A reprodução assistida é uma boa alternativa para os casais que não podem engravidar conseguirem realizar o sonho de ter filhos. Mas em meio ao turbilhão de emoções, surgem as dúvidas. Qual é a diferença fertilização in vitro e inseminação artificial? É tudo a mesma coisa?
De fato, ambas são técnicas de reprodução assistida. Mas a dificuldade de ter filhos pode ter diversos motivos, tanto masculinos como femininos, e cada combinação de condições é responsável por determinar o procedimento adequado. Nos casos mais simples, normalmente é escolhida a inseminação artificial, enquanto para os mais complexos, a fertilização in vitro é a mais indicada.
Conversamos com a Dra. Melissa Cavagnoli, especialista em reprodução assistida da Huntington Medicina Reprodutiva, mãe de Maria Luisa, para entender as diferenças entre os procedimentos. Basicamente, o que difere a fertilização da inseminação é a maneira como os óvulos são fecundados.
A inseminação artificial consiste em encurtar o caminho percorrido pelos espermatozoides. Ou seja, o sêmen do parceiro ou de um banco de espermatozoides é coletado e introduzido diretamente no útero da mulher para então fecundar o óvulo e gerar o feto. “É um método de baixa complexidade, como se a gente desse uma ajudinha para a natureza”, explica Melissa. Com o campo livre, a corrida até o óvulo ocorre sem problemas. Para potencializar as chances de sucesso, a paciente toma uma medicação à base de hormônios, como o HCG, que estimula a ovulação. Enquanto isso, o sêmen do parceiro é colhido em laboratório e os espermatozoides com maior mobilidade, que têm mais potencial, são separados e injetados no útero. Caso o homem produza poucos espermatozoides, o sêmen é coletado e tratado para que sua concentração aumente.
Segundo a especialista, com a inseminação artificial, as chances do mulher engravidar são de 25%, se ela tiver menos de 35 anos. “Esse método é indicado para quando o homem tem um bom espermograma ou quase normal e a mulher tenha as trompas permeáveis, ou seja, sem obstruções”, aponta Melissa.
A inseminação também é indicada para casos em que o casal não consegue estar junto no período fértil da mulher para ter relações sexuais, e para mulheres jovens com endometriose que precisaram passar por cirurgia — desde que as trompas estejam abertas.
Conhecida também como FIV ou “bebê de proveta”, a fertilização in vitro é um procedimento mais complexo. Nela, a origem da vida acontece fora do corpo da futura mãe. De acordo com Melissa, esse método é indicado quando as tubas uterinas são obstruídas, impedindo a fertilização natural, ou pouco competentes, além de casos de endometriose profunda, ovário policístico, idade mais avançada da mulher, homens com alteração no sêmen — como baixa concentração ou mobilidade — e possíveis alterações genéticas que podem ser transmitidas ao bebê.
O processo consiste em cinco etapas. Primeiro, a mulher é medicada para estimular o crescimento de mais de um óvulo por ciclo menstrual, com injeções diárias à base dos hormônios usados no procedimento da inseminação.
Depois, esses óvulos são aspirados por uma agulha e colocados em uma substância cheia de nutrientes para mantê-los vivos no laboratório. Os espermatozoides são adicionados aos gametas femininos para que um deles consiga fecundar o óvulo. Com a fertilização, o embrião é mantido em uma estufa, onde começa a divisão celular. Se o processo for bem sucedido, após cinco dias o embrião é colocado no útero da mulher. Segundo Melissa, se dois embriões forem transferidos para o útero mulher, a chance de sucesso é de 55%.
Leia também:
Fertilização deve ser paga pelo plano de saúde
Fertilização in vitro cresceu 149% nos últimos cinco anos no Brasil