Quando a separação se torna um campo de batalha, as vítimas podem ser as crianças, que ficam no meio de disputas entre os pais. Em muitos casos, uma situação silenciosa pode surgir: a alienação parental. Esse fenômeno afeta não apenas a mãe, mas principalmente a criança, que é manipulada para rejeitar um dos genitores, prejudicando sua relação com ele. Mas como a justiça pode ajudar as mães a protegerem seus filhos dessa violência psicológica? Vamos entender tudo sobre esse processo e como agir para proteger os laços familiares.
O que é alienação parental?
Alienação parental é uma forma de violência psicológica que ocorre quando um dos pais manipula a criança para prejudicar o vínculo dela com o outro genitor. De acordo com a advogada de família e diretora jurídica da associação Henry Borel, Barbara Heliodora, “a alienação parental afeta principalmente a criança, que tem seu direito à convivência familiar violado”. Esse comportamento pode se manifestar de diversas maneiras, como desqualificar a conduta do outro genitor, dificultar o contato ou omitir informações importantes, como dados sobre saúde e escola.
Embora possa começar de maneira sutil, com pequenos comentários ou atitudes, a alienação parental tem impactos profundos. “A mãe percebe que algo está errado quando a criança começa a demonstrar resistência ao contato, repete frases negativas ou demonstra ansiedade excessiva nas transições entre as casas”, explica Barbara.
Como identificar a alienação parental?
A alienação parental pode ser difícil de identificar, especialmente porque as ações do genitor alienador muitas vezes são discretas. A resistência ao contato com a mãe, a repetição de frases negativas que não correspondem à realidade familiar e a recusa em passar tempo com o genitor afetado são alguns dos sinais de alerta.
Se a criança apresenta esses comportamentos, é importante estar atenta a esses sinais e buscar ajuda profissional. Além disso, Barbara aconselha que as mães mantenham um registro de todos os episódios suspeitos, como mensagens ignoradas ou visitas desmarcadas sem justificativa. Esses registros podem ser essenciais para comprovar a alienação parental em um processo judicial.
Como a justiça pode ajudar as vítimas?
O sistema judicial brasileiro oferece diversas ferramentas para combater a alienação parental e proteger as mães e crianças afetadas. De acordo com a Lei 12.318/2010, o juiz pode determinar uma série de medidas para reverter a situação e restabelecer o vínculo familiar, que vão desde advertências ao genitor alienador até a inversão da guarda, nos casos mais graves.
“Quando identificada a alienação, o juiz pode determinar a ampliação do regime de convivência com a mãe alienada, estabelecer acompanhamento psicológico para a família, impor multas e até reverter a guarda, se necessário”, explica a especialista. A decisão final, no entanto, depende do contexto de cada caso e deve ser focada no bem-estar da criança.

A importância de documentar e buscar ajuda psicológica
A principal dificuldade enfrentada pelas mães vítimas de alienação parental é provar o que está acontecendo. Por isso, Barbara recomenda que as mães documentem todas as tentativas de contato frustradas, guardem mensagens, e-mails e registros de ligações. “Ter um diário detalhado dos episódios de alienação e solicitar relatórios escolares pode ser crucial para fortalecer o caso”, aconselha a advogada.
Além disso, buscar avaliação psicológica tanto para a mãe quanto para a criança é essencial. A psicologia pode ajudar a compreender o impacto emocional do processo e garantir que a criança receba o apoio necessário para lidar com a situação.
Consequências da alienação parental para as crianças
Embora muitas vezes os pais alienadores se concentrem em sua dor e mágoa após a separação, o impacto mais profundo recai sobre as crianças. Crianças expostas à alienação parental têm maior propensão a desenvolver problemas emocionais, como depressão, ansiedade e baixa autoestima. Essas dificuldades podem afetar os relacionamentos da criança ao longo da vida e sua saúde mental.
Conscientização é a chave
Barbara Heliodora destaca que a conscientização sobre o fenômeno é fundamental para combatê-lo. “Muitos genitores praticam a alienação sem perceber, movidos por mágoas e rancores do relacionamento que acabou”, explica. A especialista reforça que o fim de um relacionamento conjugal não significa o fim da relação parental e que, mesmo após a separação, os pais devem manter uma comunicação respeitosa, focada no bem-estar dos filhos.
Quando isso não é possível, a mediação familiar pode ser uma alternativa para estabelecer acordos que garantam o direito da criança à convivência com ambos os genitores, sem prejudicar sua saúde emocional.
A proteção da relação mãe-filho
A alienação parental é uma realidade que muitos não percebem até que os danos estejam feitos. Para proteger a relação com os filhos e garantir que a criança tenha uma convivência saudável com ambos os genitores, é essencial que a mãe busque ajuda legal e psicológica assim que identificar os sinais de alienação. O sistema judiciário está disponível para garantir que os direitos da criança sejam respeitados e que a convivência familiar seja preservada.
Por isso, se você suspeita que está sendo vítima de alienação parental, procure orientação jurídica o quanto antes. A sua ação pode ser fundamental para proteger o futuro emocional do seu filho e garantir que a relação com ele seja saudável e amorosa.