Cientistas identificaram o primeiro buraco negro “solitário” da Via Láctea. O buraco negro MOQ-2011-BLG-191/OGLE-2011-BLG-046 não interage com nenhum objeto. O mais curioso é que, os buracos negros precisam distorcer alguma luz para ficarem em evidência, e no caso do MOQ-2011-BLG-191/OGLE-2011-BLG-046, o corpo celeste não fazia parte de um sistema binário.
Desde 1964, quando cientistas descobriram, pela primeira vez, um primeiro buraco negro, o Cygnus X-1, sempre houve um padrão: os buracos negros faziam parte de um sistema binário. A diferença é que o buraco negro detectado não faz parte de um sistema binário, ela estava muito distante do buraco negro.

Por estarem próximos de de algum material, seja uma nuvem de gás, estrela ou qualquer outro objeto, os buracos negros ‘se alimentam’ e distorcem a luz — o que permite a cientistas o observarem. No entanto, cientistas neozelandeses mudaram tal perspectiva.
Por 270 dias, os pesquisadores utilizaram um telescópio Hubble com uma tecnologia chamada microlenteamento gravitacional, que foi capaz de observar a luz de uma estrela que estava sendo distorcida em um dado ponto da sua trajetória.
Como isso acontece?
À CNN Brasil, a astrofísica e aluna de doutorado do Instituto de Astronomia e Geofísica da Universidade de São Paulo (IAG-USP) Roberta Duarte, explicou que essa distorção é causada quando a luz passa perto o suficiente de um objeto que atrai gravitacionalmente a luz distorcendo a trajetória dela.
“Quando um buraco negro, ou qualquer objeto massivo, passa na frente de um objeto brilhante, ele faz com que a luz desse objeto brilhante se curve e seja magnificada. Isso significa que esse objeto fica ainda mais brilhante. Então, se observarmos uma estrela por tempo suficiente e, em algum momento, virmos seu brilho aumentando e depois diminuindo, esse pode ser um indício de que algum objeto massivo serviu como uma microlente gravitacional”, frisa.