Todas as famílias têm problemas, e não apenas um tipo de problema, por exemplo: econômico, ou uma doença terminal, mas vários problemas que vão se apresentando ao longo da vida, em cada etapa, e até multi-problemas simultâneos.
Isso independe da classe social, cultura ou etnia de cada família. Faz parte da missão existencial familiar evoluir e preparar a próxima geração melhor do que a própria. Colocar seus filhos aptos para o mundo lá fora, um mundo sempre em transformação, diferente do nosso, da nossa infância. Temos que prepará-los, mas nem nós como pais estamos totalmente prontos, pois estamos em permanente aprendizagem e desenvolvimento, e temos sempre questões anteriores com nossa família de origem, que nos engancha e dificulta avançar. Esse é sempre um desafio e tanto quando formamos uma família.
Tem uma série americana chamada “This Is Us” que de uma maneira bem prática, sem psicologismos ou análises profundas, mostra que todos nós, sem exceção, não estamos isentos de sofrimentos e dificuldades em menor ou maior grau no convívio familiar, a despeito de todo amor que sentimos pela nossas crias.
Cada um expressa seu afeto de um jeito próprio e nem sempre se é entendido e compreendido, pois são ângulos, pontos de vista, e histórias diferentes. Daí tamanha confusão, drama e discórdia dentro da família entre seus membros que convivem no dia a dia. Há que se aprender as várias linguagens do amor, e as várias maneiras de se preocupar e “cuidar” do outro. Essa é a maior das virtudes: conviver com as diferenças de personalidade, geração, humor e limites de cada um. Não é fácil e sempre acabamos por nos meter em situações delicadas e tensas, mesmo que procuremos evitar o conflito a todo custo. Acontece e a família nos põe à prova a todo momento! É um exercício permanente.
Neste momento em que passamos por essa crise, que nos assusta e assola em todos os sentidos e vivendo confinados, temos visto uma grande piora nas relações intra-familiares. Crianças fora da escola, adultos trabalhando em casa, idosos reclusos, tudo isso cria um cenário propício ao confronto e ao desgaste emocional. Acabamos desabafando com aqueles que temos mais proximidade mesmo.
Haja competência e paciência dos pais para dar limites às crianças, segurar a onda para conseguir acalmar um pouco o panorama que se coloca. De fato, as famílias estão vivendo uma “prova de fogo” para administrar todo esse estresse e ansiedade generalizadas.
Mas, o mais importante é aceitar que os problemas fazem parte da família. Não existe a tal da “família de propaganda de margarina”, com todos felizes o tempo todo, desde a hora em que acordam, até a hora de dormir. Isso é ficção e não realidade.
Fica a dica desta série para colaborar na percepção de todos e no arrefecimento de nossas próprias cobranças e expectativas, por vezes irreais. Aprender a negociar, a administrar conflitos em nome do amor é fundamental na construção e manutenção da família.
Pertencer à própria família, embora necessário psiquicamente e desejado por todos, não é um processo em linha reta, está cheio de curvas, desvios, obstáculos, subidas e descidas no trajeto. E cada um destes desafios e desafetos nos ensina a sermos mais humanos e humildes, pois ninguém é “dono da verdade” em termos relacionais.
Vamos sempre nos enriquecer e amadurecer como pessoa para dar conta da vida em família. Nesta série podemos ver através das situações de cada personagem a complexidade de amar e ser amado, por mais simples que possa parecer. Recomendo e gostaria de saber o personagem que mais lhe interessa ou se identifica nesta série. Antes, só estava disponível na Amazon, mas agora está no Now também. Até a próxima!
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