Ana Beatriz de Castro Silva é uma estudante de 17 anos que criou um bioplástico ecológico feito de buriti, uma planta da Amazônia. Ela mora no Maranhão e passou uma parte do ensino médio desenvolvendo o projeto e estudando sobre compostos da casca, caroço e polpa da planta.
O buriti é uma palmeira nativa do Amazonas e da vegetação de cerrado. Também é conhecida como coqueiro-buriti, muritim e palmeira-dos-brejos. Várias vitaminas estão presentes no fruto da planta, como cálcio e ferro.

A pesquisa da garota começou há 4 anos e em 2019 ela conseguiu entrar em contato com um laboratório e ver as comunidades que vivem aos arredores dos buritizais. “Foi um processo longo, mas necessário” afirmou Ana Beatriz. A estudante contou como foi desde o primeiro momento da pesquisa até a chegada da pandemia, “O processo de pesquisa [foi complexo], minha escola tinha um laboratório muito simples, mas como meu orientador trabalhava na universidade estadual da região a UEMASUL (Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão) eu consegui ter essa flexibilidade de fazer a pesquisa lá dentro, no laboratório de biologia, mas logo depois começou a pandemia e meus horários dentro do laboratório foram diminuídos”.

Ela sempre se incomodou com a poluição de plástico que contamina as águas. Então, a estudante procurou assuntos relacionados a esse problema ambiental e criou o projeto. “Eu já conhecia o buriti como artesanato e alimento, mas eu não conhecia a questão química dele. Aí veio a dúvida, se eles conseguem lixar, o talo que solta muito pó, que é descartado, porque eu não conseguiria chegar na celulose. Destas perguntas surgiu a necessidade de estudar os processos químicos, a composição química do buriti. Comecei estudando o talo e depois o fruto, e então descobri vários compostos químicos, como a lignina, para que eu conseguisse produzir o bioplástico”, falou Ana sobre a criação do bioplástico ecológico. “O que me moveu foi a vontade de mudar” completou.
Durante as pesquisas, a garota de 15 anos descobriu várias particularidades de espécies da planta. Nas composições da casca (epicarpo), meio-termo do fruto (endocarpo) e polpa (mesocarpo), foi possível criar 3 materiais.

Ana explicou como utilizou cada composição, “Com o epicarpo eu consigo produzir um material mais resistente, um material que serve para revestimento de piso ou papel de parede. Já com o endocarpo eu produzo um material menos resistente, parecido com o acrílico, No mesocarpo eu consegui produzir um biofilme, um material já mais fino, flexível, mais fácil de ser manuseado que pode ser usada na produção de sacolas compostáveis, por exemplo”.
Após inúmeras criações, a garota testou a resistência química, propriedades mecânicas e capacidade de degradação do solo do novo bioplástico. Por fim, ela descobriu que sua criação é 100% biodegradável e tem a capacidade de desaparecer em 20 dias no solo e 15 dias na água. Além de tudo isso, o bioplástico ecológico pode ser usado como adubo.