Criança autista é mantida dentro de sala de aula para não “prejudicar a imagem da escola” e pai denuncia

Everton Venâncio de Souza protocolou denúncias no Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, na Ouvidoria da Secretaria de Educação do DF e na Corregedoria-Geral também do DF contra a Escola Classe 111 Sul, em Brasília, por negligenciar o seu filho, uma criança diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista, de 10 anos de idade.

No vídeo gravado da crise causada pelo transtorno e pela hipersensibilidade auditiva do menino, ele está deitado no chão de uma sala de aula, gritando e gemendo. Fechado lá dentro com uma professora e um educador, a criança foi separado do resto da escola por ordem da diretora da instituição.

Por ter sido levado à força, um comportamento agressivo foi causado e a crise se agravou, segundo o Everton para o Metropoles. “A diretora afirmou que, em casos de crise de alunos autistas na frente da escola, a norma é retirar os alunos para que vizinhos não filmem o ocorrido”, relatou o pai.

A gestora da instituição teria dispensado a professora que direcionava o ensino e cuidados a crianças de necessitavam de atenção especial, e também afastado o educador social que tinha vínculo afetivo com o menino, ainda de acordo com o Metropoles.

“Ela está fazendo tudo isso porque não quer que o menino fique na escola”, segundo uma educadora anônima. Wanderson Gonçalves Silva, de 39 anos, o educador social que cuidava do estudante, registrou boletim de ocorrência contra a gestora por calúnia, já que ela teria o acusado de pisar na criança, e relatou se sentir perseguido pela mulher que o demitiu.

“Levá-lo para a sala não foi uma boa opção. Ele se recusava a entrar”, disse uma outra educadora que pediu anonimato e que trabalha há mais de 20 anos com crianças que precisam de cuidados especiais. De acordo com ela, a orientação de isolar um estudante nunca havia sido passada antes em sua carreira.

Uma ata ao Conselho Regional de Educação do Plano Piloto foi assinada em 12 de julho por nove servidores pedindo para que a diretora da escola fosse substituída.

A Corregedoria da Secretaria de Educação do Distrito Federal informou que o caso está sendo apurado e que todas as medidas cabíveis serão tomadas.