Família

Após duas semanas do ataque, creche volta às aulas com recepção especial para os alunos

Personagens recepcionam crianças na volta às aulas na creche em Blumenau - Reprodução/Instagram/ @ceicantinhobompastor
Reprodução/Instagram/ @ceicantinhobompastor

Publicado em 17/04/2023, às 11h25 por Redação Pais&Filhos


Na manhã desta segunda-feira, 17 de abril, as escolas de Blumenau, em Santa Catarina, retornaram às aulas, incluindo o CEI (Centro de Educação Infantil) Cantinho do Bom Pastor, depois de doze dias do ataque que deixou 4 vítimas fatais. As aulas da rede pública e privada estavam suspensas desde o dia 5 de abril.

Pais, professores e moradores dos arredores da escola que sofreu o ataque se juntaram em um mutirão para a reconstrução da área externa. Foi levantado um muro ainda maior e toda fachada foi refeita. Entre as mudanças, todas as escolas contarão com agentes de segurança, botão de pânico e outras medidas de segurança que serão implementadas pelas autoridades do estado.

No local foi construído um novo parque para as crianças. Na recepção foram colocados balões coloridos, um psicólogo, que esteve por perto para prestar auxílio aos pais e professores no volta às aulas. Pessoas vestidas de personagens infantis também estavam presentes na frente da escola para o acolhimento no momento da entrada.

Personagens recepcionam crianças na volta às aulas na creche em Blumenau (Foto: Reprodução/Instagram/ @ceicantinhobompastor)

A importância da família neste momento

O ataque na creche de Blumenau chamou a atenção diante dos casos de violência que chocou o país nos últimos dias. Apesar da situação delicada, especialistas defendem o retorno às aulas, mas sempre contando com uma rede de apoio que inclui pais, alunos e professores para que a comunidade escolar possa retornar à rotina.

Em casa, Roberta Bento, especialista em educação e neurociência cognitiva, fundadora do SOS Educação e mãe de Taís, afirma que o primeiro passo é dar abertura para que os filhos coloquem suas dúvidas, falem sobre seus medos e compartilhem aquilo que ouviram lá fora ou através da tecnologia. “Validar o sentimento de medo, ou qualquer outra emoção que a criança expuser é fundamental para que ela possa reencontrar o equilíbrio e sentimento de segurança”.

Depois de ouvir, é o momento de se colocar. “Diga que você está, junto com a escola e os outros pais, cuidando para que todas as crianças possam ficar tranquilas e seguras. Encerrar a conversa com uma fala positiva, do tipo ‘vai ficar tudo bem’ ou lembrando de algum personagem de quem a criança goste e que tenha superado um desafio ajuda a aliviar a pressão que seu filho possa estar enfrentando”, aconselha ela.

Faixada da creche de Blumenau
Alunos retornaram às aulas hoje em Blumenau, Santa Catarina (Foto: Reprodução/RBS tv/Redes Sociais)

Mas, antes de qualquer conversa com os filhos, é importante que os pais também acolham seus próprios sentimentos. Sandra Dedeschi, pedagoga, mestre em Psicologia Educacional e autora e assessora pedagógica da Semente Educação, fala sobre a importância de adultos conversarem com parceiros ou pessoas de confiança sobre o que estão sentindo. “Só assim é possível acolher as crianças, sem reforçar ou até mesmo potencializar as emoções desagradáveis que naturalmente estão presentes nesse contexto, como medo, ansiedade e angústia”.

Assim como em casa, o ambiente escolar também deve abrir espaço para acolhimento dos sentimentos de todos os envolvidos: pais, alunos e professores. “As trocas nesses momentos de diálogo, como as rodas de conversa, ajudam que eles percebem que outros compartilham das mesmas emoções e dúvidas. E é um ótimo momento para incentivá-los sobre a importância de manter a calma, ser mais paciente, diante da situação que é bastante delicada”, explica Sandra. 

De acordo com a Associação Brasileira de Escolas Particulares (Abepar), a orientação é que as instituições de ensino tomem medidas reforçando os laços entre elas e todos que integram a comunidade escolar. “No que se refere às escolas, elas devem revisar os protocolos de segurança, melhorar a segurança externa, mas também é preciso reforçar a segurança dos muros da escola para dentro, ou seja, fazendo a escuta e o acolhimento dos alunos, professores e famílias”, reconhece Maria Eduarda Sawaia, presidente da Abepar e diretora fundadora da Beacon School.

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