O aumento dos casos de sarampo em todo o mundo tem preocupado especialistas. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), os casos relatados da doença aumentaram 79% no mundo nos primeiros dois meses de 2022, em comparação com o mesmo período de 2021.
Nesta quarta-feira, 27 de abril, a OMS e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alertaram que os países podem estar diante de condições propícias para o surgimento de surtos graves da doença que pode ser prevenida pela vacinação. Por ser uma doença altamente contagiosa, os casos tendem a aparecer rapidamente quando os níveis de vacinação diminuem, o que tem acontecido nos últimos anos, principalmente durante e após a pandemia de covid-19.
Desde que o sarampo voltou aos registros oficiais, em 2019, já são mais de 40 mil pacientes e 40 mortes causadas pela queda na cobertura vacinal – metade das vítimas foram crianças abaixo de 5 anos. Este ano, já são 13 casos confirmados e cerca de 100 suspeitos da doença no Brasil.
A taxa de transmissibilidade do sarampo é entre 12 e 18. Isso significa dizer que, para cada caso da doença, provavelmente haverão outros 12 a 18 casos de pessoas infectadas, caso isso ocorra em uma população suscetível. Para efeitos de comparação, esse número é consideravelmente maior que a taxa de transmissibilidade da Covid-19.
A importância da vacinação
Para erradicar o sarampo e tirar o perigo de vista, a única resposta é a vacina. Enquanto é pequeno, seu filho não tem o poder de escolha sobre a vacinação e depende exclusivamente de você. Imunizar a família toda também funciona como um ato coletivo. Pense que, para uma doença conseguir sobreviver e se propagar, é preciso que outras pessoas estejam infectadas. Quanto mais gente protegida, o ciclo de um vírus ou bactéria se encerra e a doença pode ser erradicada. “Exceto para as doenças com exposição de risco individual, como o tétano e a febre amarela, a vacina funciona como uma arma coletiva da redução de circulação do agente infeccioso”, explica a pediatra Melissa Palmieri, membro da Sociedade Brasileira de Imunizações e coordenadora médica de vacinas do Grupo Hermes Pardini, filha de Antônio Carlos e Maria. Segundo a especialista, não faz sentido deixar que doenças erradicadas há décadas voltem a aparecer como ameaça.
Quais são os sintomas do sarampo
A fase inicial lembra um resfriado. A criança pode apresentar febre, coriza, tosse e até conjuntivite. É característico que a partir do quarto dia o corpo mancha de vermelho, começando pela cabeça. Trinta por cento das pessoas infectadas evolui para outras doenças mais sérias como a pneumonia. Não há uma medicação específica para tratar o vírus, o que dificulta a recuperação.
- Febre alta, acima de 38,5°C;
- Dor de cabeça;
- Manchas vermelhas, que surgem primeiro no rosto e atrás das orelhas, e, em seguida, se espalham pelo corpo
- Tosse;
- Coriza;
- Conjuntivite;
- Manchas brancas que aparecem na mucosa bucal conhecida como sinal de koplik, que antecede de 1 a 2 dias antes do aparecimento das manchas vermelhas
As complicações mais comuns do sarampo são:
- infecções respiratórias;
- otites;
- doenças diarreicas;
- doenças neurológicas
Como o sarampo é transmitido?
A transmissão do sarampo ocorre de forma direta, por meio de secreções ao tossir, espirrar, falar ou respirar. Por isso, o contágio da doença é muito grande. O período de maior transmissibilidade ocorre dois dias antes e dois dias após o início do exantema. O vírus vacinal não é transmissível. O sarampo afeta, igualmente, ambos os sexos.
Como é feito o tratamento do sarampo?
Não existe tratamento específico para o sarampo. Mas Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda administrar a vitamina A, em todas as crianças, no mesmo dia do diagnóstico do Sarampo, nas seguintes dosagens:
- Crianças menores de seis meses de idade – 50.000 Unidades Internacionais (U.I.): uma dose, em aerossol, no dia do diagnóstico; e outra dose no dia seguinte.
- Crianças entre seis e 12 meses de idade – 100.000 U.I: uma dose, em aerossol, no dia do diagnóstico; e outra dose no dia seguinte.
- Crianças maiores de 12 meses de idade – 200.000 U.I.: uma dose, em aerossol ou cápsula, no dia do diagnóstico; e outra dose no dia seguinte.
Para os casos sem complicação é importante manter a hidratação e a ajuda nutricional. Muitas crianças precisam de quatro a oito semanas, para recuperar o estado nutricional normal. As complicações como diarreia, pneumonia e otite média, devem ser tratadas de acordo com normas e procedimentos estabelecidos pelo Ministério da Saúde.