Eu não pratico meditação e mindfulness exatamenteporque gosto. Não! Na verdade, sou do tipo que adora trabalhar loucamente, muitas horas por dia, e conquistar resultados para ser admirada e validada. Fui programada para isso. Foi assim que aprendi a viver.
Pelo menos essa era quem eu pensava ser.
A verdade é que a maternidade me fez questionar: “Quem você é sem contar o que você faz?” Por um período, eu não soube responder. Eu me reconhecia naquilo que fazia. Tinha me tornado um fazer humano no lugar de um ser humano.
Meu filho clamava por conexão emocional profunda. Chorava sem parar dia e noite. Eu não entendia como entregar a ele o que necessitava para ficar bem… Eu ficava louca atrás da próxima coisa que deveria fazer para ele. Aos poucos, fui mergulhando em processos de autoconhecimento e percebendo que ele não precisava tanto do meu fazer, mas do meu ser disponível. Meu filho não era um problema a ser resolvido, um item na minha lista de tarefas para dar check, um erro a ser corrigido o tempo todo. Não! Ele era um lindo (e exigente) ser humano imaturo esperando ser guiado pelos caminhos da vida por uma mãe presente. Com corpo e mente juntos no aqui e no agora. Sem tanta pressa, correndo atrás de sei lá o quê. Mas vivendo com presença verdadeira cada momento. Eu não sabia mais fazer isso. Já tinha me perdido de mim. A correria da vida, os ideais que assumimos como metas, o sistema. Como é difícil não seguir o sistema. Vamos deixando de questionar, fazendo apenas aquilo que acreditamos ser o que queremos, masserá mesmo que é isso que eu quero? Ou é o que eu acho que quero? Ou o que fui levada a querer? É confuso, né?
Parar para meditar ou mesmo fazer os exercícios de mindfulness era um grande sacrifício para mim. Parecia perda de tempo. Parecia um caminho contrário ao meu ideal de produtividade de fazer mil coisas por hora. Às vezes eu dormia. Não conhecia um estado entre acordada e adormecida, então, quando tentava meditar, acabava cochilando. E chegava a conclusões e pensamentos do tipo“Isso definitivamente não é para mim”, “Claramente não nasci para isso” e blá, blá, blá… Só que eu descobri que meditação e mindfulness é para todo mundo, mas éespecialmente para quem acha que não gosta ou precisa.

Persistir nesse processo me salvou de mim. Na verdade, me devolveu para mim. Eu tinha tanto mais aqui dentro que eu nem lembrava. Tinha paciência, perdão, doçura, leveza, calma, empatia, sensibilidade… Não precisei deixar de ser veloz, sagaz e produtiva, muito pelo contrário, ao exercitar presença em profundidade, os momentos de produção profissional foram aprimorados e ganharam uma qualidade difícil de explicar. A clareza mental, o foco, a mente lúcida são resultados que reverberam por todas as áreas da vida.
Agora, os ganhos nas minhas relações pessoais, ah, esses foram impagáveis! Em palestras e encontros, muitas vezesuma mãe vem me abraçar em lágrimas dizendo que não viu passar os primeiros anos de seu filho porque estava no piloto automático, anestesiada pelo modo de vida acelerado e distraído em que estamos sendo conduzidos,como manada, a viver. Meu coração chora quando penso que teria passado pela infância do meu filho exatamente dessa maneira se não tivesse mergulhado no caminho do autoconhecimento e do autodesenvolvimento amparada pelas práticas de mindfulness e meditação. Foi tão relevante no meu processo que criei o MÃEditação, um programa de meditação guiada para mães. A gente quer que o mundo inteiro descubra algo que mudou a nossa vida, não é mesmo?
Com a prática, você vai conseguindo viver aquilo tudo o que já aprendeu sobre a mãe que deseja ser. Essa é a parte mais importante do processo, afinal de contas, como já dizia o mestre Carl Gustav Jung, “saber e não viver é ainda não saber”. Eu já sei a mãe que quero ser, pratico mindfulness e meditação para conseguir viver isso que já sei, entende?
Não incluo essas práticas em minha vida por vontade própria — até hoje não acho uma delícia parar para meditar, confesso —, mas porque gosto de quem eu consigo ser com elas.
Há uma outra questão extremamente importante: o amor percebido pela criança. Existe uma diferença enorme entre o amor recebido e o amor percebido pelos nossos filhos. Uma coisa é a quantidade de amor que eu sinto e direciono para aquele que é a coisa mais importante do mundo para mim, aquele por quem eu daria minha própria vida, aquele que significa tudo pra mim. Outra coisa é o amor percebido por ele. A falta de paciência esconde o amor. Viver numa correria frenética de “vamos logo”, “corre”, “já estamos atrasados” também cria uma neblina espessa entre o amor que sentimos e o que nossas crianças percebem. É preciso aprender a amar. Meditar não muda o quanto amamos nossos filhos, mas o quanto eles se sentem amados por nós. E isso muda tudo! Reflete na nossa conexão e vínculo, aumenta e fortalece a autoestima deles, abre o canal de comunicação e cria uma base sólida para os seres humanos incríveis que serão no futuro porque se sentiram plenamente amados!










