Gordon Hartman sentiu a falta de parques temáticos onde a filha, que tem autismo, pudesse brincar. Ele, então, decidiu construir um! Ele tinha acabado de sair da piscina nas férias com a família quando viu a filha, Morgan, 12 anos, tentando fazer amizade com algumas crianças que estavam brincando no local. As outras crianças, no entanto, saíram do lugar pouco tempo depois.
O pai acredita que as crianças não deram atenção à filha porque não sabiam como brincar com ela. Ele explicou que Morgan tem autismo e a compreensão cognitiva de uma criança de cinco anos. Depois disso, ele e a esposa decidiram buscar por lugares onde ela pudesse entrar em contato com outras crianças que também estivessem no espectro e que a entendessem melhor.
Os dois, então, começaram a perguntar a outros pais onde eles poderiam levar Morgan para brincar. Um lugar onde a filha se sentisse confortável e as outras crianças confortáveis para interagir com ela. Foi aí que perceberem que esse lugar não existia.
Foi aí que o pai decidiu dar o primeiro passo e, em 2007, começou a construir o parque. Ele trabalhava como promotor imobiliário e vendeu todos os negócios de construção de casas em 2005 para criar a Gordon Hartman Family Foundation, uma organização sem fins lucrativos que busca ajudar pessoas com deficiência. Foi aí que ele decidiu criar o primeiro parque temático ultra-acessível do mundo.
“Queríamos um parque temático onde todo mundo pudesse fazer de tudo, em que pessoas com ou sem necessidades especiais pudessem brincar”, disse ele, em entrevista à BBC. A partir daí, ele consultou médicos, terapeutas, pais e outras pessoas com e sem deficiências para entender como deveriam ser as instalações.
O parque foi inaugurado em 2010 custou US $ 34 milhões (R$ 194 milhões) e conta com roda gigante, playground de aventura, trenzinho, carrossel, parque aquático e vários outros brinquedos totalmente acessíveis. O nome do local não poderia ser outro: Morgan’s Wonderland, que em tradução livre significa “País das Maravilhas de Morgan”.
Desde que foi inaugurado, o parque já recebeu mais de 1 milhão de visitantes de 67 países e de todos os 50 estados americanos. Muito além de um lugar para pessoas com deficiência se divertir, Gorgon também quis dar oportunidades de trabalho à elas. Hoje, mais de 1/3 dos trabalhadores do parque tem alguma deficiência. Além disso, o ingresso de entrada para qualquer visitante PCD é gratuito!
Hoje, o pai conta que 3 em cada 4 visitantes não tem necessidades especiais, mas era justamente isso que ele gostaria de alcançar: um lugar inclusivo, onde todos pudessem conviver e se divertir em harmonia. “Ajuda as pessoas a entenderem que, embora sejamos diferentes, somos todos iguais”, completou ele.
Apesar dos pedidos, Gordon não pretende abrir outros parques como esse. Em vez disso, ele pretende ajudar outras organizações que querem construir algo parecido. “Sei que existem muitas organizações tentando construir algo como Morgan’s Wonderland em outros lugares e vamos seguir trabalhando com elas”, disse.
Como inspiração para o nome do parque, Morgan é como uma celebridade no local. “Quando ela vem aqui é como uma estrela do rock! Muitas pessoas querem falar com ela e tirar uma foto. Ela é muito boa nisso”, conta Hartman sobre a filha.