
A paulistana Tanili Monteiro, 31 anos, grávida do primeiro filho, mudou-se para Cancún, no México, há três meses, com o companheiro. Eles planejavam dar uma vida melhor ao primogênito, que se chamará Zion.
O casal já tinha emprego garantido no setor de turismo, um dos mais afetados pela pandemia em decorrência do novo coronavírus. Agora, sem trabalho e sem ter como pagar o parto da criança, que deve nascer até o início de junho, ela conta apenas com a solidariedade de amigos e da família, que ficou no Brasil.
A recomendação de algumas companhias aéreas é que a gestante não viaje a partir da 32ª semana. “Com 33 semanas de gravidez, e essa pandemia, não tenho nem como voltar para o Brasil agora”, afirmou ela, segundo a UOL.
Talini ganhava a vida com artesanato, em São Paulo, enquanto o companheiro era motoboy. Uma amiga que mora em Cancún indicou os dois a algumas vagas no setor hoteleiro: ela cantaria num hotel enquanto ele faria serviço de call center, fechando pacotes de viagem, e ainda receberia comissão. Os dois morariam com essa amiga até arrumarem um canto.
Porém com o isolamento social, o hotel onde ela já estava ensaiando para se apresentar fechou, e o marido foi dispensado do serviço. Ele está recebendo metade do combinado, valor que não paga o aluguel.
A parteira, que cobrou 23 mil pesos (cerca de R$ 5 mil reais), não aceitou renegociar o valor. Talini contava ganhar esse dinheiro para pagar o serviço.”Mandei mensagem contando a minha situação e propondo que tentássemos negociar outro preço, que eu me viraria, mas ela não quis nem conversar”, lamenta. “Aqui no México, pelo menos onde moramos, o hospital público não atende de graça, mas com seguro saúde, e o parto mais barato que encontrei custa 15 mil pesos (cerca de R$ 2 mil). Não temos nem cartão internacional. Ou seja, até agora eu não sei onde terei meu filho”, desabafou ela.
Com o valor que o companheiro ganha hoje, cerca de R$ 500, o casal teve que se mudar para conseguir pagar o aluguel. A dupla ainda não tem enxoval para a criança, e ela nem mesmo tem feito o pré-natal.
Os dois estão vivendo da ajuda de amigos e da família, e recentemente abriram uma vaquinha virtual. “Minha mãe era merendeira e ficou cega antes de eu viajar. Meu pai é aposentado e pediu empréstimo para me ajudar. Tios e primos também colaboram. Se essa quarentena continuar por muito tempo, vamos voltar assim que meu filho puder viajar. Mas não era essa a ideia”, lamentou.