*Por Gladys Magalhães, mãe de Miguel
No final de 2017, foi divulgado o “Atlas Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia”, elaborado pela professora Larissa Mies Bombardi, da Faculdade de Geografia da Universidade de São Paulo (USP).
Na ocasião, dentre uma série de dados bem preocupantes, um chamou atenção: do total de 25 mil casos notificados pelo Ministério da Saúde sobre a contaminação de agrotóxicos na população, entre os anos de 2007 e 2014, 20% eram de crianças.
Segundo informações da Rede Brasil Atual, os dados sobre crianças e adolescentes intoxicados referem-se, especialmente, às crianças que vivem no meio rural e à contaminação de alimentos com altas doses de produtos químicos utilizados na agricultura.
Independentemente disso, para o obstetra Alberto Guimarães, do Parto Sem Medo, pai de João Victor e Beatriz, a situação deve acender o alerta amarelo em pais e gestantes, visto que, a longo prazo, a ingestão em grandes quantidades de agrotóxicos pode trazer complicações para a saúde.
“No fundo é uma geração de produtos que são de mentira, que costumam ser mais atrativos, mas, por conta dos agrotóxicos têm grande potencial de facilitar o desenvolvimento de alergias, desencadear crises de bronquite e ainda, por mudar as defesas do organismo, no futuro, prejudicar o sistema renal, o fígado e, em casos extremos, até o sistema nervoso”, explica o médico.
Alimentos mais afetados
De acordo com o instrutor de agricultura orgânica Marcelo Fabiano Sambiase, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR-SP) e parceiro da Puro+, pai de Matheus e João, a chamada agricultura de agrotóxicos faz uso desses produtos químicos para o controle de pragas e doenças nas plantações.
Neste sentido, segundo a nutricionista maternoinfantil Larissa Marconi, da Estima Nutrição, filha de Maria de Fátima e José Luiz, os alimentos mais contaminados por agrotóxicos são: pimentão, morango, pepino, alface, cenoura, abacaxi, beterraba, couve, mamão e tomate.
Ainda que os alimentos in natura estejam mais relacionados ao uso de agrotóxicos, você está bem enganada se pensa que recorrer aos industrializados seja a melhor opção.
“A maior parte dos produtos industrializados possuem em sua composição alimentos de origem vegetal, portanto não estão livres dos agrotóxicos”, alerta Larissa. Além disso, parte destes produtos são ultraprocessados, ou seja, têm em sua composição aditivos químicos (corantes, estabilizantes e conservantes), excesso de açúcar, gordura e sódio. Assim, o melhor é sempre preferir os alimentos in natura.
Como driblar os agrotóxicos
Para reduzir a ingestão uma dica é optar pelas frutas e verduras da época, que possuem menos produtos químicos. Além disso, é preciso higienizar bem os alimentos e remover as cascas, porque a maior parte das substâncias tóxicas fica nessa região.
A receita de lavar frutas e legumes em uma solução de bicarbonato de sódio (1 colher de sopa) diluído em água ( 1 litro) também ajuda, mas é preciso lembrar que nem todo produto químico será removido, somente o que estiver na parte externa do alimento.
Dessa forma, os especialistas são unânimes ao apontarem o consumo dos orgânicos como a melhor solução. Neste caso, a compra em feiras especializadas, ou mesmo a produção da própria horta seriam maneiras de fugir dos altos preços.
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