Richarlison , também conhecido como Charlinho para os mais próximos, teve uma história difícil. O jogador nasceu em Nova Venécia, no Espírito Santo. Por conta do seu pai, sempre teve uma relação muito forte com o esporte e quando pequeno tinha o sonho de entrar em uma escolinha de futebol, porém ela ficava em outra cidade.

A tia do menino, Audiceia, morava nessa cidade e Antonio, pai de Richarlison, viu uma ótima oportunidade para realizar o sonho da criança. Ele então deixou o filho com a irmã e deu um dinheiro mensal para ajudar com as despesas. A mulher estava grávida de sete meses do filho caçula João e cuidava de mais três crianças em um barraco de quatro cômodos na Rua Fornazieri, no bairro do Rúbia, em Nova Venécia, mas não recusou a proposta e aceitou o menino em sua casa. Richarlison morou com Audiceia até os 13 anos de idade.

A infância do jogador foi difícil. Na casa da tia, todos dormiam na mesma cama, amontoados. O barraco tinha outro quarto, menor, usado para guardar roupas e utensílios, além de uma cozinha pequena e uma área externa minúscula.
Audiceia contou, em entrevista ao UOL, que muitas pessoas duvidava da capacidade do menino, chegando até o chamar de marginal. Antes de se tornar um dos nomes mais citados do elenco de Tite para a Copa, ele já enchia a tia de orgulho.
“Quando o Charlinho começou a deslanchar no futebol, todo mundo que falava essas besteiras mudou o jeito de olhar pra ele, de falar dele. Dia desses, recebi uma mensagem de uma dessas pessoas dizendo ‘e não é que o menino é bom mesmo?’ Fiquei com raiva, mas respondi: ‘Nunca duvidei disso. Vocês vão ter que engolir a minha cria”, fala Audiceia.
Em 2013, o menino foi de Charlinho para Richarlison, o novo atleta das categorias de base do clube capixaba Real Noroeste. Em 2015, foi contratado pelo América-MG, time pelo qual marcou um gol profissional pela primeira vez e logo se transferiu para o Fluminense. Após uma temporada e meia no tricolor, em 2017, se transferiu para o futebol inglês, onde jogou pelo Watford e Everton, antes de se transferir para o Tottenham neste ano.

Hoje, Richarlison é atacante da seleção brasileira que busca o hexa na Copa do Mundo do Qatar. A tia muito emocionada relembra dos dias de luta: “Às vezes me pergunto se não estamos sonhando. Nós saímos do meio do nada, do meio do mato. O Charlinho, aquele menino remelento e sujinho, que só aprendeu a tomar banho direito quando veio para minha companhia. Eu amo esse garoto. Sempre que vejo na televisão me bate uma saudade. Que Deus me dê forças pra viver e aguentar; que eu possa vibrar por ele por muito tempo ainda”, finaliza.