Um homem de 49 anos suspeito de manter a esposa em cárcere privado foi preso em flagrante nesta quarta-feira, 8 de julho, em Campo Grande. A prisão aconteceu depois o filho do casal fotografou e enviou um bilhete escrito pela mãe, de 46 anos, à Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) Oeste.
A delegada Mônica Areal contou ao G1 que, no bilhete, a vítima dizia estar sofrendo agressões físicas e violência psicológica durante oito anos. A rotina de tortura impressionou até a própria delegada responsável pelo caso. “Ele fica o tempo todo atrás de mim, vendo o que faço e me ameaçando”, diz uma parte da carta divulgada.
No bilhete, ela conta também que ela não podia sair de casa sozinha, não podia receber amigos em casa e só usava o celular quando estava ao lado do marido, com ele monitorando até o tempo de duração das ligações. O homem vai responder pelo crime de cárcere privado, que tem pena de dois a cinco anos de prisão. O suspeito já foi encaminhado ao sistema penitenciário.
A mulher deverá ser ouvida pela delegada ainda nesta quinta-feira, 9 de julho, e revelar detalhes sobre o tratamento agressivo que ela recebia do marido. “Ela estava muito nervosa, e mal conseguia falar. Contou que tentou fugir, mas não conseguiu. Procurou a delegacia, mas não conseguiu formalizar a queixa. Ela vivia tão oprimida, tão dominada pelo marido que, no momento da prisão, ficou quietinha, calada num canto da porta. Deu para perceber o nível de dominação que ele tinha sobre ela”, disse a delegada no documento divulgado pelo portal.
Ela também relatou que o filho do casal estava muito nervoso quando foi à Delegacia, levando a foto do bilhete no celular. Ele contou que a família estava desconfiada de que alguma coisa não estava normal entre o casal e, nas poucas vezes que conseguiu visitá-los, a mãe permanecia calada, num canto. No momento da prisão em flagrante, o suspeito não fez nenhum comentário sobre o assunto e nem resistiu à prisão.