Dormir junto com os filhos pode parecer uma solução prática (e muitas vezes irresistível) para noites mal dormidas. Mas será que essa prática é realmente segura? Quando a cama compartilhada ajuda e quando pode atrapalhar o sono e a independência da criança? Vamos desvendar esse hábito que divide opiniões.
Cama compartilhada com bebês: riscos que não podem ser ignorados
Se você tem um bebê com menos de um ano, dormir junto na mesma cama não é seguro. De acordo com a Academia Americana de Pediatria (AAP), essa prática aumenta significativamente o risco de sufocamento, aprisionamento e síndrome da morte súbita infantil (SIDS). O bebê pode ficar preso entre cobertores, travesseiros ou até mesmo no corpo do adulto, sem conseguir se mover para uma posição segura.
Mas calma, isso não significa que você não pode estar por perto. A recomendação da AAP é o compartilhamento de quarto, ou seja, manter o berço ou moisés do bebê no mesmo ambiente que os pais, pelo menos até os seis meses. Isso ajuda a reduzir o risco de SIDS e ainda facilita as mamadas e cuidados noturnos.

Cama compartilhada com crianças pequenas: até que ponto é seguro?
Quando a criança passa de um ano de idade, a cama compartilhada se torna menos arriscada em termos de segurança física. No entanto, ainda existem algumas questões importantes a considerar.
Estudos mostram que dormir junto pode afetar a qualidade do sono dos pais e, a longo prazo, impactar a independência da criança. Além disso, há o risco de que ela tenha dificuldades para dormir sem a presença dos pais em outras situações, como na escola ou em visitas à casa de amigos e familiares.
Se a cama compartilhada está funcionando para a sua família e todos dormem bem, pode não haver problemas imediatos. Mas se as noites estão sendo interrompidas constantemente ou se a criança não consegue dormir sem os pais, talvez seja hora de pensar em uma transição para o próprio quarto.
Cama compartilhada com crianças maiores: quando é hora de mudar?
Na fase pré-escolar, a recomendação geral é incentivar a criança a dormir de forma independente. Dormir sozinho ajuda no desenvolvimento da autonomia, na regulação emocional e até mesmo na qualidade do sono.
Se a criança já tem idade para entender combinados, mas ainda resiste em dormir sozinha, uma transição gradual pode ser a solução. Em vez de mudar radicalmente a rotina, experimente pequenas alterações, como:
- Criar uma rotina noturna previsível e relaxante.
- Fazer com que a criança se sinta segura e confortável no próprio quarto.
- Permitir a presença de um objeto de apego, como um bichinho de pelúcia.
- Permanecer no quarto dela por um tempo até que ela adormeça, reduzindo gradualmente esse período.
Se houver resistência (e isso é bem comum!), manter a paciência e a consistência será essencial. Com o tempo, dormir sozinho se tornará algo natural para a criança.

Como ajudar seu filho a dormir no próprio quarto?
A transição da cama compartilhada para o sono independente pode levar um tempo, mas algumas estratégias ajudam nesse processo:
- Mantenha horários fixos para dormir: Crianças precisam de previsibilidade, então tente manter um horário regular para o sono.
- Crie um ritual relaxante: Banho morno, história antes de dormir e um ambiente tranquilo ajudam a sinalizar que é hora de descansar.
- Afaste-se aos poucos: Se seu filho tem dificuldades para dormir sozinho, comece colocando um colchão no quarto dele e vá reduzindo a proximidade com o tempo.
- Defina limites claros: Explique que cada um tem sua cama e que isso faz parte do crescimento. Seja firme, mas compreensivo com os desafios da adaptação.
Se, mesmo com todas essas dicas, a criança continuar enfrentando dificuldades para dormir sozinha ou demonstrar muita ansiedade com a mudança, vale a pena conversar com um pediatra ou especialista em sono infantil.
Afinal, o objetivo é que todos tenham noites de sono mais tranquilas – e isso inclui os pais.