Mayara Aline Braga, hoje com 29 anos, carrega em sua história um capítulo dol0roso que começou aos 12 anos. Vítim4 de abus0s s3xuais cometidos pelo próprio pai, Marco Aurélio Leonel da Silva, ela enfrentou uma realidade s0mbria por quase cinco anos.
A infância de Mayara foi interrompida no momento em que os abus0s começaram, logo após a sua primeira m3nstruação. Criada sob a crença distorcida de que o comportamento do pai era normal, ela foi condicionada a aceitar os abus0s como parte de sua rotina. “Ele dizia que o primeiro homem na vida de uma menina deveria ser o pai”, lembra Mayara, refletindo sobre a manipulação psicológica que sofreu.
Os abus0s resultaram em uma gravidez aos 16 anos, ponto de virada na vida da jovem, que até então se sentia impotente. Foi a gestação de sua filha que lhe deu forças para se opor ao pai e iniciar um caminho em direção à recuperação e à busca por justiça.
Apesar dos desafios enfrentados durante a gravidez, incluindo tentativas de ab0rto forçado pelo pai e vi0lência psicológica, Mayara conseguiu dar à luz sua filha. O registro da criança pelo marido atual de Mayara não apaga o fato de que o pai biológico é também o avô, um lembrete permanente das circunstâncias tr4umáticas que cercam seu nascimento.
Vivendo com as cicatrizes emocionais dos abus0s, Mayara revela as complexidades de lidar com a vi0lência doméstica e s3xual dentro do próprio lar. Seu relato destaca a cru3l realidade enfrentada por muitas vítim4s: o medo, a manipulação e a culpa impostos pelos abus4dores. Ela denunciou seu pai à Polícia Civil em 2021, um ato de coragem motivado pela necessidade de proteger outras possíveis vítim4s e pela esperança de ver a justiça ser feita.
Em sua jornada rumo à recuperação, Mayara encontrou apoio no projeto Empoderadas, onde recebeu auxílio psicológico e jurídico. O projeto também lhe ofereceu oportunidades para se profissionalizar na área da estética, um sonho que ela nutria desde jovem.
Hoje, Mayara dedica-se a compartilhar sua história para encorajar outras vítimas a não se calarem diante do abus0. Ela enfatiza a importância da conscientização e da educação para prevenir a vi0lência s3xual contra crianças e adolescentes. A campanha do Maio Laranja é citada por ela como um exemplo de iniciativa vital para trazer visibilidade ao tema e proteger os mais vulneráveis.
Abus0 s3xual infantil: veja como ensinar seu filho a se proteger e denunciar os casos
Não é de hoje que a vi0lência s3xual é um assunto que deve ser colocado em pauta: sempre existiu, mas antes as histórias ficavam escondidas entre quatro paredes ou eram abafadas pela família. O abus0 s3xual infantil acontece e é mais frequente do que se imagina – por isso precisamos falar sobre o assunto com urgência. O dia 18 de maio, é comemorado o Dia Nacional de Enfrentamento ao Abus0 e à Expl0ração S3xual de Crianças e Adolescentes e a gente está aqui para fortalecer essa missão.
O caso da menina de 10 anos que engravidou após ser estupr4da pelo próprio tio é a prova que a vi0lência s3xual infantil pode vir de qualquer lugar — e é isso que mais assusta. São casos h0rríveis que podem envolver desde desconhecidos até pais, padrastos, professores e líderes religiosos. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, diariamente, são notificadas no Brasil, em média, 233 agressões de diferentes tipos (física, psicológica e t0rtura) contra crianças e adolescentes com idade até 19 anos.