Ouça o Podcast falando sobre adoção aqui
“A vida inteira quis adotar um filho ou uma filha. Morro de inveja de quem adota”, diz Mônica Figueiredo, diretora de redação da revista Pais & Filhos e mãe da Antonia. No podcast de hoje, conversamos com Paulo Borges, diretor criativo do São Paulo Fashion Week, que adotou Henrique, e com a psicóloga Cláudia Vidigal, mãe de João Pedro e de Tomas, que atua como coordenadora geral do Instituto Fazendo História, uma ONG que trabalha, pela preservação da história das crianças que estão nos abrigos.
Como adotar no Brasil, passo a passo
Pais que adotaram crianças com necessidades especiais
“A decisão de adotar o Henrique e ser pai solteiro, realmente foi uma decisão muito forte na minha vida. Eu crio o Henrique como pai e como mãe, né? Fisicamente, intelectualmente, sou que eu estou ali do lado dele. A sensação que eu tenho é que ele nasceu de mim, ele não foi adotado. O episódio da adoção desaparece muito rápido da relação e é muito bonito isso, muito bonito de viver, muito bonito de ver”, conta Paulo.
O Cadastro Nacional de Adoção, criado há cinco anos, tem 29.284 adultos em busca de um filho e 5.471 menores aptos a serem adotados. Existem quase 40 mil crianças em abrigos que não estão no cadastro nacional porque ainda têm algum vínculo com a família biológica. A criança só é cadastrada quando há uma sentença de destituição do poder familiar, sem mais possibilidade de a família recorrer.
Segundo Claudia Vidigal, não há perfil único dessas crianças. “A gente precisa começar entendendo que estar no abrigo não significa fazer parte de um grupo de crianças único. As crianças que estão nos abrigos vêm de histórias muito diferentes. Algumas histórias de negligência, outras de abandono, outras de violência, outras de miséria, que nem deveriam estar ali, mas estão. Portanto há crianças que cresceram em famílias muito amorosas, mas estão afastadas dessa família, e outras que estão ali dando graças a Deus por estarem ali.
Claudia explica que existe atualmente um Plano Nacional de Direito a Convivência Familiar e Comunitária. “O Brasil está dizendo que as crianças, mesmo as que vivem nos abrigos, têm direito a convivência comunitária e familiar. Para que isso aconteça a comunidade precisa abraçar essa causa. Há programas de voluntariado, de apadrinhamento afetivo, que, se forem encarados com responsabilidade, podem de fato ajudar”.
Há também a possibilidade de apadrinhamento afetivo, que ajuda ao criar um vínculo de longa diração. “O que não ajuda é aquela pessoa que vai um dia no abrigo pra dar uma olhada, pra ver, pra fazer uma visita”, diz Claudia.
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