Nesta quinta-feira, 03 de dezembro, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) realiza a primeira audiência de instrução e julgamento do Caso Miguel, criança de 5 anos que não resistiu após cair do prédio de luxo em que a mãe, Mirtes Renata, trabalhava.
A audiência, que será conduzida pelo titular da unidade, o juiz José Renato Bizerra, acontece seis meses e um dia após a morte do menino, em 2 de junho, prevê o interrogatório de Sari Corte Real, ex-patroa de Mirtes, que será acusada de abandono de incapaz, com resultado de morte. A sessão ocorre a partir das 9h, na 1ª Vara de Crimes contra a Criança e o Adolescente da Capital, no Centro do Recife.
Na sessão da audiência de hoje, segundo o TJPE, será o interrogatório de Sari, ouvindo também testemunhas indicadas pelo MPPE e pela defesa. O número e os nomes das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa não foram divulgados pela Justiça.
Depois dessa audiência desta quinta-feira, 3 de dezembro, o juiz pode solicitar uma segunda audiência de instrução e julgamento, e somente depois dessa etapa é que acusação e defesa apresentam as alegações finais. A sentença de Sarí Gaspar Corte Real só deve sair no próximo ano de 2021. Além de ser julgada pelo crime, a mãe, o pai e a avó de Miguel pediram na Justiça uma indenização por danos materiais e morais, totalizando R$ 987 mil, a acusada, Sari Gaspar Corte Real.
A audiência
Segundo as informações do G1, o pai de Miguel Otávio, chegou pouco antes das 9h ao local da audiência. Muito emocionado, ele disse que espera apenas que a justiça seja feita, pela morte do filho. Já a mãe do menino, Mirtes de Souza, não falou com a imprensa antes de entrar no prédio.
Do lado de fora o Tribunal, acontecerá o ‘Grito de Justiça por Miguel’ ato convocado por Mirtes e a família do menino, em protesto pela vida, pelo enfrentamento ao racismo estrutural e diferentes violações dos direitos humanos contra as crianças, mulheres e famílias.
Relembre o caso
Miguel caiu do 9º andar do edifício Píer Maurício de Nassau, no bairro de Santo Antônio, no Centro do Recife, no dia 2 de junho. A queda aconteceu após a mãe dele deixá-lo com Sari Corte Real para passear com a cadela da ex-patroa.
O menino quis acompanhar a mãe, então, pouco depois da tragédia, imagens do elevador do prédio mostraram Sari Real junto de Miguel no elevador do prédio. Depois de convencer Miguel a sair do elevador quatro vezes, a primeira-dama desiste de acompanhar o garoto.
Ela então parece apertar o botão do elevador, deixando que a porta se fechasse com o garoto, sozinho, dentro. De acordo com as investigações da Polícia Civil de Pernambuco, Sari então voltou ao apartamento, para continuar seu tratamento com uma manicure.
Ao chegar ao nono andar, Miguel abriu a porta corta-fogo do andar e seguiu pelo corredor. Ele pulou o peitoril da janela, colocou os dois pés na caixa de compressores e, já na área técnica, subiu na grade, momento em que uma peça se soltou e o menino caiu.
Na época, Sari chegou a ser presa preventivamente um dia depois da morte, mas pagou fiança de R$20 mil, para responder ao processo em liberdade.