Um casal negro da Pensilvânia, Estados Unidos, foi acusado de sequestrar os próprios filhos adotivos, dois meninos gêmeos brancos. Uma mulher, inclusive, chegou a ameaçar chamar a polícia quando as crianças tiveram um momento de nervosismo e birra em um parque de diversões.
Brayden e Trevor, de 3 anos, foram separados da mãe biológica ainda bebês, porque ela sofria de dependência química, conforme relatado ao South West News Service. Jennifer McDuffie-Moore, de 43 anos, e o marido, Harry Moore, de 37, conseguiram oficializar a adoção dois dois quando eles completaram 2 anos. Depois de todos os papéis saírem, os gêmeos se juntaram aos filhos biológicos do casal, Joy, 21, e Kourtney, 11 e os outros filhos adotivos dos dois, Keenan, 10, e Sanchez, 8.
Jennifer, co-proprietária de um programa de cuidados infantis, e Harry, um mecânico, descreveram episódios racistas que vivenciaram como pais negros de crianças brancas. “Há um mês, estávamos brincando no parquinho e os gêmeos não queriam ir para casa. Uma senhora estava nos observando jogar e quando um dos gêmeos teve um acesso de raiva, ela me disse que iria chamar a polícia ”, disse Jennifer ao SWNS.
“Eu peguei as crianças e ela pensou que eu estava os roubando. Um dos gêmeos disse: ‘Não, essa é minha mãe!’ Não que justificasse, porque as pessoas devem cuidar da própria vida ”, completou ela.
Os dois também contaram que chegaram a ser parados pela polícia enquanto dirigiam a minivan da família. Em um episódio, um policial os interrogou sobre duas meninas adotivas brancas no veículo. “Estávamos voltando de um passeio em família de Delaware e fomos parados”, disse Jennifer. “Estávamos com nossos filhos e duas garotas loiras avermelhadas que estávamos cuidando no momento e a primeira coisa que os policiais perguntaram ao meu marido o foi: ‘De quem são esses filhos?’ E ele não foi gentil com a situação”, disse ela.
Harry disse que o policial alegou que os havia parado porque as janelas da minivan estavam muito escuras. “Mas sabíamos por que ele nos parou”, disse ele.
Os pais disseram que experimentaram os desafios raciais pela primeira vez quando adotaram Keenan, que também é branco, em 2016 – mas os episódios ficaram mais intensos após o assassinato de George Floyd e no auge do movimento Black Lives Matter.
“É muito comum vermos pessoas brancas adotando pessoas negras”, contou. “Mesmo cuidando da papelada, há muitas dúvidas sobre nossa capacidade de criar crianças brancas. Levamos 2.695 dias para adotar Keenan porque somos negros “, completou.
Jennifer seguiu contando que a questão racial é sempre debatida na casa da família. “Temos conversas sobre raça o tempo todo. Em nossa casa, conversamos sobre isso, sabemos que cada pessoa é diferente, é preciso reconhecer isso”.
Hoje, o casal conta que, apesar das dificuldades enfrentadas diariamente e dos casos que vivenciaram, eles não se veem mais sem os gêmeos. “Eles são definitivamente nossos filhos”, disse Jennifer. “Em vez de examinar a cor das pessoas, seu gênero ou suas preferências, as pessoas deveriam entender que o amor realmente sustenta uma família. Há tantas crianças por aí sem casa”, finalizou.