chorava, dava show justamente nos dias que a minha chefe estava no escritório.Houve dias que pensei em desistir, mas dei tempo ao tempo e tudo foi se ajeitando.Como minha avó sempre diz “minha filha para tudo Deus dá um jeito”. Com o passar das semanas nos adaptamos a nova rotina, a Catarina sempre foi uma bebê muito tranqüila e isto facilitou muito.
Fui dando os meus jeitos: toque mais suave no telefone, som ambiente bem tranqüilo, um net book para assistir Galinha Pintadinha e Palavra Cantada, banho de balde no horário do meu almoço.A experiência saiu melhor que esperava, consegui amamentá-la exclusivamente com o leite materno até o sexto mês.Hoje já fazem 4 meses que levo a Catarina todos os dias comigo para o trabalho, ela já está 8 meses, come papinha, fruta, sucos e aquela bela mamada olhando nos olhos da mamãe.Ela dorme pela manhã e a tarde, brinca, mama, como acontecia em casa.
Confesso que é muito cansativo, afinal, tenho dupla jornada, mas é muito compensador por estar ao lado da filha, amamentá-la, acompanhar o desenvolvimento dela. Nem tudo é cor de rosa, têm dias que ela está chatinha, chorona, chora a mesmo tempo que o telefone toca.
Ao contrário que eu imaginava que a Catarina atrapalharia a rotina do escritório com choros, ela é o xodó de todos. A minha chefe costuma dizer que ela é a alegria da empresa, disso não tenho nenhuma dúvida.Na verdade o clima melhorou muito, nosso dia-a-dia é cheio de adultos bobões com voz de criançinhas, babando, ela adora atenção que é dada, é destaque nas postagens do Face e do Instragam.
Os meus colegas trabalho além de paparicá-la, ajudam a cuidá-la quando necessário.Viver esta experiência tem ajudado a me livrar da culpa, porque tenho a consciência que estou dando o meu melhor, é tudo que a minha filha precisa para crescer feliz.Estou aprendendo a não sofrer por antecipação, não sei até quando conseguirei levá-la comigo, sei que em breve terei que deixá-la sob o cuidado de outra pessoa, mas até estou curtindo cada dia ao lado dela, aproveitando a oportunidade que recebi, sou muito grata a minha chefe por isso.
Para muitos pode parecer maluquice, mas estou em paz com a minha escolha acredito que ela também, é uma bebê saudável, tranquila, dorme bem, estamos felizes e isso é que importa.