O casal Rosângela Martins dos Santos de Lara, de 50 anos, e Nelson de Lara, de 57, moram na cidade de Peruíbe, litoral de São Paulo. Ao adotarem uma espécie que achavam ser de mini porco em 2018, perceberam que foram enganados, após o animal atingir 250 kg e ter mais de 1,60 m.
Hoje a porca tem 3 anos e vive com 6 cães e 8 gatos em uma casa simples construída em um terreno com 37 metros de comprimento por 6 de largura. Lilica é o “xodó da família”, ela tem de tudo, desde dieta especial com frutas e legumes, banho com escovação a massagem com óleo de coco.
Até as “unhas” do pé (que na verdade são os cascos) são cortadas cuidadosamente com ajuda de um alicate usado por pedreiros. “Se engana quem pensa que o porco é sujo. Ela adora tomar banho, só faz necessidades no quintal, em um lugar só. Os meus cachorros são mais ‘porcos’ que ela”, brinca a dona. “Só não esperava que ela fosse ficar grande assim. Me enganaram na época”.
Quando Rosângela viu uma amiga com o irmão de Lilica quando era pequeno, na hora quis saber onde conseguia arranjar um também, foi aí que tudo começou. “Quando eu fui lá na casa dele e vi a Lilica, ela era a menorzinha de todos, na hora quis ficar com ela. Já estava prometida para o filho dele, mas eu insisti e ele concordou. Ele me garantiu que ela não cresceria mais que um cachorro. Só que agora ela está do meu tamanho.”
Infelizmente à medida que Lilica crescia os problemas iam aparecendo, o casal precisou trocar as percintas do sofá da casa, pois de tanto o animal deitar sobre ele, a estrutura afundou. O animal também começou a recusar certos alimentos, por isso a dieta especial que tiveram que dar.
Diariamente, a porca de estimação come entre 5 e 6 kg de tomates, goiabas, maçãs, mandiocas, caquis e pêssegos que os feirantes da cidade costumam doar ao casal. Quando as doações são insuficientes, Rosângela oferece até a ração dos cães para ela comer – o que Lilica adora. “Nós dávamos ração para porcos, mas ficou muito cara, não temos condições”, conta a dona de casa.
“Meu marido é pescador, estávamos com o barco quebrado, só agora que conseguimos arrumar. Ela é tão danada que, quando estou na cozinha e ela está com fome, começa a grunhir e cutucar a minha perna com o focinho. Se eu não dou na hora que ela quer, ela derruba as cadeiras, tenta abrir a geladeira quando não estou olhando, puxa a toalha da mesa da cozinha com as coisas em cima. Ela é muito carinhosa, mas também pode ser bem geniosa.”
Mesmo o casal amando o animal como se fosse filha, tem algumas pessoas interessadas em transformar a porca em refeição. Rosângela e Nelson deixam Lilica passear pelo terreno dos vizinhos, mas sempre observando se alguém não rouba ela. A mulher contou que já recebeu oferta de R$1,5 mil para comprar a Lilica, mas ela recusou pois disse que a porca é parte da família.
Rosângela se sente um pouco arrependida de ter pego o animal pois agora está dependente dele, não pode viajar e nem deixá-la sozinha, mas por outro lado adora a companhia da porca, pois como sofre de depressão, ter uma companhia e um animal para cuidar é ótimo para ela.
“Ela dorme no meu quarto. Antes, dormia numa caminha de cachorro. Depois que cresceu, tive que colocar um colchão de solteiro. Além dos gatos e dos cachorros, ela é minha companheira mais próxima, me segue pela casa toda. Para mim, que sofro com depressão, cuidar dela e dos outros bichinhos é uma terapia.”, finalizou a dona.