O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) anunciou nesta terça-feira, 13 de agosto, que conseguiu extrair com sucesso as gravações de voz e dados de voo das caixas-pretas do avião da VoePass que caiu em Vinhedo, São Paulo, na sexta-feira, 9 de agosto.

De acordo com informações do Cenipa e da Força Aérea Brasileira (FAB), as duas caixas-pretas continham registros do Cockpit Voice Recorder (CVR), que grava as conversas na cabine de comando, e do Flight Data Recorder (FDR), que armazena os dados técnicos do voo.
Os dispositivos foram enviados ao Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores do Cenipa, localizado em Brasília, no sábado, 10 de agosto. Desde então, a equipe técnica está dedicada à extração e análise dos dados coletados.

Segundo Marcelo Moreno, chefe do Cenipa, todos os diálogos e sons capturados estão sendo minuciosamente examinados. O acidente com o avião da VoePass, prefixo PS-VPB, resultou na morte de 62 pessoas, incluindo 58 passageiros e quatro tripulantes.
“Em relação ao CVR, estamos realizando um estudo detalhado dos diálogos e sons registrados na cabine e nas comunicações com o controle aéreo. Além disso, possíveis alarmes sonoros serão identificados e analisados utilizando softwares específicos de análise espectral. Já no caso do FDR, após a extração dos dados binários, convertemos essas informações em unidades de engenharia para uma análise precisa”, explica Moreno.

Com os dados agora em mãos, o Cenipa avança na validação das informações contidas nas gravações, conforme solicitado pela Comissão de Investigação. Esta fase requer o uso de recursos tecnológicos avançados e a consulta a documentações sobre atualizações de serviços, componentes e sensores da aeronave.
Serão examinados fatores como dados de voo, ambiente operacional, fatores humanos e questões estruturais do avião. O Cenipa mantém a previsão inicial de divulgar um relatório preliminar sobre o acidente dentro de 30 dias.

“O trabalho exige qualificação excepcional dos Recursos Humanos envolvidos, demandando meticulosidade e precisão em todo o processo. Isso pode resultar em uma variabilidade significativa no tempo necessário para responder às questões levantadas pela investigação”, conclui Marcelo Moreno.