
O brasileiro Renato dos Anjos, pai de Gabriel, é chefe de animação dos estúdios Disney, nos Estados Unidos. O trabalho dele no filme Zootopia, que estreia 17 de março nos cinemas do país, consiste em supervisionar a animação dos personagens, para que a equipe de animadores possa realizar o sonho dos diretores e cada personagem tenha sua própria personalidade.
Renato falou com a gente por telefone e contou curiosidades sobre a produção do filme e sobre a carreira. Veja a entrevista:
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Pais&Filhos: Como é que você começou a trabalhar na Disney?
Renato dos Anjos: Eu cheguei aqui em 2007, logo no comecinho de uma mudança de direção que aconteceu no estúdio. Eu ouvi falar sobre o que eles estavam fazendo, decidi visitar e vi um pouco de todo o trabalho, que me apaixonou. Foi assim que decidi começar aqui.
P&F: Em quais as empresas que você trabalhou antes da Disney?
Renato: Comecei a trabalhar no Brasil em 1987, em um estúdio muito pequeno que [na época] estava fazendo curtas para o Mauricio de Sousa. Depois disso fiz comerciais ate 1997, quando fui para o Arizona [nos EUA], trabalhar na Fox. Também trabalhei na Sony, na Califórnia e então vim para a Disney em 2007.
P&F: Como foi o processo para fazer a animação com tantos pelos de animais diferentes?
Renato: A equipe de criação e os diretores, Byron Howard e Rich Moore, estudaram todos os tipos de pelos de animais. Com a tecnologia que a gente tinha, todos os animais ficavam com o mesmo tipo de pelo, mudavam somente as cores. Para o filme, o programa foi mudado e então os animais têm vários tipos de pelos, com densidades e texturas diferentes.
P&F: Por que o reino animal encanta tanto as produções Disney?
Renato: Acho isso uma coisa bem legal, é uma coisa ótima para quem gosta de animais. Isso dá uma boa oportunidade pra gente explorar a animação. A pessoa vê o animal só no zoológico, e isso dá muito mais liberdade para fazermos coisas diferentes. Como animador, fica mais fácil de surpreender.
P&F: Em um filme dessa dimensão, quantas pessoas são envolvidas na animação?
Renato: Cerca de 75 pessoas. É difícil [trabalhar com tanta gente], mas muito legal também. Demora para conhecer todo mundo, mas como estou aqui há um bom tempo, já conheço cada um. Não é fácil, mas interessante, é preciso entender o jeito das pessoas. Cada um faz algo bem específico, tem gente que faz ação, outros são melhores em uma atuação sensível, é preciso saber criticar o trabalho de cada um.
P&F: Quais as principais diferenças entre os estúdios brasileiros e americanos?
Renato: Faz muito tempo que saí do Brasil, mas uma coisa que foi bem difícil para me adaptar foi com a qualidade. No Brasil era tudo meio corrido, para fazer comercial os prazos são curtos. Aqui, os prazos são bem maiores. Quando cheguei, queria terminar tudo rápido e entregar. Mas, às vezes, uma cena importante é trabalhada por semanas. O trabalho tem de ser perfeito, com isso, os prazos são flexíveis. Foi a minha maior dificuldade aqui.
P&F: Qual a sua cena preferida em Zootopia?
Renato: Sem estragar o filme para quem ainda não assistiu. Minha cena favorita é uma da Judy quando ela está se desculpando com o Nick. É uma cena muito bonita.

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