A mãe de uma das crianças que foram maltratadas em uma escola infantil na Zona Leste de São Paulo fez um relato ao jornal R7 sobre situações pelas quais o passou. Ela contou que uma funcionária da escola forçou que o filho comesse até que ele vomitasse. A mãe disse ainda que a funcionária da escola, investigada pela polícia por tortura, colocou a cabeça do filho em um vaso sanitário e o forçou a vomitar.
“Ela obrigou ele a comer cinco pratos de comida, até que ele vomitasse todos os pratos”, disse a mãe de uma das crianças que estudava na escola localizada na Vila Formosa, zona leste da capital. “Ela ajoelhou ele no chão do banheiro e enfiou a cabeça dele no vaso sanitário e fez ele vomitar: ‘Vomita, porque se você vomitar no chão eu vou fazer você comer de volta’”, completou.
Outra mãe também relatou problemas no tratamento das crianças nesta escola. “Todas as crianças do berçário que choravam muito eram colocadas nesse quarto escuro até que parassem de chorar ou pegassem no sono”, contou. Segundo uma das funcionárias da escola, as ordens de maus tratos eram passadas pela diretora da escola. “Ela via uma criança mais chorona e fazia o procedimento”, contou. A polícia já está investigando o caso.
Camisa de força
A Escola de Educação Infantil Colmeia Mágica, na Vila Formosa, recebeu mais denúncias sobre maus-tratos com a crianças, e agora está sendo acusada de tortura. Mães de duas crianças que aparecem em vídeos amarrados e chorando foram ouvidas pela investigação. Elas disseram que seus filhos voltavam para casa feridos e doentes quando saíam do berçário.
A escolinha já era investigada desde a semana passada pelos crimes de maus-tratos, periclitação de vida, que é colocar a saúde das crianças em risco, e submissão delas a vexame ou constrangimento por causa dos vídeos que circulam nas redes sociais e mostram maus-tratos a pelo menos quatro alunos. Eles aparecem amarrados e chorando dentro de um banheiro.
Em entrevista exclusiva com o portal do G1, essas duas mães foram ouvidas pela investigação. Elas levaram ainda para a polícia fotos de seus filhos. Um dos meninos aparece com um machucado na testa e outro está internado em um hospital tomando oxigênio após sentir falta de ar. Os dois ficaram assim depois de deixarem a escolinha.
“Na época eu até mandei mensagem para a diretora perguntando sobre o que tinha acontecido com ele, mas ela não me respondeu. No dia seguinte ela disse que não se recordava de nada, mas que ele podia ter batido em algum brinquedo, até porque, eles vão para a escola e estão sujeitos a se machucar”, disse a autônoma Laura Stramaro, de 34 anos, mãe de um menino de 2 anos.
Em maio de 2021, o filho dela chegou em casa com um hematoma perto da sobrancelha. “Em novembro do ano passado a diretora e proprietária me ligou dizendo que meu filho estava com dificuldades para respirar. Depois ficou dois dias internado em um hospital para a saturação de oxigênio regularizar”, falou nesta terça-feira (15) a advogada Vitória Costa, 23, mãe de um bebê de 11 meses.
À época as duas mães acharam que os filhos tinham se machucado sozinhos, mas depois de assistirem aos vídeos que mostram seus filhos com os braços imobilizados, enrolados com panos, presos em cadeirinhas de bebê embaixo de uma pia e próximas a uma privada, elas passaram a acreditar que as crianças sofrem maus-tratos.
A diretora citada pelas mães é Roberta Regina Rossi Serme, de 40 anos. Ela e a irmã, Fernanda Carolina Rossi Serme, de 38, são sócias da Colmeia Mágica. A escolinha foi fundada em 2002 e atende crianças de 0 a 5 anos, do berçário ao ensino infantil.