Duas crianças, uma com 5 anos e outra com 11 anos, foram contaminadas com raiva humana em Minas Gerais. A Secretaria de Saúde do Estado está investigando os casos, que aconteceram na área rural de Bertópolis, próxima com a fronteira do estado da Bahia, notificado nos dias 17 e 21 de abril.
De acordo com as informações divulgadas, amostras foram coletadas e enviadas para exame Laboratorial comprovando sintomas clínicos de raiva através de mordida ou arranhão de morcegos. A criança de 5 anos acabou não resistindo e faleceu no mesmo dia, sem nem sequer apresentar sintomas.

Já a meninas de 11 anos está internada no hospital da região em observação, com sintomas como: dor de cabeça e febre. Até o momento, a condição dela continua estável.
Os casos levantaram um alerta sobre a raiva humana e trouxeram muitas dúvidas, principalmente para as famílias que vivem na região. Afinal, o que ela é, como é transmitida e quais os principais sintomas dessa doença?
Entenda mais sobre a Raiva
Segundo informações da Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde, a raiva é uma zoonose, ou seja, uma doença que é passada de um animal para um humano e vice-versa. O vírus causador dessa doença envolve o sistema nervoso central e é letal tanto para nós, humanos, quanto para os animais, levando a óbito em um curto período de tempo.
No caso de humanos infectados, a doença é transmitida quando a saliva do animal que tem o vírus penetra no organismo, seja por meio da pele ou de mucosas, por mordidas, arranhões ou lambidas. Como explicado no documento oficial do Ministério da Saúde, a raiva tem três tipos de transmissão:
- urbano: representado principalmente por cães e gatos;
- rural: representado por animais de produção, como: bovinos, eqüinos, suínos, caprinos;
- silvestre: representado por raposas, guaxinins, primatas e, principalmente, morcegos

Sintomas nos animais
Em todos os animais, a raiva costuma apresentar os mesmos sintomas. São eles:
- dificuldade para engolir;
- salivação abundante;
- mudança de comportamento;
- mudança de hábitos alimentares;
- paralisia das patas traseiras (no caso dos animais que andam em quatro patas)
Nos cachorros, além desses sintomas, a raiva também pode ocasionar um latido diferente do normal, como se fosse um “uivo rouco”. No caso dos morcegos infectados, a mudança de comportamento pode ser tamanha a ponto de transformá-los em animais que também vagam por aí durante o dia, em horários e locais não habituais.
Sintomas nos humanos
Os humanos também possuem sintomas característicos quando são infectados pela raiva. Normalmente, os primeiros sintomas que aparecem são:
- transformação de caráter,
- inquietude,
- perturbação do sono,
- sonhos tenebrosos,
- aparecem alterações na sensibilidade,
- queimação,
- formigamento e dor no local da mordedura;
Esses sintomas costumam durar de 2 a 4 dias. Depois disso, começa um quadro de alucinações, acompanhado de febre. Nesse momento, começa o que é chamado de período de estado da doença, que dura cerca de 2 a 3 dias, quando a pessoa começa a ter medo de correntes de ar e/ou água, com diferentes intensidades. Neste momento também surgem crises convulsivas periódicas.
O que fazer se entrei em contato com um animal infectado com raiva?
Se você foi agredido de alguma forma por um animal, é importante seguir uma série de passos para tentar evitar que você se contamine com a raiva. Vale ressaltar que o Ministério da Saúde recomenda que você siga esses passos mesmo no caso de agressões por animais conhecidos e que você sabe que já tomou a vacina contra a doença.
- lavar imediatamente o ferimento com água e sabão;
- procurar com urgência o Serviço de Saúde mais próximo;
- não matar o animal, e sim deixá-lo em observação durante 10 dias, para que se possa identificar qualquer sinal indicativo da raiva;
- o animal deverá receber água e alimentação normalmente, num local seguro, para que não possa fugir ou atacar outras pessoas ou animais;
- se o animal adoecer, morrer, desaparecer ou mudar de comportamento, voltar imediatamente ao Serviço de Saúde
- nunca interromper o tratamento preventivo sem ordens médicas;
- quando um animal apresentar comportamento diferente, mesmo que ele não tenha agredido ninguém, não o mate e procure o Serviço de Saúde
A doença também pode ser prevenida, levando os animais para serem vacinados periodicamente e sempre informar o Serviço de Saúde caso desconfie de qualquer problema ou mudança de comportamento do seu animal ou de vizinhos. Além disso, é importante evitar tocar em animais desconhecidos, feridos ou doentes; perturbar animais quando estiverem comendo, bebendo ou dormindo; separar animais que estejam brigando; entrar em grutas ou furnas e tocar em qualquer tipo de morcego (vivo ou morto); criar animais silvestres ou tirá-los de seu “habitat” natural.
Vale ressaltar que o recomendado em qualquer situação é buscar ajuda profissional. Afinal, mesmo com todos os sintomas, somente médicos e cirurgiões-dentistas habilitados podem diagnosticar a doença e indicar os possíveis tratamentos.