A velha conhecida catapora, ou varicela, entra em época de surto no fim do inverno e vai até o início da primavera. A doença é infecciosa viral, altamente contagiosa causada pelo vírus Varicella-zóster e o diagnóstico é clínico, ou seja, pode ser feito por meio da história da doença e exame físico do paciente. Seu diferencial? Algumas pequenas bolhas, manchas e crostas vermelhas que surgem na pele. É altamente transmissível pelo contato com o líquido das erupções cutâneas, pela tosse, espirro, saliva ou por objetos contaminados pelo vírus.
Conversamos com a Dra. Bárbara Furtado, pediatra e gerente médica de vacinas da GSK, que tirou algumas dúvidas sobre a doença. Confira:
Como a catapora pode ser prevenida?
A principal forma de evitar a doença é com a vacinação. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) recomendam duas doses da vacina contra a varicela: a primeira aos 12 meses e a seguinte a partir dos 15 meses de idade, com um intervalo de 3 meses da primeira dose. Outra medida que pode diminuir o risco de adquirir a doença é evitar contato com uma pessoa que tenha catapora, enquanto ela apresentar vesículas na pele.
Quem pode contrair?
A doença pode ocorrer em qualquer idade, mas é conhecida por ser uma doença comum na infância. Normalmente, temos contato com a catapora na primeira década de vida, sendo mais comum até o quinto ano de vida. As crianças menores, principalmente abaixo de 2 anos, assim como idosos e gestantes, são consideradas grupos de risco para complicações pela varicela. É nesta faixa etária que temos mais complicação e óbitos. Os dados do Ministério da Saúde no Brasil mostram que no período de 2012 a 2017 foram registradas 38.612 internações por varicela no Brasil, sendo o maior número de internação em pessoas > 50 anos com 12.455 (24,1%), seguidas pela faixa etária de 1 a 4 anos com 9.328 (24,1%) casos. Ainda neste período foram registrados 649 casos de óbitos por varicela com ou sem outras complicações, com destaque na faixa etária de 1 a 4 anos com 217 (33,4%).
Depois do contato com o vírus, em quanto tempo aparecem os sintomas?
O período entre o contato com o vírus e o aparecimento dos sintomas é de 4 a 16 dias e a transmissão se dá entre 1 a 2 dias antes do aparecimento das lesões de pele e até cerca de 6 dias depois, quando todas as lesões normalmente se encontram na fase de crosta. Deve-se afastar a criança da creche ou escola por cerca de 7 dias, a partir do início do aparecimento das manchas vermelhas no corpo.
Por que a pessoa não pode coçar as feridas que surgem na pele?
O risco de manipular (coçar) as feridas é a infecção secundária das lesões por bactérias. Essa é uma das complicações mais comuns da varicela. Principalmente em criança menores, onde manter uma higiene nas mãos pode ser um pouco mais complicado.
A doença merece uma atenção especial? Pode gerar complicações graves?
A varicela, diferente do que muitos pais acreditam, não é uma doença simples e sem complicações. Existem complicações e algumas bastante graves, podendo levar a óbito. A infecção secundária, como já falamos, é uma complicação comum, mas normalmente fica restrita à pele. Em alguns casos, essa infecção pode generalizar e desencadear casos de pneumonia, meningite e celulites, que requerem internação para tratamento com antibióticos. O próprio vírus Varicella-Zoster pode levar a complicações mais séria como a encefalite e a doenças futuras, como é o caso do Zóster (Cobreiro). Essa última é uma doença que só ocorre em quem já teve catapora.
Como é o tratamento da catapora?
No tratamento, em geral, são utilizados medicamentos específicos recomendados pelo médico para aliviar a coceira, a dor de cabeça e diminuir a febre. Os cuidados de higiene são muito importantes e devem ser feitos apenas com água e sabão. Para diminuir a coceira, o ideal é fazer compressa de água fria. As vesículas não devem ser coçadas e as crostas não devem ser retiradas.
É possível contrair catapora mais de uma vez?
Normalmente, as pessoas que tem a doença uma vez ficam imunes para o resto da vida. Porém, uma segunda ocorrência pode acontecer, particularmente, em pessoas com deficiência no sistema imune.
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