Ouvir o coração do seu filho bater, sentir o bebê se mexer em sua barriga e ver o rostinho pela primeira vez no ultrassom. São muitos os momentos da gravidez em que a mulher cria laços com o filho e você começa a perceber que, de fato, vai se tornar uma mãe.
A conexão do bebê com o mundo ao redor dele começa antes mesmo do nascimento. E os nove meses de gestação não servem apenas para dar tempo ao seu filho de crescer e se desenvolver da melhor forma. Essa fase também é uma chance para proteger o bebê ainda no útero de doenças como difteria, tétano e coqueluche, gripe e hepatite B.11
Proteção da família para o bebê
A coqueluche é uma infecção respiratória altamente contagiosa, causada pela bactéria Bordetella pertussis, que acomete principalmente os bebês abaixo de 6 meses. Os sintomas da doença costumam ser caracterizados por uma tosse forte e contínua, seguida por uma inspiração profunda de ar, que provoca um som agudo parecido com um guincho. Os bebês também podem se sentir angustiados e ficarem azulados (cianose) pela dificuldade de respirar.1,2
A coqueluche é transmitida de pessoa para pessoa por meio de gotículas eliminadas ao tossir, espirrar ou falar.1,3 Como o esquema primário de vacinação com a DTP para os bebês não é iniciado até os 2 meses de idade, eles ficam desprotegidos no período em que estão mais vulneráveis à doença, até completarem o esquema vacinal.4,5,11 “O maior número de casos da doença que geram complicações aparecem nos três primeiros meses de vida do bebê”, explica a pediatra Bárbara Furtado (CRM-RJ: 72109-3), mãe de Henrique e Rafael, gerente médica de vacinas da GSK. Para se ter uma ideia do risco, entre 2016 e 2017, todos os óbitos por coqueluche ocorreram em bebês menores de 1 ano e quase 90% deles tinham menos de 6 meses.7
Por ser uma doença transmitida pelo contato direto, os familiares são a principal fonte de infecção da coqueluche em bebês menores de 6 meses.6 “Em cerca de 39% dos casos, é a mãe quem transmite a bactéria para o filho. Mas qualquer pessoa que seja próxima do bebê, como irmãos, pais, avós, babás ou cuidadores, pode transmitir a coqueluche”, explica a especialista.
Muitos recém-nascidos podem contrair a coqueluche de irmãos ou irmãs mais velhos, outros membros da família ou cuidadores que podem não saber que têm a doença.2,4 Entre os principais transmissores da Bordetella pertussis, bactéria que causa a doença, estão: a mãe (39%), os irmãos (16% a 43%), o pai (16%) e os avós (5%).1,6 Por isso, a vacinação da família toda é essencial e pode funcionar como uma verdadeira rede de proteção ao redor do bebê que vai nascer.6,13
Estratégia Cocoon
A palavra inglesa cocoon significa “casulo” e dá nome à estratégia de conscientização da proteção de bebês pequenos contra a coqueluche. A ideia é formar uma barreira ao redor do recém-nascido, que fica protegido indiretamente quando as pessoas que convivem com o bebê diariamente se vacinam.6 “Normalmente, a vacina leva de 10 a 14 dias para começar a fazer efeito. Então, o ideal é que os familiares que ainda não se vacinaram contra a coqueluche sejam imunizados antes do nascimento do bebê, para formar essa rede de proteção em torno do recém-nascido”, explica Bárbara.
Diferentemente da imunização materna, em que a mulher deve se vacinar contra a coqueluche a cada gravidez, para os familiares do bebê recomenda-se repetir a dose da dTpa somente a cada 10 anos.10-12 “Quando os adultos que cuidam do bebê já estão vacinados, seu filho encontra um ambiente livre de pessoas que possam estar contaminadas e fica mais seguro até completar o esquema primário de vacinação e ter os próprios anticorpos”, defende a pediatra. A Estratégia Cocoon é importante, já que a vacinação dos adultos que vão cuidar do bebê é essencial para ajudar a prevenir a transmissão da coqueluche para o seu filho, além da imunização materna.8,13
Após o nascimento do bebê, também existem algumas medidas simples de higiene que podem proteger seu filho de doenças transmitidas por contato, como a coqueluche:
- Cobrir a boca e o nariz com um lenço ao tossir ou espirrar9
- Evitar ambientes fechados e com muitas pessoas9
- Não beijar o bebê na boca9
- Lavar as mãos com água e sabão por pelo menos 20 segundos antes de pegar o bebê9
- Evitar contato com pessoas doentes9
“É muito importante para a mãe manter um relacionamento com outras pessoas e sair de casa, afinal, ela se sente muito sozinha nesta fase. Mas também é preciso lembrar- se de seguir essas dicas simples para proteger o bebê de doenças que podem ser fatais”, aconselha a pediatra.
1. CENTERS FOR DISEASE PREVENTION AND CONTROL. Pertussis (Whooping Cough) Questions and Answers. Disponível em: <http://www.immunize.org/catg.d/p4212.pdf>. Acesso em: 12 jul. 2019.
2. NATIONAL HEALTH SERVICE. Whooping cough. 2019. Disponível em:
<https://www.nhs.uk/conditions/whooping-cough/>. Acesso em: 12 jul. 2019
3. CENTERS FOR DISEASE PREVENTION AND CONTROL. Pertussis (Whooping Cough). Causes and Transmission.2017. Disponível em:
<https://www.cdc.gov/pertussis/about/causes-transmission.html>. Acesso em: 12 jul. 2019.
4. THE AMERICAN COLLEGE OF OBSTETRICIANS AND GYNECOLOGISTS. Update on Immunization and Pregnancy: tetanus, diphtheria, and pertussis vaccination. Number 718, September 2017. Disponível em:
<https://www.acog.org/Clinical-Guidance-and-Publications/Committee-Opinions/Committee-on-O bstetric-Practice/Update-on-Immunization-and-Pregnancy-Tetanus-Diphtheria-and-Pertussis-Vac cination?IsMobileSet=false>. Acesso em: 12 jul. 2019.
5. CENTERS FOR DISEASE PREVENTION AND CONTROL. Whooping cough is deadly for babies. 2017. Disponível em: <https://www.cdc.gov/pertussis/pregnant/mom/deadly-disease-for-baby.html>. Acesso em: 12 jul. 2019.
6. WILEY, KE. et al. Sources of pertussis infection in young infants: A review of key evidence informing targeting of the cocoon strategy. Vaccine,31(4): 618-25, 2013.
7. BRASIL. Ministério da Saúde. Informe Epidemiológico da Coqueluche, 2016 a 2017. Disponível em: <http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/dezembro/18/Informe-epidemiol–gico-da- Coqueluche.%20Brasil,%202016%20a%202017.pdf>. Acesso em: 12 jul. 2019.
8. FORSYTH, K. et al. Strategies to Decrease Pertussis Transmission to Infants. Pediatrics, 135 (6): e1475- e1482, 2015.
9. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Pertussis (Whooping Cough). Prevention. 2017 Disponível em: <https://www.cdc.gov/pertussis/about/prevention/index.html> . Acesso em: Acesso em: 12 jul. 2019.
10. BRASIL. Ministério da Saúde. Informe técnico para implantação da vacina adsorvida difteria, tétano e coqueluche (pertussis acelular) tipo adulto – dTpa. Disponível em: <http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2015/junho/26/Informe-T–cnico-dTpa-2014.pdf>. Acesso em: 24 jun. 2019.
11. BRASIL. Ministério da Saúde. Calendário Nacional de Vacinação 2019. Disponível em: <http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/documentos/geral/calendario_vacinacao_2019.pdf>. Acesso em: 4 jul. 2019.
12. SOCIEDADE BRASILEIRA DE IMUNIZAÇÕES. Calendário de vacinação do nascimento à terceira idade recomendações da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) – 2019/2020 (atualizado até 19/06/2019). Disponível em: <https://sbim.org.br/images/calendarios/calend-sbim-0-100.pdf>. Acesso em: 10 jul. 2019
13. KORPPI, M. Whooping cough – still a challenge. J Pediatr (Rio J), 89(6):520-522, 2013.
Material dirigido ao público em geral. Por favor, consulte o seu médico.
NP-BR-BOO-WCNT-190002 – JULHO/2019
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