Chegou pra mim um vídeo sobre a teimosia das crianças. Nele a pessoa ensinava que quanto mais teimosa é a criança, mais forte devem ser os limites colocados pelos pais. Para facilitar a compreensão ela fez uma analogia com a cabra e a cerca de arame. Se você tem uma cabra muito persistente em arrebentar o arame, precisa colocar uma cerca mais forte e não abrir exceções até que ela aprenda a desistir, ela explicou.

Foca nisso: até que ela aprenda a desistir…
Então me lembrei do caso de uma mãe cujo filho aprendeu a desistir. Ela relatava que não tinha paciência com o menino que testava limites o tempo todo e que vivia repetindo “Não é não! Nada do que você fizer me fará mudar de ideia!”
Até que viu seu filho, então com 11 anos, desistindo de apresentar uma ideia incrível para a professora porque ela tinha dito que não era pra fazer diferente do que fora proposto. A mãe, percebendo que a ideia do menino era realmente muito boa, argumentou: “Mas você não vai nem tentar conversar novamente com ela sobre a sua ideia?” Ao que o menino respondeu: “Não é não.” Essa mãe me procurou para resgatar a confiança e autoestima do filho que aprendeu a desistir.
Minha pergunta pra você é: será que queremos mesmo que uma criança de personalidade forte aprenda a desistir? Será que o melhor caminho é medir forças com a criança, colocando um limite cada vez maior e não abrindo exceções até que ela aprenda a desistir? Será mesmo que é isso o tal do “educar”?
A questão é que se você contar uma história para a cabra teimosa explicando o que tem de perigoso depois da cerca, provavelmente ela continuará tentando arrebentar o arame. Se você cantar uma música que fale sobre os perigos de arrebentar a cerca, acredito que ela ainda persistirá em seu instinto. Se inventar uma brincadeira de não tocar na cerca, ela possivelmente continuará tentando derrubá-la.
Mas crianças não são cabras!
Quando você descobrir o poder de falar o idioma da criança que é composto por brincadeiras, histórias e músicas, o BHIM (uma das ferramentas da Disciplina do Equilíbrio) você vai conseguir que ela respeite os limites sem precisar entrar em uma disputa de poder com ela. Até porque isso nos reduziria à maturidade dela. Somos autoridade sobre a criança e isso não é um ponto em questão. Isso só será discutível se nós não tivermos seguros.

Quando você aprender a apreciar cada criança em sua essência e entender que ela veio com o jeito dela porque tem um propósito lindo na vida para cumprir, não vai querer que ela mude, vai aprender a ajustar sua comunicação ao perfil dela para conseguir resultados.
Quando você presenciar uma criança se fortalecendo em sua autoestima e autoconfiança e se sentindo potente para melhorar o mundo com suas ideias e projetos, nunca mais desejará que ela aprenda a desistir.
É preciso entender sobre ferramentas nobres de educação e comunicação para nunca mais confundir crianças com cabras e nunca mais apoiar a iniciativa trágica e infeliz de ensiná-las a desistir.