Na segunda-feira, 29 de janeiro, a equipe da influenciadora digital Karine Carrijo, de 28 anos de idade, compartilhou um comunicado informando que ela perdeu o primeiro filho, Levi. A mãe estava grávida de 38 semanas, e tinha ido no domingo à maternidade para dar à luz.
Na terça, ela publicou um vídeo. “Sei que tem muitas pessoas esperando notícias da gente, mandando mensagem, não to conseguindo ler o que estão mandando porque eu não quero nesse momento, mas escrevi uma carta pro Levi ontem e eu quero compartilhar com vocês”, contou.
Karine leu a mensagem. “Carta pro meu ‘anjinho’ Levi: seu coração parou de bater em mim neste domingo, e parte do meu também. Você não sabe o quanto eu e o ‘papai’ orávamos por você todas as noites, as pessoas sempre nos diziam: ‘cuidar de bebê é tão difícil, sua vida vai mudar, chora muito, tem que trocar fralda de 3 em 3 horas, ele acorda pra mamar'”, começou.
Ela, então, desabafou. “Mas sabe o que é difícil? Ter que fazer um parto e não ouvir nenhum choro, saber que eu nunca vou saber se seu nariz era da ‘mamãe’ ou do ‘papai’, se você era mesmo careca, ou não, é saber que você nunca vai vir pro meu colo e eu nunca vou saber qual é o seu ‘cheirinho’, nunca vou ver o seu primeiro dente, nunca vou te levar na escola”, disse chorando.
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A influenciadora continuou. “Sabe o que dói mais do que o parto? Ter leite pra te amamentar e ter que tomar remédio pra secar o meu leite, porque eu nunca vou te dar um ‘tetê’. Domingo falei pros seus ‘irmãozinhos’ que a gente ia voltar hoje e, eu realmente vou, mas você ficou na maternidade. Não sei o propósito de Deus pra isso, mas sei que ele sabe da minha dor, porque ele também perdeu o filho pra salvar todos nós”, afirmou.
A mãe se declarou para o bebê. “Levi, meu filho, você mudou tanto a minha vida, me deu os melhores 9 meses. Eu te amo tanto… Gente, cuidem dos filhos de vocês, parem de reclamar de bagunça, de brinquedo pela casa, de acordar de 3 em 3 horas porque é o que eu mais queria na minha vida”, abriu o coração.
Karine concluiu. “Não sei o plano de Deus pra isso, mas entrego e eu confio no nome dele, eu vou ficar um tempo fora, mas em breve eu tento vir aqui com uma vida nova em Deus. A minha vida sempre foi de recomeços e eu acredito que Deus mais uma vez vai me dar forças pra eu recomeçar”, finalizou.
A Pais&Filhos espera que ela e a família tenham muita força num momento tão difícil como esse, a maior dor que uma mulher pode sentir.
Luto gestacional
*Com apuração de Ariella Medeiros
Quando uma mulher que sonha em ser mãe descobre a gravidez, ela passa a se sentir uma no momento do positivo. Então, criam-se os sonhos, expectativas, dúvidas e medos. Quando um aborto espontâneo acontece, a perda deixa marcas profundas emocionalmente, e logo se instala o sentimento de culpa.
O que é o luto gestacional?
Mesmo na barriga, o vínculo com o bebê já começa a ser construído, além de ser fortalecido pelas mais diversas expectativas envolvidas. Quando esses sonhos deixam de acontecer após uma perda, a família passa a viver o luto gestacional, que é o sentimento após a morte do bebê, independentemente da idade gestacional. “Esse trauma pode trazer sintomas ansiosos, depressivos, fóbicos, dentre outros”, conta o especialista.
Viva o luto no seu tempo
A família e, principalmente, a mãe vivem um momento traumático com conflitos, sejam internos ou externos. Durante a gravidez, a sensação de que existe uma vida passa a acontecer pela alteração hormonal e também anatômica de uma gestação, mas quando isso deixa de acontecer, o sentimento de culpa, ter falhado, ou de poder ter feito algo de diferente podem acontecer.
Daniell reforça que é importante viver o luto e procurar um especialista sempre que necessário. “Então viver o luto, mesmo que seja confuso, é necessário para se ter seu próprio tempo, criar forças, resolves conflitos e tomar qualquer decisão que seja para o seu futuro. Pensar principalmente em respeitar-se, podem não desejar mais ter filhos, adiar por algum tempo a nova gestação ou tentar rapidamente uma nova gestação. Sempre deixo o esclarecimento de buscar acompanhamento médico regular e, se precisar, um suporte psicológico e/ou psiquiátrico”.
Ter uma rede de apoio faz toda a diferença
Para passar por esse processo, ter uma rede de apoio e alguém com quem possa contar faz toda a diferença. É importante ser acolhida, ouvida, encorajada e principalmente amada. O psiquiatra lista algumas frases para não dizer durante este momento e ainda como você pode ajudar alguém que passou por isso.
“É preciso se colocar no sentido de empatia, tentar pensar no lugar do outro e tentar entender esse sofrimento. O suporte familiar nesse momento é essencial. Trazer segurança em saber que estão ao lado, de não tentar forçar uma naturalidade, compreender o momento de confusão dos pensamentos. Não trazer a ideia de “ainda bem que estava na barriga”, de “ainda bem que foi cedo e você não viu”, “não conheceu”, em “breve vocês podem fazer outro de novo”, “na próxima procure um médico”. Palpites que possam trazer sentimentos de culpa nesse momento são totalmente desnecessários”.
Permita-se sentir
Apesar do momento delicado, Daniell Lafayette explica que cada mulher tem o seu tempo e jeitos diferentes para lidar com o luto. “Sinta seus sentimentos e respeite-se. Chore o que há de chorar, grite o que há de gritar. Esse tempo é sim um LUTO. Às mulheres, principalmente, tenho a dizer: não se sinta culpada, não permita alguém a fazer sentir-se culpada, você não será uma mãe ruim ou fraca e não necessariamente irá perder uma nova gestação. Tenha seu tempo para decidir. Ao casal, tenham um bom seguimento médico, cuide de sua saúde como um todo (corpo, mente, sexualidade…). Aos parceiros(as), principalmente aos homens cis, vocês ficam grávidos, não apenas a mãe, tenha responsabilidade e maturidade”, conclui.