Vou começar a coluna desse mês com uma pergunta que parece boba mas não é: o homem sabe cuidar?
Depois que comecei a minha jornada paterna, me descobri como pai. Sabe a sensação da responsabilidade de cuidar de um bebê que não sabe nem o próprio nome e depende 100% de você? Pois é, num primeiro momento esse sentimento chega a ser assustador, mas com o passar do tempo e com as trocas de fraldas (rs), o que antes era assustador se torna apaixonante e, a partir daí comecei a me perguntar “por que eu nunca quis ser pai?”.

A verdade é que assim como eu, muitos homens têm medo da paternidade porque acham que não sabem cuidar. Sabe aquele famoso “isso não é pra mim”.
Nós não fomos criados para isso, até pouco tempo atrás, o cuidado era um atributo quase que exclusivamente feminino e qualquer ato considerado feminino era um risco para a nossa masculinidade. E eu me refiro ao cuidado como um todo, principalmente o autocuidado. Quantos de nós não temos quase que implorar para que nosso pai vá ao médico?
Eu mesmo fui criado assim e a consequência disso é que crescemos com a sensação que não sabemos cuidar. Eu me olhava no espelho e pensava “eu não sei cuidar de mim, imagina de um filho”. E se percebermos isso está no nosso dia-a-dia, quantas vezes não escutamos “cadê a mãe dessa criança?”, ou quando o pai quer tomar a frente da situação “você vai dar conta?”. Minha insegurança com a paternidade vinha muito desse lugar e hoje é claro pra mim que isso acaba agravando alguns cenários de abandono paterno e a falta de disponibilidade afetiva do pai com a criança.
Acho muito importante homens paternos falarem e mostrarem suas paternidades para que esses “mitos” e falsas sensações de falta de capacidade, acabem e com isso os índices absurdos de abandono paterno e/ou falta de registro do pai na certidão da criança, diminuam.