Sabemos que empreender está se tornando algo cada vez mais comum entre homens e mulheres, mas definitivamente não é uma tarefa fácil. Entretanto, ter trocas com pessoas que possuem o mesmo objetivo que você, pode mostrar aquela luz no fim do túnel. Essa foi a energia da 14° edição do Festival Rede Mulher Empreendedora, que reuniu cerca de 10 mil pessoas ao longo dos dois dias de evento.
A chamada “Cidade das Empreendedoras”, foi um verdadeiro ponto de encontro para as mulheres que estão construindo o seu próprio negócio, ou que tem vontade de entrar nesse universo. O evento, que é o maior do país dedicado ao empreendedorismo feminino, reuniu nomes de referência, novas lideranças e centenas de marcas criadas por mulheres.
Com mais de 80 mulheres expondo os seus produtos durante o evento, as participantes ainda puderam escolher entre assistir as palestras em diferentes estações, que tiveram atrações durante o dia todo simultaneamente: Conexão, Negócio, Futuro, Impulso e a estação Impacto, que é a principal.
Para completar, as empreendedoras com filhos ainda puderam contar com a área kids, um espaço super acolhedor e ótimo para deixar as crianças brincando nos intervalos das palestras, ou até mesmo enquanto a mãe está fazendo conexões importantes para os seus negócios.
A fundadora e CEO da Rede Mulher Empreendedora e do Instituto RME, Ana Fontes, mãe de Daniela e Evelyn, vibrou com o crescimento do festival e reforçou a importância da coletividade: “No ano passado, tivemos pouco mais de 10 mil inscritas. Neste ano, chegamos a 19 mil. Isso mostra a força e o impacto que as mulheres estão construindo juntas”.

Inspiração e liderança feminina
Em entrevista para Pais&Filhos, Ana Fontes, falou sobre a importância do evento, que possui palcos com conteúdos exclusivos voltados para os negócios, mentorias e ainda oferece um espaço para que as mulheres exponham os seus produtos e façam ainda mais conexões. “O mais importante é que 70% das empreendedoras presentes são mães, especialmente de filhos pequenos. É fundamental que elas sejam acolhidas e recebidas em um evento como esse. Estamos muito felizes em poder proporcionar isso para elas”, contou.
O primeiro dia do festival foi marcado por debates sobre influência, liderança e propósito. No painel “Conexões que Inspiram: De Influência a Impacto!”, Luiza Helena Trajano, Mari Saad e Paola Deodoro falaram sobre o poder da empatia e da colaboração. Já nesse primeiro painel fomos lembrados sobre a importância de construir uma boa comunidade antes do produto, porque é a partir daí que vem o sucesso da sua marca. “Comunidade é mais do que número. É o ativo mais difícil de replicar e o que mais sustenta um negócio a longo prazo”, diz Mari Saad.
A comunicação é um dos principais pilares para fazer qualquer relação funcionar, seja no ambiente profissional ou pessoal. Muitas vezes, enviamos uma mensagem ou dizemos algo para alguém acreditando que estamos sendo completamente compreendidos, quando na realidade, aquilo causou um grande ruído. Por isso, quando você precisa se comunicar com o outro, não é só sobre passar a informação, precisa deixar que a mensagem seja clara e compreendida com facilidade. “Comunicação não é o que você fala, é o que o outro entende”, explica Luiza.

Ao falarem sobre liderança feminina, Luiza Helena Trajano, mãe de Ana Luiza, Frederico e Luciana, comentou que de alguns anos para cá, as mulheres tem ocupado outra posição no mercado, inclusive chegando a cargos de chefia e mostrando que liderar também é abrir caminhos e oportunidades para outras mulheres crescerem. “Líder é aquela pessoa que leva os outros mais longe de onde eles acreditam que podem chegar”, comentou a empresária.
Atrações especiais que encantaram o público
Durante o Festival RME, a Praça Clarice Lispector foi palco de diversas apresentações culturais que trouxeram ainda mais energia e emoção ao evento. Entre os destaques, o público se encantou com a apresentação especial do grupo As Divas da Ópera Coral Mesquitas, que levou ao espaço uma performance envolvente, unindo técnica vocal, potência e sensibilidade artística.
A animação continuou com a aula de Dança Afro ministrada pela professora Tainara Cerqueira, que fez todo mundo se levantar e entrar no ritmo. O som de diferentes instrumentos, os movimentos contagiaram o público e transformou a praça em um grande palco de celebração à cultura.
Cuidar de si também é parte do negócio
A Estação Conexão ficou lotada para acompanhar a palestra de Izabella Camargo, “Quando o corpo pede pausa: burnout na vida empreendedora”. A comunicadora abordou a importância de reconhecer os sinais de esgotamento físico e emocional, especialmente entre mulheres que conciliam múltiplas funções no dia a dia.

Durante o encontro, Izabella trouxe reflexões sobre a necessidade de respeitar os próprios limites e buscar um ritmo mais sustentável de trabalho. A conversa inspirou o público a repensar a relação com o tempo, o descanso e o autocuidado dentro da jornada empreendedora.
Pesquisas que impulsionam o futuro dos negócios
Na Estação Futuro, Taynara Alves, Larissa Bonfim, Isa Barros e Jeni Shih compartilharam suas visões sobre as soluções no mercado a partir de pesquisas e inovações. O painel destacou o papel essencial do conhecimento e da investigação para o desenvolvimento de ideias transformadoras e negócios mais competitivos.
As palestrantes reforçaram como a pesquisa aplicada pode orientar decisões estratégicas e abrir novas oportunidades, especialmente para empreendedoras que buscam diferenciação no mercado. A troca de experiências inspirou o público a enxergar a inovação como um processo contínuo de aprendizado e evolução.
Empreender entre fraldas, reuniões e sonhos
Na Estação Conexão, Rosyane Silva, Michelle Levy Terni, Fê Lopes e Egnalda Côrtes participaram do painel “Maternidade sem pausa: empreender na rotina que não desacelera”. As convidadas trouxeram reflexões muito relevantes sobre os desafios e as conquistas de conciliar o empreendedorismo com a maternidade, uma jornada marcada por força, criatividade e resiliência.
Durante o bate-papo, as participantes ressaltaram a importância de uma rede de apoio sólida e de políticas que valorizem o tempo e o trabalho das mães empreendedoras. A conversa mostrou que, mesmo diante da rotina intensa, é possível construir negócios de impacto sem abrir mão do cuidado e da presença na vida dos filhos.
Troca de experiências e escuta personalizada
Além de tudo que as participantes aprenderam com as trocas das conversas, elas também puderam contar com mentorias especializadas para atendimentos individuais, um espaço voltado para tirar dúvidas, receber orientações e pensar estratégias personalizadas para os seus negócios. A proposta foi criar momentos de troca mais próximos, com foco nas demandas reais de cada empreendedora.

Essas mentorias foram uma oportunidade valiosa de aprendizado prático, permitindo que cada mulher saísse do encontro com novas ideias que fossem possíveis de aplicar em seus negócios ou vida pessoal e direcionamento profissional. Mais do que conselhos, foi um momento de escuta e acolhimento.
Sustentabilidade e propósito como pilares de um novo futuro
O tema da sustentabilidade teve destaque no painel “Vozes que Semeiam o Amanhã: Lideranças Femininas pelo Futuro da Terra”, que reuniu Fe Cortez, Alice Pataxó e Gleici Damasceno em uma conversa sobre o papel das lideranças femininas na construção de um futuro mais consciente. A discussão destacou a urgência de adotar modelos de negócios regenerativos e inovadores, capazes de equilibrar desenvolvimento e cuidado com o planeta. Fundadora do movimento Menos 1 Lixo, Fe Cortez compartilhou como sua trajetória no ativismo ambiental nasceu de inquietações pessoais e da vontade de transformar informação em ação. Ao longo de sua fala, ela reforçou que o empreendedorismo pode ser uma ferramenta de transformação coletiva e que não há futuro possível sem respeito à Terra e à conexão com a natureza.

Entre bastidores e propósito, o segundo dia trouxe reflexões sobre bem-estar
Marcado por conversas sobre empreendedorismo com propósito e saúde mental, o segundo dia do Festival RME teve a participação de nomes incríveis, como Vinicius Andrade, Preta Chic e Íris Valiatti, do Boca Rosa Academy, no painel “Entre Bastidores e Vitrines: A Arte de Empreender com Propósito”. Juntos, eles compartilharam vivências sobre o poder das redes de apoio, aprendizados e momentos de vulnerabilidade.
Quando uma mulher com filhos decide começar a empreender, a rede de apoio conta muito, sendo um dos principais fatores para o sucesso desse negócio. Elas promovem trocas de experiência, parcerias e até oportunidades financeiras, mas também funcionam como uma base emocional para lidar com a sobrecarga e a solidão que o empreendedorismo pode trazer. “Só fui me reconhecer como empreendedora depois de participar do Boca Rosa Academy”, contou Preta Chic. “Antes eu tentava fazer tudo sozinha, sem direcionamento. A mentoria traz paz para a empreendedora, porque ninguém faz a chave virar sozinha. Rede de apoio é essencial.”
O Boca Rosa Academy é um projeto social criado por Bianca Andrade, mãe de Cris, com o objetivo de fortalecer o empreendedorismo feminino em comunidades periféricas. O programa oferece capacitação gratuita em gestão financeira, marketing digital e rotinas administrativas, além de trabalhar com inteligência emocional e fortalecimento pessoal. Íris Valiatti também comentou sobre sobre como o projeto vai além de finanças e ensinamentos sobre gestão de negócios: “Muitas dessas mulheres só queriam ser ouvidas. São pretas, periféricas, e têm um emocional que precisa ser acolhido. A gente não cresce sozinha, precisa aprender a delegar e confiar”.
A 14° edição do Festival RME se despediu do público com uma mensagem bem importante: empreender vai muito além de abrir um negócio. Para fazer esse projeto dar certo, é necessário ter trocas de experiências e se apoiar dentro da comunidade. Com debates sobre inspirações e lideranças femininas, sustentabilidade, propósito, saúde mental e redes de apoio, o evento mostrou como mulheres conectadas podem gerar impacto positivo para suas comunidades. Encerrando dois dias de imersão, o sentimento geral foi de fortalecimento coletivo. Como disse Ana Fontes: “Empreender é um ato de coragem, mas também de comunidade. Quando mulheres se conectam, o impacto é transformador, para os negócios, para a sociedade e para o futuro.”










