A maternidade muda tudo e, ao mesmo tempo, revela tudo o que já estava ali. Ela desconstrói e reconstrói. Ensina, desafia, emociona. Neste Dia das Mães, a Pais&Filhos conversou com seis mulheres que vivem a maternidade de forma intensa, afetiva e real. Em entrevistas exclusivas, elas revelaram como foram transformadas pela chegada dos filhos, os maiores desafios que enfrentaram, as alegrias inesperadas e o que aprenderam com os pequenos que nenhuma outra experiência seria capaz de ensinar. Uma leitura para se emocionar, refletir e, principalmente, se reconhecer.

Lore Improta: força, escuta e vulnerabilidade
Antes de ser mãe, Lore Improta se via como alguém brincalhona, “muito moleca”, e não conseguia imaginar como seria na maternidade. A chegada de Liz virou essa ideia de cabeça para baixo, para melhor. “Me vejo como uma mãe muito comprometida, centrada, que olha para todas as necessidades da Liz e da minha mãe. Não achei que seria assim e tenho muito orgulho.”
Ela diz que a maternidade trouxe força e segurança. “Hoje me sinto muito mais segura para defender a minha opinião e não me deixar levar pela opinião dos outros quando percebo que não vem para acrescentar”, compartilha. “Minha intuição aflorou mais e tenho muita certeza do que eu quero pra ela e de como eu quero educá-la.”
Um dos momentos mais difíceis foi o baby blues, logo após o nascimento de Liz. Lore fala com coragem sobre os dias em que se sentiu triste sem entender o motivo. “Além de chorar muito, eu me sentia muito culpada porque ela estava com saúde, bem amparada, e eu não entendia por que estava chorando.” Foi a troca com outras mães, amigos, médicos — e até mesmo uma live nas redes sociais — que ajudou na superação. “Quando vi, já estava muito melhor.”
A viagem para a Disney, quando Liz tinha 11 meses, é um marco que ela guarda com carinho. “Ela começou a andar e falou a primeira palavra, que por sinal foi ‘Minnie’. Foi muito especial.”
Com Liz, Lore aprendeu o poder da escuta. “Precisei aprender a ter muita paciência, a respirar fundo e achar a melhor maneira de convencê-la, de comunicar de maneira paciente para orientar ela a fazer ou não algo.” E esse aprendizado vale para além da maternidade. “Me ensinou muito, mais do que todos os meus outros anos de vida.”
Seu conselho para outras mães é simples e profundo: “Eu sou muito a favor da conversa e da escuta. Aqui a gente pratica muito e funciona. Acho que a gente precisa estar cada vez mais atento, respirar e praticar a conversa, pois é um caminho para a educação.”

Ana Paula Xongani: maternidade com visão ampliada e afeto
Para Ana Paula Xongani, a maternidade trouxe um novo olhar sobre o mundo. “Quando eu me tornei mãe, o que mais me transformou é essa noção expandida, ampliada. Eu queria que as coisas fossem melhores de dentro para fora, de fora para dentro”, conta. Mãe de Ayo, ela relata que esse processo afetou todos os aspectos da sua vida, incluindo o profissional e o emocional.
O maior desafio, segundo Ana Paula, foi encontrar o equilíbrio entre tantas versões de si mesma que nasceram junto com sua filha: empreendedora, comunicadora, mulher. “É muito desafiador encontrar o tom certo, sua forma de gestão da sua própria vida depois que esse elemento maternidade chega.”
Ela afirma que se surpreendeu com a mulher que se tornou. “Eu sou muito melhor do que eu imaginei que eu seria. Até porque, antes de ser mãe, eu não tinha a mínima noção dos tamanhos dos desafios.”
Um momento marcante aconteceu durante a pandemia, quando estavam sozinhas em casa. “Eu a colocava para dormir e outro dia ela me colocava para dormir… contava uma história da cabeça dela… isso era tão bonito. Você vê o reflexo da sua educação voltando para você.”
Com sua filha, Ana Paula diz ter aprendido sobre interexistência. “Você aprende que precisa do outro, de um mundo melhor, mais justo… E tem muito a ver com o que aprendi com a minha mãe: a coerência.”
A mensagem que deixa para outras mães é clara: “Acredite na maternidade, tenha olhos atentos para os desafios e também para as coisas boas que ela oferece. A gente é muito potente, muito grandona.”
Para ela, família é quase tudo: “É a parte importante do meu amor, da minha existência, do meu desejo, do meu empenho. Mas tudo não! Tudo é tudo. Tudo é um conjunto complexo de experiências que eu vivi enquanto vivo como um ser único na terra. E família é parte grande disso tudo”.

Rita Batista: sabedoria do cotidiano e olhar humanista
Para Rita Batista, ser mãe do Martin é um presente que amplia tudo. Apresentadora e escritora, ela reflete sobre o quanto a maternidade transforma, mas sem apagar quem ela sempre foi. “Existe uma expectativa de que a mulher se anule. Eu sou a mesma, só que melhorada. Mais paciente, mais humana.”
Rita encara os desafios como parte do pacote. “O maior desafio é o próximo. Todo dia tem um novo. Cada fase traz algo que a gente precisa aprender na hora.”
Ela se reconhece na mãe que sonhava ser: presente, atenta ao tempo certo de cada coisa. “Nada de queimar etapas. Aprendi a respeitar o ritmo da infância e o meu também. E a não me comparar. Cada mulher é uma, cada filho é um.”
Entre tantos momentos especiais, Rita se emociona com os aprendizados simples, como quando o filho, ao vê-la brigar com o gato, lembrou: “Ele não é racional, mãe.” Um lembrete que só uma criança poderia dar.
O conselho que ela deixa é direto: “Viva a sua maternidade, não tem manual de instruções, troque com seu filho, preste atenção no que ele traz, e vá na sua intuição e naquilo que você acha que é certo, sabe? Dê segurança a essa criança e estabeleça a segurança para si também”.

Fátima Pissarra: presença, rede de apoio e amor incondicional
Fundadora e CEO da Mynd, mãe de três, Carolina, Luiz e Beatriz, Fátima Pissarra sabe como é desafiante equilibrar carreira e maternidade. “Sempre fui uma mulher muito ativa profissionalmente, e, no início, a culpa bate forte de não dar conta. Mas, com o tempo, entendi que não preciso fazer tudo sozinha.”
Hoje, com ajuda de uma rede de apoio e uma nova perspectiva sobre o que realmente importa, ela vive a maternidade com mais leveza. “Essa consciência me trouxe mais leveza como mãe e mais foco como profissional.”
A transformação foi profunda. “Repenso minhas prioridades, olho o mundo com mais empatia e ressignifiquei completamente o significado de sucesso.” Fátima também reconhece o impacto emocional da maternidade: “Me tornei uma mulher mais forte, mais sensível e, ao mesmo tempo, muito mais focada. A maternidade me ensinou que ser poderosa também é saber acolher, escutar e, quando necessário, simplesmente parar.”
Ela admite, com bom humor e franqueza, que a mãe que imaginava ser ficou só na teoria. “Nem um pouco! (risos) A verdade é que não existe um manual sobre como será a maternidade… Hoje me reconheço como uma mãe muito mais flexível, acolhedora e leve do que imaginei que seria.”
O nascimento dos filhos e as viagens com eles são memórias que ela leva para sempre. “Estar com eles nessas experiências é algo que vamos guardar pra sempre na memória. São os momentos de diversão, leveza e conexão fora da rotina, que realmente ficam.”
E o maior aprendizado que os filhos trouxeram? “O amor incondicional. É um tipo de amor que você nem sabe que existe até ter seu primeiro filho… E o mais bonito é que ele se multiplica. Cabe em todos os filhos que a gente tem.”
Com tudo isso, o recado de Fátima para outras mães é um lembrete necessário: “Se cobre menos e aproveite mais o momento. Não precisamos ser perfeitas, só precisamos ser presentes e verdadeiras. Antes de ser mãe, você é mulher e merece ser priorizada e ter seu tempo de qualidade.”
Para Fátima, a família é o porto seguro. “É onde recarrego as energias e posso ser só a Fátima.”

Denize Savi: redescobertas com 16 anos de diferença
Denize Savi viveu duas maternidades com 16 anos de intervalo. Diretora de Felicidade da Chilli Beans, ela é mãe de Sofia e Noah. “Com o nascimento da Sofia, entendi o que é ser responsável por mais de uma vida. Com o Noah, foi uma segunda transformação”, afirma.
Ela conciliou a chegada do caçula com uma mudança profissional e geográfica. “Os melhores desafios da minha vida, os quais consigo equilibrar tendo uma rede de apoio que amo muito.”
Denize diz que não imaginava a mãe que se tornaria. “A vida se mostrou como uma gostosa aventura com rumos igualmente assustadores e prazerosos. Não imaginava que seria uma mãe tão coruja.”
Entre os momentos mais marcantes, destaca a primeira viagem solo da filha, que foi fazer voluntariado na África, e a entrada do filho na escola. “Viver ao lado dos meus filhos é o meu maior presente.”
Ela aprendeu com a maternidade algo que a ciência não ensinou sozinha. “Foi na prática que entendi o valor da presença, do afeto e da escuta ativa. Eles me ensinam diariamente sobre empatia e amor genuíno.”
Sua mensagem para outras mães é de acolhimento: “Tudo bem sermos frágeis, pedirmos ajuda… não se deixem de lado. Priorize seu próprio bem-estar e sua saúde mental.”
Sobre a família, é direta: “Família é essencial pra mim — é o meu alicerce. Mas para cuidar dos meus, eu preciso estar bem comigo mesma.”

Karinah: amor que vira tatuagem no coração
Cantora, compositora, empresária e mãe de quatro filhos, Eduardo, Sara e os gêmeos Lilian e Gerd, Karinah vê na maternidade uma força vital. Ela conta que ser mãe a transformou profundamente. “A maternidade me inspira todos os dias. É uma dádiva de Deus, uma oportunidade de evoluir. Nasceu uma leoa dentro de mim quando me tornei mãe, e estou disposta a tudo pelos meus filhos.”
Para ela, o maior desafio foi preparar os filhos para enfrentar o mundo sem cair na armadilha de compensar a infância com excessos. “Foi quando percebi que não podia mais pensar: ‘tudo o que eu não tive, eu vou dar para os meus filhos’. Busquei ajuda profissional na pré-adolescência e adolescência deles. Psicólogos nos ajudaram bastante, redirecionando tudo de uma forma muito mais saudável e leve.”
Karinah admite que sua visão sobre maternidade mudou com o tempo. “Eu me via totalmente diferente. Entendi que a base sólida são os valores, que precisam estar acima de qualquer coisa material.”
Entre tantos momentos vividos ao lado dos filhos, um episódio com Gerd, seu caçula, marcou profundamente. “Com menos de vinte dias de vida, ele passou por uma cirurgia. Tenho certeza de que Deus ouviu as minhas preces no corredor daquele hospital. Senti o quanto é poderosa a oração de uma mãe e o amor divino. Nessas horas, a maternidade se revela.”
Com os filhos, ela diz que aprendeu o significado mais puro do amor. “Aprendo todos os dias o amor de se doar, de se entregar de alma. É um amor incondicional.”
Karinah deixa uma mensagem direta para outras mães: “Viva de forma que tudo o que você fizer pelo seu filho fique como uma mensagem no coração dele. As memórias afetivas viram tatuagem. Viva um dia de cada vez. E não dê o braço a torcer para o mundo. Jamais.”
E encerra com um sentimento que define sua vida: “Família é a base, é a casa para onde todos podem voltar um dia. É o colo, é a alegria. Família é tudo e é tudo de bom.”