A fisioterapeuta Elaine Sagiane conheceu a filha Viviane em uma consulta em uma instituição filantrópica onde orientava os alunos quando era professora universitária em Santos, litoral de São Paulo. Viviane nasceu com paralisia cerebral tetraespástica mista, uma complicação que afeta movimento, postura e fala, e Elaine a ajudava em umas terapias necessárias para o tratamento.
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“Quando comecei os atendimentos, ela tinha cerca de sete meses. Não me planejei para adotar, nem pensava em ter filhos”, lembra Elaine. As coincidências, no entanto, não pararam nas consultas. A mãe da fisioterapeuta era voluntária no lar adotivo onde Viviane morava. Por conta de tudo isso, a bebê passava os finais de semana na casa de Elaine para receber mais tratamentos.
Após um ano dessa rotina, uma juízadisse que era preciso colocar Viviane na fila para adoção. “Ela já estava com dois anos e nossa família, muito apegada. Então, fui ao fórum e sozinha, solicitei a adoção”, conta Elaine.
Depois de cinco meses, Elaine já estava com a guarda. A partir daí foram muitas visitas e entrevistas. “Um belo dia, o oficial de justiça bateu lá em casa e me deu a certidão. Foi uma felicidade!”
Hoje, a Vivi, como é carinhosamente chamada por amigos e familiares, está com 16 anos e a mãe com 47. “Sinto que foi a melhor escolha da minha vida. Me apaixono todos os dias. Ela é muito inteligente, embora tenha dificuldades de aprendizagem por fatores diversos. Aprendeu a falar no final do ano passado e está sendo incrível poder conhecê-la melhor”, conta a mãe emocionada.
Mesmo com esse amor “inexplicável”, a relação de Elaine e Vivi tem dificuldades. Além da rotina corrida, que inclui diversas consultas médicas e tratamentos por conta da paralisia, a mãe conta que teve vários episódios de depressão. “Me relacionei com uma pessoa por 10 anos, ele nunca concordou com a adoção, como muitas outras pessoas próximas”.
Diante de todas essas dificuldades, a psicóloga e psicanalista Lidia Levy, mãe de Daniel e Leila, comenta que os problemas estão presentes em todos os tipos de família e é preciso saber lidar com eles.
“Os pais devem que ter segurança na educação que estão dando ao filho e, principalmente na troca de afeto e no amor”, explica a especialista que também é professora PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) e membro da Associação Internacional de Psicanálise de Casal e Família.
E isso, Elaine e a família toda de Vivi tem de sobra. “Todos se adaptaram completamente às necessidades dela e a tratam com muito carinho e cuidado. É realmente lindo de ver. Essa menina nasceu mesmo pra ser muito amada!”
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