
“A grande prova de amor que as crianças podem dar para os avós nesse momento de quarentena é ficar longe fisicamente e perto emocionalmente”, é assim que Vanessa Abdo, doutora em psicologia e CEO do Mamis na Madrugada, mãe de Laura e Rafael, resume a situação em que estamos vivendo. Diante da pandemia do coronavírus, é fundamental que cada um fique dentro de casa e essa medida se torna ainda mais importante para os idosos, uma vez que fazem parte do grupo de risco. Não está sendo e não será um período fácil, mas a especialista enxerga também como uma oportunidade de crescimento familiar.
“Tanto é importante a presença dos jovens na vida dos velhos como é importante a presença dos velhos na vida dos jovens. Os idosos por trazerem memória, costumes e o que de mais especial, único e exclusivo tem naquela família. Por outro lado, as crianças trazem a renovação da esperança, são a continuação da vida”, comenta. Por isso, cultivar essa relação é fundamental e, sim, possível mesmo em período de isolamento social. A tecnologia se torna nossa principal aliada nessa hora.
Alô, tudo bem?
Embora os aparelhos eletrônicos, muitas vezes, afastam quem está perto são muito importantes para aproximar quem está longe. Você pode gravar um vídeo do seu filho com uma mensagem para os avós ou até mesmo fazer um call ao vivo, para que ambos vejam que o outro está bem e bater papo. “Para as crianças com aula online, uma coisa que eu tenho feito muito em casa é recomendar pedir ajuda para os avós: ‘Ah, por que você não liga para o seu avô? Tenho certeza que ele vai poder te ajudar’, exemplifica. Dessa forma, Vanessa acredita que a criança percebe de forma real o quanto a sabedoria está relacionada à idade.

Mesmo com a distância física, a pandemia está oferecendo uma chance de reconexão com o que realmente faz sentido para você e tem valor. A especialista explica que é comum os mais velhos reagirem com teimosia nesse período: “Eles têm mais resistência de ficar em casa, porque já viveram muitas histórias de superação e não acreditam que a ‘gripe’ irá pegá-los ou, pelo menos, não acreditam que depois de viver tanto seja isso que irá fazer um grande estrago”. Assim, ficam nesse conflito entre permanecer em casa sozinho e lidar com a própria frustração ou se arriscar em algo que nem acreditam ser tão real.
Novos aprendizados
Portanto, filhos (que hoje também são mães e pais) é a vez de trocar de papel e garantir que os idosos permaneçam em quarentena. E para tornar esse tempo menos complicado, aplique as dicas das ligações e chamadas de vídeo. A saudade vai bater, de ambos os lados, mas esses minutos diários vão dar um gás extra para continuar seguindo as recomendações de segurança. “Nós vivemos em uma época com muita valorização do novo e desqualificação do antigo. Esse momento que a gente vai enfrentar, de alguma forma, deixará claro o quanto é importante a presença dos velhos na nossa família”, acrescenta. Daqui a pouco a doença passa e esses ensinamentos permanecem.