Um novo estudo publicado na revista JAMA Internal Medicine trouxe um dado preocupante: a saúde mental das mães está em declínio. Entre cuidar da casa, criar filhos e lidar com um mundo cada vez mais acelerado, muitas mulheres estão esgotadas.
A pesquisa analisou mais de 198 mil mães com filhos de 0 a 17 anos entre 2016 e 2023. O resultado mostrou uma queda significativa na percepção que elas têm da própria saúde mental. Em 2016, cerca de 38% das mães diziam que estavam com a saúde mental excelente. Em 2023, esse número caiu para 25%. Ao mesmo tempo, as respostas indicando saúde mental “boa” subiram de 18% para 26%, enquanto o grupo que se declarou com saúde mental “regular ou ruim” saltou de 5% para 8%.
E essa piora não ficou restrita à saúde mental. A percepção sobre a saúde física também caiu no mesmo período. As mães que consideravam sua saúde física excelente passaram de 28% para 23%. O problema foi ainda mais grave entre mães solo e aquelas com menor renda.
A sobrecarga invisível de quem cuida de tudo
Embora algumas coisas tenham mudado, a maior parte dos cuidados com a casa e os filhos ainda recai sobre as mulheres. Um levantamento mostrou que as mães são responsáveis por cerca de 73% de todas as tarefas cognitivas da casa — aquela parte que não dá pra delegar, como lembrar de reuniões escolares, datas de vacina e listas de mercado.
Além disso, com o custo de vida cada vez mais alto, muitas famílias dependem de duas rendas, o que faz com que essas mulheres acumulem o trabalho fora e dentro de casa. O resultado? Níveis altíssimos de estresse e uma sensação constante de esgotamento.
Preocupações que não cabem na cabeça
Não bastasse a rotina puxada, ainda tem o peso das preocupações com o futuro. Inflação, mudanças climáticas, crises políticas e até notícias sobre violência deixam muitas mães acordadas à noite pensando nos filhos e no que está por vir. O excesso de informações também contribui para aumentar a ansiedade.
Esse bombardeio diário de notícias ruins gera um desgaste emocional que vai se acumulando no dia a dia, sem dar muito espaço para pausas e descanso.

A pressão para ser perfeita o tempo inteiro
Ser mãe já exige muito. Agora, imagine tudo isso somado à cobrança para ser a profissional dedicada, a parceira ideal, a pessoa que comparece aos eventos da escola e ainda mantém a casa em ordem. Essa busca por um equilíbrio impossível só gera frustração.
E mesmo com tantos papéis sendo acumulados, muitas ainda ouvem que deveriam cuidar mais de si mesmas, fazer exercícios, ter um tempo para o autocuidado e ainda educar os filhos com excelência. Não é à toa que o cansaço vira rotina.
Redes sociais e a comparação sem fim
Se a rotina já é pesada, navegar pelas redes sociais pode ser um gatilho extra. Lá, as timelines mostram famílias felizes, crianças comportadas e casas impecáveis. Só que a realidade é outra, e essa comparação constante deixa muitas mães se sentindo insuficientes.
Essa cobrança invisível transforma o que já é difícil em um desafio ainda maior. Mesmo quem faz o possível todos os dias acaba acreditando que poderia fazer melhor, só porque viu um vídeo ou uma foto de outra pessoa “dando conta de tudo”.
O corpo também sente
Além do aspecto emocional, o físico também pesa. Alterações hormonais, como as que acontecem durante o ciclo menstrual, gravidez ou perimenopausa, podem interferir diretamente no humor e no equilíbrio emocional. O período após o parto é especialmente delicado e merece atenção.
Mesmo com a saúde mental precisando de cuidado, muitas mães esbarram em dificuldades para acessar atendimento. Falta de cobertura adequada nos planos de saúde, preços altos e a escassez de profissionais especializados dificultam ainda mais esse caminho. Isso faz com que muitas mulheres sigam em silêncio, lidando sozinhas com um peso que não deveria ser só delas.
Buscar apoio profissional, conversar com pessoas de confiança e encontrar momentos só para si pode ajudar. Afinal, mães não precisam ser perfeitas. Elas precisam ser cuidadas também.